quinta-feira, dezembro 29

A pomba no telhado

Olhei para o alto do telhado e vi uma pomba branca. Ficou ali um bom tempo, imóvel. Pensei que ela devia estar chocando algum ovo. Imaginei que era um bom local para botar ovos. Nem me lembrei de que a pomba branca é o símbolo da Paz. Com pensamentos bélicos, detestei a ideia do nascimento de muitas pombas que logo iriam sujar nossas cabeças. A pomba-mãe fora esperta. Naquela altura, estava protegida do Sol e das mãos humanas que quisessem interromper o ciclo de produção pombal. Suspirei, impotente. Esqueci o assunto. Quando me lembrava, tornava a erguer os olhos e lá estava ela, imóvel. Me conformei. Resolvi compartilhar minha preocupação. Mostrei para os que estavam perto. Eles riram e me disseram que aquilo ali não era uma pomba. Pus os óculos para conferir. Ri da minha miopia. Realmente não era uma pomba. Era um detalhe do telhado, que volta a ser pomba toda vez que tiro os óculos.

quinta-feira, dezembro 1

No supermercado

Devo confessar que de vez em quando acabo comprando aqueles produtos que as moças fazem demonstração nos supermercados porque fico com uma certa pena delas. Depende do meu grau de sensibilidade. Uma amiga me diz que não tem nada a ver, que elas recebem o salário delas independentemente de haver ou não aumento de venda do produto.

Sábado desses estava com o maior calor e a maior sede quando uma moça – elas sempre são gentis – me ofereceu um refrigerante sabor cola bem geladinho. Foi o encontro da sede com a vontade de beber. Como evito ter refrigerantes em casa, acabei comprando apenas uma caçulinha... Foi minha sorte porque alguns dias depois quando fui beber... uh! muito ruim. Só perde para o refrigerante Laranjinha que comprei no passado....

E aí lembrei uma vez que estava no supermercado com o Nícolas – não lembro quantos anos ele tinha, mas ele era pequeno – e no caixa pedi pra ele ir ao açougue devolver uma carne que eu não ia mais levar. Ele foi, voltou e disse: - Eu devolvi mas fiquei com dó do moço que trabalha lá...