domingo, novembro 6

Em defesa do SUS

Aproveito a deixa da campanha de mau gosto em torno do tratamento do ex-presidente Lula para fazer uma defesa do Sistema Único de Saúde do Brasil. Já fui achincalhada por fazer isso num churrasco entre amigos há alguns meses. Acredito que o SUS presta um excelente serviço de saúde pública. 25% da população brasileira tem plano de saúde, do que se deduz que cerca de 70% usam o serviço público de saúde (imagino que o percentual de quem paga suas consultas particulares deva ser mínimo). Ou seja, o Estado brasileiro atende 70% de sua população gratuitamente. E presta um bom serviço. Há reclamações de mau atendimento, de longa espera para atendimento de especialidades e de várias situações críticas que são reais. A saúde pública pode melhorar – e muito. Mas a qualidade da rede particular – que atende ¼ da população – não é quatro vezes melhor. Eu já fui atendida por médicos no SUS e na rede particular. A consulta no SUS pode ser mais rápida porque a fila de espera é maior, mas eu já fui atendida em poucos minutos numa consulta particular. Em algumas especialidades na rede particular o tempo de espera por uma consulta também pode ser de meses. Duvido que um profissional atenda “pior” um paciente do SUS do que na sua clínica particular. E duvido também que um médico do SUS, diante de um paciente que requer maior tempo de exame, irá apressar o atendimento. Os médicos que são atenciosos e competentes estão tanto no SUS como na rede particular. Assim como os incompetentes. O Programa de Saúde da Família é excelente. Já ouvi vários relatos positivos de idosos atendidos por esse Programa. A mídia aponta erros – e deve continuar fazendo – mas existem muito mais acertos do que erros. Hospitais públicos são referência de excelência em todo o Brasil. Erros médicos existem tanto na esfera pública como na particular. É claro que temos que continuar exigindo a melhoria desses serviços, o aumento de atendimento de especialistas e a correta aplicação dos recursos para a saúde, mas tenho certeza de que se houvesse uma migração dos pacientes do SUS para a rede particular aí sim haveria um colapso na saúde no Brasil.