terça-feira, outubro 31

Dê a resposta certa!

Nada como passar boa parte do horário comercial em casa para ser alvo de pesquisas. Nesses quase seis meses de volta a Londrina, já fui ouvida por três pesquisadores. Dois estavam interessados em saber para quem iriam meus votos.

E uma moça ligou com uma pauta sobre um determinado supermercado da cidade. Ficamos uns bons cinco minutos ao telefone: ela, com suas perguntas precisas, e eu, louca para dar minha opinião sobre disposição de produtos, atendimento, fila e falta de balança para pesar frutas no caixa.

Bem, foi a primeira vez que pude fazer muitas críticas sobre um determinado serviço sem ter que ouvir do outro lado pedidos de desculpas ou justificativas. E ela nem ficou ofendida.

Agora, estou terminando um frila (trabalho temporário) sobre uma pesquisa Top de Marcas. É por isso que ando sem tempo para escrever neste blog.

Fico pensando que a glória para um entrevistado é responder o Top de Marcas. São mais de 70 itens, entre produtos e serviços, em que você tem que dizer o primeiro nome que lhe vem à cabeça.

No começo, imagino que o alvo titubeie. Depois, ele acaba se rendendo, como se fosse um jogo. Antes que o outro termine a pergunta, ele já apresenta a resposta. E deve voltar pra casa se perguntando por que diabos citou aquela marca de cerveja que ele detesta ou então falou de um sabão em pó que ele nem compra por causa do preço?

O pior é que nunca vou poder participar da brincadeira. Se um dia um pesquisador me parar na rua com uma pesquisa dessas, eu vou ter que me considerar impedida porque agora eu já decorei todas as marcas vencedoras.

Imagem: www.verbo21.com.br

sexta-feira, outubro 13

A difícil arte de entender futebol

Raramente assisto a jogos de futebol. Só em Copas do Mundo. Meu filho adora futebol. Ele nasceu durante a Copa de 1994, que foi nos Estados Unidos, quando o Brasil ganhou da Itália nos pênaltis. E a seleção brasileira era horrível. Jogou mal pra burro na Copa. Eu só sou capaz de me lembrar desses dados, sem dar nenhuma busca no Google, justamente porque eu estava nos dias pra ganhar bebê. E como não se ganha bebê, assim, todos os anos, eu guardo com alguma precisão fatos que ocorreram naqueles meses.


Esse primeiro parágrafo foi puro exibicionismo. É que eu sempre acho o máximo como os rapazes guardam informações relacionadas a futebol. Eles sabem contar com detalhes um gol feito não sei quanto tempo atrás. Eles sabem dizer que a jogada começou por tal jogador, que passou a bola não sei de que jeito pra outro, que driblou não sei quantos outros ainda, até pegar o goleiro de calças curtas (bem, eles sempre estão de calças curtas...).


Na Folha de Londrina, quando eu editava uma seção do jornal que ia para as escolas, às sextas-feiras eu passava em todas as editorias para definir qual fato da semana havia sido mais interessante para mostrar pra garotada. E aí eu tinha que fazer alguns links entre a notícia e acontecimentos históricos para que a escola pudesse trabalhar os temas de forma mais contextualizada. Adorava fazer isso.


Sem dúvida, o mais divertido era conversar com o povo do Esporte. Aqueles meninos sabiam tudo, sobre todos os times, todas as escalações, todos os jogadores, todos os campeonatos, todos os resultados. Eles eram enciclopédias ambulantes sobre futebol.


Estou contando tudo isso só pra dizer que hoje de manhã meu filho me chamou para ver na tevê uma partida de futsal entre o Brasil e o Timor Leste. Eu não demonstrei nenhum interesse em ver tal jogo até ele me dizer que os brasileiros estavam ganhando de 61 a zero. Eu não acreditei e resolvi parar pra ver. E era verdade.


Os brasileiros golearam, sem dó nem piedade, os timorenses. O placar final foi de 76 a zero. Do momento em que me sentei no sofá até o encerramento da partida, eu passei por uma ampla variação de sentimentos e até agora eu não consegui definir qual foi minha opinião sobre esse jogo.


Primeiro, minha curiosidade inicial transformou-se em indignação. Afinal, como os brasileiros não deram trégua nenhum segundo, eu fiquei achando que eles estavam humilhando os timorenses. Eu disse ao meu filho que, se eu fosse jogador timorense, já teria deixado o campo havia tempo.


