segunda-feira, fevereiro 27

Laura vai à praia

Imagem: BOL (não consegui identificar o autor)
Da areia, observo a família que passa. À frente, dois homens carregam cadeiras, guarda-sol e outros apetrechos. Logo atrás, a menina de chapeuzinho rosa, com seus 3 ou 4 anos. Em seguida, as mulheres, mais um homem. A avó também está junto. A menina tenta alcançar os homens à frente. Com seus passinhos miúdos, não consegue. Solta algumas frases. Ninguém lhe dá ouvidos. Mal os homens baixam o acampamento, ela deixa o chinelinho e corre em direção ao mar, recuando um pouco da linha de concentração familiar. Embora ninguém lhe desse ouvidos, estão todos atentos e começam a chamar: Laura, Laura! Agora, é ela quem não lhes dá pelota! Pisa na areia molhada e pára. Me pergunto por que  escolhera este ponto mais afastado da família? A resposta está logo ali, a três metros de Laura: duas menininhas deitadas, de bruços, na beirinha do mar, vendo o movimento das ondas, que chegam mansinhas até elas. Laura faz de tudo pra ser vista. Quando o mar recua, ela avança para depois fugir correndo com movimentos graciosos. Ao longe, a família continua chamando Laura, que agora está concentrada em fazer novas amizades. Ali não há perigo. Até eu estou cuidando de Laura. Finalmente, as meninas a veem. Fico pensando se vão ignorá-la. Mas, não, crianças não ignoram crianças. Laura chega mais perto. Para se tornar uma delas, tira o chapéu. Num descuido, ela o molha no mar. Começam a brincar juntas. Logo, aparece o pai: Laura! Será um estraga-prazeres? Não, só quer o chapéu. Devagar, ele se distancia, torcendo aquele paninho rosa. As meninas se deitam, e Laura está bem no meio das duas. Pronto. Juntas, olham o mar, segurando o rosto com as mãozinhas. São as três melhores amigas.