quarta-feira, dezembro 15

Os 103 anos de Niemeyer

Foto de Sérgio Lima/Folhapress
Antes que o dia termine, hoje Niemeyer completa 103 anos. No site do UOL, dá pra votar na obra favorita projetada pelo arquiteto. Eu gosto mais da Catedral de Brasília e gosto de ter morado lá só pra ter visto muitas vezes de perto algumas de suas obras.

sexta-feira, dezembro 10

Bits soltos pelo espaço

De novo do site http://punkjazz.tv/bologs/, de Mauro Dahmer

Depois de 7 anos no Congresso o PL 29 dificilmente será aprovado nesta legislatura e os telejornais estão fazendo um esforço danado para pressionar senadores e desinformar suas audiências. Para atender as Teles o governo liberou o mercado de TV à cabo aumentando ainda mais a barafunda mas provavelmente vamos continuar pagando caro por uma salada de canais sem muita graça. Não é à toa que o IBOPE cai… A estratégia da Mídia Clássica – usando a expressão de Caio Túlio Costa – foi acusar o governo de atacar a liberdade de imprensa e com isso conseguiram enrolar, além do peixe, até mesmo seus próprios jornalistas e leitores, deixando para Sarney – pergunte se ele é dono de televisão no Maranhão – o veredito final dos donos do bolicho. Nisso não se mexe neste ano! O caso é grave e devido à falta de informações termina provocando burrice. Tanto que um amigo publicitário quase me chamou de Chavista quando eu tentava explicar que na verdade nós é que vivíamos numa espécie de anacronismo cubano de poucas e mesmas empresas desde os anos 70 – apesar da revolução digital – e que isso era tão anticapitalista quanto uma única Telebrás vendendo telefones. Sem falar na bagunça de uma lei que nos obriga a pagar caro para zappear entre vendedores de tapetes persas e canais de religião … Putz! Lula é mais capitalista do que essa gente que só pensa em vender sabonetes!
Vale considerar que se mesmo tendo Hélio Costa como Ministro das Comunicações, a ABERT e a ANJ gastaram um estoque de paranoias gigante acusando o governo de disfarçar interesses autoritários, isso tende a funcionar menos com um Congresso mais independente e sem um ministro “da casa” no governo… Sei lá, pode estar acontecendo algo parecido com aquilo que aconteceu com a indústria fonográfica na década passada, que de tanto ver inimigos em todos os lados não conseguiu enxergar na web um transformação e desafio inevitável e desapareceu… Um cabo é apenas um cabo…

sexta-feira, dezembro 3

O fim do silêncio

“Não há silêncio que não termine” é o título do livro em que Ingrid Betancourt relata os quase sete anos em que ficou nas mãos das Farc, na selva colombiana. A brutalidade dos guerrilheiros, as condições desumanas na selva e a hostilidade de seus colegas no cativeiro, que chegavam a invejar o fato de Ingrid ser uma refém “ilustre”, são surpreendentes.

É admirável como essa mulher conseguiu manter a dignidade e sobreviver diante de tanta barbárie. Sua atitude de nunca se submeter irritava os guardas e os outros reféns, tão vítimas quanto ela. Ela nunca perdia de vista que estar ali, presa, era uma situação injusta contra a qual ela devia lutar o tempo todo. “Não sofri da Síndrome de Estocolmo”, diz, num dado momento. Mesmo sofrendo punições depois de ser recapturada em suas várias fugas, ela não deixava de arquitetar um modo de ser livre novamente.

Ingrid Betancourt relata o quanto procurava melhorar como ser humano e refletia o tempo todo para não se tornar um animal. Era constante o esforço dela em compreender os motivos das ações de cada um, mesmo daqueles que lhe faziam mal. Ela não se faz de vítima nem de heroína. É uma mulher que vê em cada situação um motivo para se tornar melhor, para se superar e continuar viva.

Não se pode ficar indiferente à narrativa. Há momentos em que vem um nó na garganta ou falta o ar só de imaginar a dor que a atinge, algumas vezes vem o riso por pequenas vitórias cotidianas e muitas vezes vem um sentimento de impotência e angústia por saber o quanto de crueldade existe. No capítulo em que ela narra sua liberação, não há como conter o choro. Apesar do final feliz, teria sido melhor se fosse apenas uma história de ficção.