quinta-feira, outubro 23

Um cafezinho


Sou tomadora de café e leitora assídua do site da BBC, mas agora estou ficando confusa. Em agosto de 2007, o site anunciou um estudo que afirma que a cafeína pode atrasar a deterioração mental em idosas. Segundo a matéria, o resultado da pesquisa foi melhor em mulheres que bebiam mais de três xícaras por dia. Diz o site: "O estudo, publicado na revista Neurology, levanta a possibilidade de que a cafeína pode até proteger contra o desenvolvimento de demência". Fiquei feliz com a notícia.

Em abril de 2008, fiquei ainda mais contente porque a BBC publicou texto sobre outro estudo, agora divulgado na revista científica Journal of Neuroinflammation, que dizia que a cafeína pode proteger o cérebro contra os danos causados por dietas ricas em colesterol e prevenir doenças como o mal de Alzheimer

Mas eis que a BBC noticiou hoje (23/10) uma pesquisa suíça, publicada na revista científica British Journal of Câncer, que sugere que o consumo de café em excesso pode provocar uma diminuição no tamanho dos seios de algumas mulheres. Essa diminuição ocorreria por conta de uma variação genética que atinge cerca 50% das mulheres e apenas entre aquelas que tomam três ou mais xícaras de café por dia e não usam pílulas anticoncepcionais.

Minha dúvida agora é escolher entre morrer demente ou de seios reduzidos...

domingo, outubro 12

Eleições



Os eleitores do belinati, de cujos princípios eu desconfio, vão me fazer agir contra um dos meus princípios: o de não votar no psdb.

* * *

O bom de ter um pai é que, quando você conta alguma dificuldade que está tendo em relação a seu filho, ele tem experiência suficiente (pelo menos multiplicada por sete, no caso do meu pai) pra te dizer que é só ter paciência que essa fase passa...

Vida de repórter 2


Eu não quero dar busca no google para saber com exatidão quando isso aconteceu. Eu era repórter de Economia, mas estava fazendo pauta para a editoria de Cidades – não lembro se foi numa época em que a Folha de Londrina inventou que os repórteres teriam que fazer rodízio entre as editorias – uma dessas idéias de jerico que não deram certo e tudo voltou como dantes.

Só sei que eu tinha que cobrir uma reunião de moradores com um juiz que analisava o caso da licitação para concessão do serviço de transporte coletivo na cidade. O prefeito (nem lembro quem era) queria renovar a concessão com a TCGL sem abrir licitação e a polêmica era grande. O tal juiz recebeu os moradores que reclamavam dos serviços da TCGL. Eram moradores simples. E o juiz começou a tratá-los com uma certa arrogância.

Lembro que se alguém falasse: “Ah, o meu ônibus está sempre lotado!”, o juiz interrompia e corrigia: “Ah, o ônibus é seu? Você então tem um ônibus?” Qualquer deslize na fala dos moradores era corrigido pelo juiz. Se alguém mais afoito cortasse a fala do juiz, ele chamava a atenção; no entanto, o próprio juiz interrompia a fala dos moradores. A um dado momento o juiz atendeu o telefone celular no meio da reunião. E eu ali, incomodada.

De repente, o magistrado pegou aquele objeto que abre carta e começou a limpar as unhas. Aí eu não agüentei. Fiz sinal para o fotógrafo – acho que era o Marinho – flagrar aquele momento. Saí da reunião indignada. Cheguei à redação e contei para o Rogério, que era o editor de Cidades, o que tinha acontecido. E ele disse para eu fazer um box com esse relato.

No dia seguinte, o jornal estampava uma foto enorme do juiz fazendo aquele gesto, de limpar as unhas, e com uma cara de enfado. E o meu box tinha o título: “Os maus modos do senhor juiz”, com a minha história.

Eu não sei se foi em função da matéria, mas alguns dias depois o juiz deixou o caso alegando se sentir impedido de continuar. Ele nunca reclamou da matéria, até porque tudo aconteceu na presença de muitas testemunhas. E eu nem guardei a página...

quarta-feira, outubro 1

Vida de repórter

Eu e o Rogério Fischer somos amigos há mais de 20 anos, desde quando entramos juntos no curso de Jornalismo da UEL. Depois trabalhamos na Folha de Londrina na mesma época. Esses dias ele disse que não se lembra de mim na Folha. Acho que é a idade (dele). Então comecei a contar umas histórias para ver se rememorava a memória dele. E extrapolei para outras, em outros jornais. Aí ele disse: "Por que você não publica isso no seu blog, já que você nunca atualiza aquela joça?"

Então, eu resolvi contar uma história que aconteceu nos idos de 1988, quando eu já estava no meu segundo emprego de jornalista, num jornal diário do Oeste Paulista. Vou omitir nomes. Um dia, antes de sair do jornal para cumprir minha pauta, que era a cobertura de um evento não me lembro sobre-o-quê, o editor disse que eu provavelmente encontraria no local o presidente da Câmara Municipal. Era para eu cobrar do cara o balanço da gestão dele na presidência da Câmara. O editor contou que já estava pedindo isso fazia algum tempo e essa seria a última cobrança. Se mais uma vez ele negasse, o jornal iria publicar a matéria dizendo que o vereador não prestava contas.

Eu era recém-chegada à cidade, ao jornal e à profissão. Encontrei o tal vereador, que era dentista, e cobrei o balanço. Ele disse que não tinha. E saiu de perto. Em vez de eu ficar caladinha, imprudentemente, fiz um comentário em voz alta: “Ah, mas a matéria vai sair mesmo assim...” E voltei lá para o evento.

Estava sentadinha ouvindo e anotando as falas, quando senti um cutucão nos ombros. Era o presidente da Câmara que pedia para eu me levantar. Fui atrás dele e ele me passou uma descompostura. Enquanto ele falava, num tom áspero, eu fui ficando vermelha de vergonha. Fiquei muito envergonhada por ter feito um comentário inapropriado. E minha pressão foi caindo, caindo, até que eu desmaiei. Na frente dele. O homem ficou apavorado. Me socorreu. E ainda me levou de carro ao jornal. Mais tarde, ligou lá para saber se eu estava bem.

Tive que agüentar a tiração de sarro na redação. E toda vez que eu saía para cumprir uma pauta, era obrigada a ouvir do editor: – Não vá desmaiar, hein?