segunda-feira, janeiro 1

Todas as minhas mães


Quando eu era pequena, tive muitas vezes crises de bronquite. Me lembro de algumas noites, com febre, em que minha mãe se deitava comigo em minha cama. Eu via umas figuras grandes que me assustavam. Perguntava se ela estava vendo também. Ela dizia que não, que eu estava delirando. E ela dizia, docemente, que gostaria de sentir minha dor em meu lugar, para que eu não sentisse nada. Isso me trazia um grande conforto.

Quando eu estava na faculdade, uma doença a deixou com grandes seqüelas. A princípio eu a rejeitei. Queria minha mãe de volta. Como era antes. Com o tempo, aprendi a conviver com esta outra mãe. E meu amor se renovou.

Ela passou ainda por outros momentos difíceis que mudaram novamente sua vida. Sempre me aparecia uma nova mãe. Eu sempre sentia saudades da anterior. E tive que readequar o meu amor tantas vezes quantas foram necessárias. Ela nunca arredou pé do seu amor por mim.

Agora, mais uma vez, uma outra mãe. Junto com as saudades, sinto medo. Medo porque sei que ainda vou sentir falta desta mãe que, apesar de tudo, ainda mantém sua doçura, seu amor e sua queridez.