sábado, março 15

Viva 2008!


As notícias de deportações - ou seja lá que nome dão à proibição de estrangeiros circularem livremente - principalmente de brasileiros no aeroporto de Madri mostram que ainda estamos longe de exercer o direito de ir e vir no mundo. As fronteiras deveriam ser liberadas no mundo todo. Ora, cada um que vá aonde quiser e pelo motivo que quiser. Sem ter que ficar dando satisfação de sua vida.

É um absurdo que ao chegar num local alguém tenha que dizer a que veio (ou foi, né), se tem dinheiro, e onde vai ficar. E se eu quiser circular sem dinheiro por aí e ficar sem dormir, vagando de bar em bar, apenas porque quero?

Quando a pauta é o mercado, aí não pode ter fronteiras, nem regras muito rígidas, nem proteção aos produtos nacionais. Agora, se eu quiser baixar por lá, muda a conversa. Eu tenho que ter cartão de crédito, dinheiro, hospedagem já paga, endereço certo e uma carinha muito lindinha. E tenho que explicar direitinho o que eu pretendo fazer lá.

O tratamento de reciprocidade que os espanhóis começam a receber nos aeroportos brasileiros nos faz sentir um pouco melhor. Afinal, se eles nos humilham por lá, vamos humilhá-los por aqui - embora o tratamento por aqui seja bem melhor, os caras embarcam de volta apenas algumas horas depois que chegaram.

O governo brasileiro até conseguiu colocar essa questão na agenda dos espanhóis. Um acordo entre os dois países deverá amenizar por ora esta crise. Mas continuará em vigor a política européia de que nós só podemos entrar lá se faltar mão-de-obra para os serviços que eles não querem fazer. Se não, au revoir.