terça-feira, maio 31

O Sol

O Sol da manhã faz brotar espinhos na minha cama. Preciso ver o que o dia vai me aprontar!

Após o almoço, o Sol é sonífero!

E quando a Luz se põe no final do dia, meu corpo desacelera, entra em contagem regressiva até que a escuridão me conduza a Morfeu!

Meia palavra basta?

Não sou boa entendedora. Não quero meias palavras, quero-as inteiras. Talvez seja arriscado demais deixar que eu termine a frase. Posso inverter o sentido; posso entender muito bem que você não vive sem mim!

quinta-feira, maio 26

Eu assobio... tu assobias...

Tem um menino já crescido que quer aprender a assobiar. Eu tentei ensiná-lo, mas nem tudo a gente consegue. Lembro de três conquistas minhas quando criança: assobiar, fazer bola de chiclé e andar de bicicleta. Assobiar e fazer bola de chiclé tem um processo parecido porque tem que assoprar até fazer som ou encher a goma.

Quando a minha avó paterna me ouvia assobiar ela perguntava: – Quem é o Joãozinho que está assobiando? Eu achava engraçado e dizia que era eu, sem me tocar que ela estava me explicando que assobiar era coisa de menino. Eu não entendia ou fingia não entender.

Na adolescência, lembro que uma vez o inspetor da escola chamou a minha atenção porque eu subi as escadas assobiando. Mais uma vez não entendi. Mal sabia ele que uma de minhas frustrações é não saber fazer aquele assobio estridente, comum entre os moleques, que colocam os dedos na boca.

Meu pai sempre teve um assobio característico que nós conhecíamos de longe. Quando ele estava chegando do trabalho, ele assobiava lá da rua e nós corríamos ao encontro dele. Pena que este texto não tem som, se não eu reproduziria aqui o assobio.

Da próxima vez que eu encontrá-lo, vou pedir para ele assobiar aquele assobio! Acho que ando precisando assobiar mais... Quem sabe o menino aprende!

segunda-feira, maio 2

A paciência que eu não tenho

Minha impaciência é um monstro que tento domar todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos. Um monstro que devora e apavora.
Todas as manhãs eu faço um pacto comigo mesma para ter paciência. E nas horas que se sucedem, é um constante quebrar e repactuar minha intenção.

À espera do elevador, minha resignação pode ser confundida com paciência quando na verdade é apenas uma letargia mental por causa do sono. Diante dos primeiros segundos de lentidão do carro à minha frente para arrancar no sinal verde, o monstro já ruge dentro de mim. Se ele pudesse devoraria todos os motoristas lentos, e todos os motoqueiros apressados.

Com uma patada, o monstro derrubaria todos os participantes de reuniões intermináveis que insistem em esclarecer pontos já esclarecidos ou em entabular dúvidas já entabuladas. Com um sopro o monstro entorpeceria todos aqueles que exigem de mim um suspiro longo, mas disfarçado, de quem tenta atropelar tudo e fazer tudo no tempo que eu gostaria e não no tempo normal das coisas.

Esse monstro às vezes me transforma em monstra. Ainda bem que eu sei que ele está ali e fico feliz quando consigo domá-lo - é uma conquista contínua - porque já me disseram que quando você vence um defeito, você adquire a virtude oposta. E eu fico admirada quando vejo a paciência que eu tenho.