Mas, a cada gol marcado, o narrador brasileiro dizia que a equipe do Timor também marcava um ponto por seu espírito esportivo. Isso me causou certa irritação. Como assim: espírito esportivo? E deduzi que talvez “espírito esportivo” seja agüentar firme a derrota, sem sair correndo, nem derramar uma lágrima. Ou seja, talvez eu não tivesse esse espírito esportivo evocado pelo narrador.


Depois, comecei a reclamar que os brasileiros poderiam relaxar mais e deixar os timorenses fazerem um gol. Sempre me compadeço dos perdedores. Obviamente que, a essa altura, eu já estava torcendo pra eles. Fiquei imaginando que seria o gol mais comemorado da face da Terra. Meu filho explicou que os timorenses não iam gostar se o Brasil fizesse corpo mole porque, aí sim, se sentiriam menosprezados.


Passei, então, a ponderar que talvez, para os timorenses, jogar contra o Brasil fosse uma grande oportunidade de aprender mais sobre futebol, sobre dribles e sobre gols. E, no final, comecei a questionar se não deveria haver uma regra que determinasse que, quando o placar chegasse a 50 a zero, ou algo assim, poderia ser perguntado aos dois times se eles concordariam com o encerramento da partida. Isso acabaria logo com o sofrimento.


Ou seja, é muito difícil entender um jogo de futebol. É claro que eu não sou capaz de descrever como é que foi feito nenhunzinho dos gols a que assisti ou de dizer o nome de apenas um jogador nosso, o artilheiro, por exemplo. Eu queria é estar sentada ali ao lado da ilha de Esportes e ouvir os comentários dos meus colegas.

Foto publicada no site www.futsal.terra.com.br.

sábado, outubro 7

Simplesmente, a vida!

Tem dias que a vida é uma bosta. E tem outros que, mesmo sem motivo aparente, transcorrem de tal modo que quase te convencem de que a felicidade existe. Logo cedo já fiquei animadinha com o calor. Sempre acho que nasci para viver no verão. Até levei, sem reclamar, meu filho ao camelódromo. Como uma verdadeira Poliana, enquanto ele escolhia games, aproveitei e fui logo ali ao lado tomar a melhor vitamina de Londrina.

Mais tarde, nem o almoço feito por mim foi capaz de tirar o meu bom-humor. Resolvi ligar a tevê e estava começando o filme Bossa Nova, inédito para mim. O Antônio Faguntes (lindo como sempre) redescobre a paixão com a atriz americana Amy Irving. Pronto! Fiquei toda sorridente com o final feliz.

Às 16h, fui sozinha ao shopping ver O diabo veste Prada. De novo, adorei o filme. O meu lado Poliana me pegou mesmo hoje. Me identifiquei bastante com a mocinha e me lembrei de quando decidi pedir demissão da Folha de S. Paulo que, ainda no começo da profissão, julgava ser o melhor emprego do mundo. E fui repassando todas as escolhas feitas até agora que, muitas vezes, aos olhos dos outros, parecem insanas e, no entanto, fazem todo sentido para mim.

E não é que no céu ainda despontou uma linda e cheia lua? Há dias em que realmente a vida vale a pena!

segunda-feira, outubro 2

Segundo turno

Eu havia prometido a mim mesma não me manifestar sobre as eleições deste ano. Minha intenção era anular meu voto porque não queria fazer concessão a nenhum candidato. Uma viagem rápida resolveu meu problema. Justifiquei o voto.

Agora, o segundo turno. Eu vou de Lula. Acho o fim do mundo o PT ter botado a mão na botija, mas, para mim, o discurso de que votar no Alckmin é combater a corrupção não tem qualquer apelo. Não dá para ignorar a compra de votos pela turma do PSDB para a aprovação da emenda da reeleição, que assegurou o segundo mandato de FHC. Tampouco as manobras de Alckmin para abafar CPIs na Assembléia Legislativa paulista (foram 36 engavetadas). Portanto, se for para combater a corrupção, estamos novamente sem candidato.

Acredito que o debate é outro. São duas formas diferentes de governar. O PSDB é privatizante, entende que o Estado deve ser mínimo (embora boa parte do empresariado brasileiro tenha prosperado com a ajuda da mãozinha do governo). A pobrada que se vire. Afinal, quem mandou nascer pobre?

O PT, apesar de tudo, ainda tem um compromisso com a maioria da população brasileira. O Brasil tem que amassar muito barro para defender o livre mercado. Na minha opinião, o Estado não pode virar as costas para os desdentados e analfabetos, e voltar os olhos apenas para os interesses dos "vencedores" como se eles tivessem chegado lá por suas competências individuais. Não consigo pensar de outra forma.

Quanto à corrupção, ela deve ser duramente combatida. De todos os lados.