quinta-feira, maio 14

O desconhecido

(Imagem em: http://comocontrolarereduzircustos.files.wordpress.com/2009/02/labirinto.jpg)
Quando ouço alguém descrever algum lugar longínquo e que provavelmente eu nunca vou conhecer, fico imaginando o quanto de lindeza existe no mundo e que eu nunca nunca vou ver. Uma amiga que morou na França uma vez me contou de Toulouse, que é uma cidade linda, com telhados vermelhos, e eu nunca esqueci isso. Toulouse não é um lugarejo perdido no mundo, é um ponto turístico, quem sabe até um dia eu possa conhecer. Mas existem inúmeros outros lugares lindos e charmosos e bucólicos e exuberantes dos quais nunca ouvi falar e nunca vou conhecer porque o mundo é muito grande e a vida é muito curta – assim como o dinheiro que poderia me levar a vários lugares.

E mesmo que eu fosse riquíssima e desde muito criança viajasse todos os dias da minha vida ainda assim eu nunca descobriria todos os encantos de construções e mares e rios e vielas e vegetações e areias e cachoeiras e de tudo belo que há.

Assim também acontece com as pessoas. Existem muitas pessoas legais e interessantes e inteligentes e espirituosas e bem-humoradas em todos esses lugares que nunca conhecerei. Não conhecerei nem os lugares nem as pessoas que os habitam ou que passeiam por lá. E são pessoas com as quais passaria horas e dias conversando e rindo porque têm muitas histórias para contar. E eu ia me divertir e me emocionar ao lado dessas pessoas.

Eu já morei em 10 cidades diferentes – sem falar na cidade onde nasci porque lá é o único lugar em que não conheci ninguém porque eu saí de lá quando ainda era muito pequena – e em todas elas conheci ao menos uma pessoa legal. Em Brasília eu trabalhei num lugar onde havia o maior número de pessoas legais por metro quadrado que eu já vi em todas as minhas andanças. E só por isso valeu a pena morar em Brasília.

E eu nem vou entrar no mérito das obras produzidas pelo homem e que apenas uma única vida não me permite conhecer, como as artes plásticas, as músicas, os livros. E aí eu penso que tudo é mais desconhecido do que conhecido. E penso que eu também sou assim: deve haver em mim mais coisas que desconheço do que as que conheço sobre mim mesma.