domingo, outubro 21

Tropa de Elite

Caramba! Tropa de Elite é de arrebentar. Adorei o filme. Do começo ao fim. Depois do cinema, demorou um tempão pra baixar a adrenalina. O filme mostra o que acontece hoje no combate à criminalidade no Rio. É uma guerra. E cada um defende o seu. Não tem como ver o filme e não ficar pensando se existe alguma solução para a guerra entre traficantes e Polícia. Em violência, os dois lados são parecidos. O Wagner Moura arrebenta como Capitão Nascimento. Ele humaniza o policial. E isso é que é maluco. Você vê este outro lado. O dos caras que morrem de medo de subir o morro, que têm família, que ganham uma miséria. Mostra a bandidagem dentro da Polícia. E também que entre eles há quem seja honesto. Acredito que a única solução para acabar com essa guerra é liberar o uso de drogas. Usa quem quer. Afinal, ninguém deixa de usar drogas hoje porque é crime. Se não, não haveria o tráfico. Quem não usa não vai começar a usar só porque liberaram. Ou mesmo que haja um aumento no consumo, não significa que todos os usuários vão ficar dependentes. Isso já acontece com o álcool. Existem os dependentes – e é um caso de saúde pública. Mas nem todo mundo que bebe é dependente. Inclusive é uma minoria. O governo deveria liberar e investir em política de redução de danos. Lendo os comentários sobre o filme, eu desconfiava que era bom. Mas é muito bom.

sexta-feira, outubro 19

E o Flamengo, hein?


O Flamengo ganhou ontem por 2 a 1 não sei de quem. Foi o que ouvi no corredor assim que cheguei ao meu trabalho hoje de manhã. Eram dois colegas que tinham acabado de se encontrar. Um foi em direção ao outro e disse: E aí? O outro disse: 2 a 1 para o Flamengo. Ou seja, eles não falaram nem bom dia um para o outro. Só disseram o essencial. Eu nem tive coragem de falar bom dia para não desviar a atenção deles de um assunto tão imprescindível.

Fui pra minha sala pensando que realmente não tem jeito. Homem é mesmo movido a futebol. Eu nem sabia que o Flamengo tinha jogado e, se soubesse, já nem me lembraria do assunto. E a ninguém, a ninguém mesmo, passaria a idéia de me perguntar sobre esse tema.

Depois, almoçando na casa da minha irmã, meu cunhado dirige-se para o meu filho e pergunta: O Flamengo ganhou ontem, né? E meu filho: É, 2 a 1. E olhe que ontem nem era quarta-feira... Eu sei lá como este menino se informa sobre futebol na minha frente sem que eu perceba. Qual a importância de se saber sobre o resultado do jogo? Meu filho é palmeirense. Meu cunhado, corintiano. É bem provável que os dois colegas do trabalho também não sejam flamenguistas, mas desconfio de que todos os homens desse Brasil sabem que o Flamengo ganhou ontem de 2 a 1. Só por curiosidade, acabei de olhar rapidamente um dos inúmeros sites de notícias que ficam abertos no meu computador e descobri: foi do Vasco que o Flamengo ganhou. Ah, então tá bom... Agora já posso ficar tranqüila...

Isso me faz lembrar de outra história. Em janeiro de 2006, estávamos em oito mulheres e um homem num restaurante em Londrina. Estávamos jantando e tratando da organização de um evento. No restaurante havia uma tevê ligada em algum jogo de futebol. Não sei se era quarta-feira... Lá pelas tantas, meu amigo começou a rir e explicou: saiu um gol no jogo e ele virou-se imediatamente para a tevê, gesto repetido por todos os homens presentes no restaurante. Nenhuma de nós percebeu o que estava acontecendo. Nós só notamos que estava passando um jogo depois que ele disse isso. E depois dizem que nós somos mais atentas e detalhistas do que eles. Até acredito que sejamos mesmo, desde que o assunto não seja futebol.

Imagem do blog portuguës http://aveiroconnections.blogs.ca.ua.pt/index.php?paged=3

domingo, outubro 14

A andarilha

Eu estava num extremo da Benjamin Constant e precisava ir ao outro extremo. Sem carro. A moça ofereceu carona. Eu só precisava esperar um pouco. Mas minha angústia era grande. Caminhar me faria bem. E eu fui subindo a rua. 18 horas. Não é o melhor horário pra seguir pela Benjamin. A rua dos ônibus. Não havia ar puro pra respirar.

Mas caminhar era tudo o que eu precisava para tentar ordenar as idéias. E entendi um pouco os andarilhos. Aqueles homens que não param nunca. Que saem pela estrada caminhando, e nunca mais param.

Já li um post da Cris em que ela fala que chorar no chuveiro é ótimo. Para ela, a água tem poder curativo. Ela diz que, além do banho, lavar louças também ajuda. É como se as angústias fossem embora pelo ralo com a sujeira. No blog da Eliana, ela fala algo parecido: o banho serve para lavar a alma.

Tem gente que prefere afogar as mágoas no álcool. Eu nunca fui muito forte pra bebida. Já chorei muito no chuveiro. Mas, para mim, andar tem efeito terapêutico. Se eu tivesse um problema insolúvel, acho que nunca viraria alcólatra nem teria uma conta impagável na Sanepar: eu viraria andarilha.

Ia sair pelo mundo andando. Eu só ainda não virei andarilha porque geralmente quando saio a pé eu tenho um endereço certo pra chegar. Então, sem pensar muito, eu acabo chegando ao destino e paro. Mas se um dia eu sumir, dificilmente serei encontrada na mesa de um bar. Ou afogada na banheira. Vou é sair por aí, caminhando, sem destino.