quinta-feira, abril 17

De novo, o futebol


Ilustração do design gráfico Paulo Jales (http://paulojales.wordpress.com)

Os homens sempre reclamam que é difícil entender as mulheres. Pois eu digo que difícil mesmo é entender de futebol. E acho até que eles não nos entendem porque gastam seus neurônios para entender as peripécias da bola, dos pés e a confusão dos campeonatos.

De vez em quando eu peço alguma informação para o meu filho sobre o Palmeiras, sobre o seu desempenho no campeonato para eu não ser assim tão ignorante sobre o meu time. Mas ele já desistiu e disse que não vai falar mais nada.

A queixa dele é que como eu não entendo nada não adianta passar informação. Porque aí fica uma explicação sem fim, e ele se cansa.

Hoje a confusão foi sobre os campeonatos. Na hora do almoço, ele falou que não sabia o resultado do jogo do Corinthians de ontem porque foi dormir cedo. E que até um amigo dele que é corintiano também não sabia.

Então, a entendida aqui tascou:
- Nossa, coitado do Corinthians, só porque está na segunda divisão ninguém nem acompanha mais os resultados...

Meu filho explicou que o jogo de ontem não tinha nada a ver com a segunda divisão.

Aí eu, que sei que o Palmeiras está na final do Paulistão e que vai ganhar domingo contra o São Paulo, fui além:
- Ah, ontem foi jogo do Paulistão, né?

Ele se desespera:
- Ai, mãe, nada a ver. É Copa do Brasil!

- Ah, e Copa do Brasil não tem segunda divisão?

- Não, mãe.

- Então, até o time do Londrina pode participar?

- Vai depender do resultado do campeonato estadual. Depende da classificação no campeonato...

- Ué, mas o campeonato paulista nem acabou, como é que já começou a Copa do Brasil?

- Mãe, é com o resultado do ano passado!

Ou seja, definitivamente é difícil de entender porque eles fazem tantos campeonatos desse jeito. Para facilitar a compreensão das mulheres, eles deviam fazer um único apenas.

Imagino que eles fazem vários porque querem ver jogos o ano inteiro. Então, um único campeonato começaria em janeiro e o resultado só sairia em dezembro. E todo mundo jogaria com todo mundo, quantas vezes eles achassem necessário.

Assim, quando a gente quisesse uma informação sobre o resultado de um jogo saberia sempre que se trata de um único campeonato. Porque no fundo eu só quero saber se o Palmeiras ganhou, perdeu ou se está na frente.

terça-feira, abril 15

A Espiã e A Vida dos Outros

No último mês, assisti a dois filmes que me fizeram pensar sobre o indivíduo e suas ações dentro do coletivo.

Vi os dois no cinema (aqui em Londrina, tudo vem com atraso), mas já deve ter em dvd. Primeiro, A Espiã, do diretor holandês Paul Verhoeven. A história se passa na Segunda Guerra Mundial. Depois de sobreviver a um ataque de uma patrulha alemã, que matou toda sua família, uma cantora judia se junta a um grupo da Resistência. Para se infiltrar na Gestapo, atrás de informações, acaba se envolvendo com um oficial alemão (Ele é lindo. Não é um alemão loiro. E eu prefiro os morenos). O ator é Sebastian Koch.

Pois bem. O tal do alemão age de forma ética, dentro do possível. É claro que o filme não mostra o currículo que o credenciou a ocupar o seu posto. E como ele e a mocinha passam a se amar de verdade, é inevitável não torcer para que os dois fiquem juntos. Eu até fiquei achando que o filme é marmelada porque como é que pode um nazista ser “do bem”?

Depois, vi A vida dos outros, produção alemã que levou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007. É um retrato de um tempo mais recente. Década de 1980. Alemanha Oriental. Agora, os vilões são os comunistas.

Um agente do serviço secreto alemão passa a vigiar a casa de um dramaturgo para saber se ele é um traidor das idéias do regime. Há escutas por toda a casa, onde ele vive com a companheira, uma atriz de teatro. (Não é que o dramaturgo é o mesmo lindo Sebastian Koch?)

O agente secreto é um solitário. Sua vida é servir o governo, o que ele faz com muita eficiência.No entanto, ao acompanhar a vida do casal, acaba se comovendo com a história dos dois. Ele é testemunha do romance e também da corrupção dos dirigentes comunistas. A uma certa altura, passa a proteger o casal. Eu não vou contar o fim do filme.

A Vida dos Outros é muito superior ao filme A Espiã. É mais sensível. Os dois mostram indivíduos inseridos em governos autoritários, e a serviço desses regimes, mas em determinado ponto agem de acordo com suas consciências.

Nenhum dos dois personagens é herói, até porque nas duas histórias está próxima a derrocada tanto do Nazismo como do comunismo alemão.

Então não é possível saber de que forma se daria um rompimento deles com os sistemas que passam a condenar. De qualquer forma as histórias me fizeram pensar sobre as nossas atitudes cotidianas e a capacidade do ser humano de fazer a diferença em seus atos individuais, esteja onde estiver.