terça-feira, julho 3

Quanta água!

Aos 17 anos, fui morar num pensionato em Bauru para fazer o terceiro colegial. Minha irmã, de 16, já morava lá. Mesmo assim, eu chorava de saudades de casa – distante cerca de 150 km. A cada 15 dias, ia para a casa dos meus pais.

No início do ano seguinte, meu irmão me trouxe a Londrina para prestar vestibular. Fiquei na república da Isa, da minha cidade, e que também ia fazer vestibular. Quando ele virou as costas e me deixou sozinha, me pus a chorar. Já na universidade, adorei Londrina e nem chorava mais de saudades. As idas para a casa dos meus pais eram mais espaçadas.

Sete anos depois, fui pra São Paulo trabalhar num grande jornal. Era um sonho. Mas toda noite, quando voltava pra casa, eu me debulhava em lágrimas. O apartamento ainda não tinha telefone. Eu descia à rua Jaguaribe para ligar de orelhão. E chorava.

Uma noite, a caminho da casa de uma amiga de infância, contei pro taxista que tinha saudades de Londrina. E caí no choro. Ele me aconselhou a voltar, o que acabei fazendo meses depois.

Aí passou muito tempo. Meu filho nasceu, cresceu. Vieram amores. Sumiram amores. E eu decidi me mudar pra Brasília. Enquanto ainda não tinha telefone, falava com minha mãe pelo orelhão. E chorava. Chorei meses. Até que voltei pra Londrina. Será que é impossível desvencilhar-se de Londrina a seco?

Um comentário:

Cristiana Soares disse...

Ótimo texto!

Mas a pergunta certa para vc é: "Será que é impossível se desvencilhar de Londrina??

Hehehe...