terça-feira, março 30

As cores dos desenhos



Os mosaicos são coloridos. Uma cor mais linda que a outra. Depois de imaginar, tem que traçar o desenho. E escolher as cores. Para isso, é só brincar, colocar uma pedra colorida ao lado da outra e ver a combinação que mais te agrada. Depois, tem que cortar. Na forma do desenho. E colar. E colar. E recortar. E colar. É um trabalho lento. E enquanto você recorta e cola (e não é Control C Control V. É no braço!), mil imagens e pensamentos passam pela sua cabeça. E você sonha. E voa. E viaja. Pensa em mil desenhos e cores e em mil pessoas para quem você daria cada um daqueles vidrinhos coloridos em formatos de desenhos. E aí você pensa que gostaria de passar o resto da vida recortando e colando. Mas tem que parar para limpar a casa, fazer comida ou lavar a louça, ou para dormir porque já é tarde. E no outro dia, cedo, você tem que levantar para trabalhar. E não é nenhum trabalho colorido.

Eu sei o que você fez em 1984

Foto de autoria desconhecida e de domínio público: Graça, eu, Carla (camiseta preta),
Vânia (apoiada na árvore), Gelson (da Arquitetura, em pé), Loyola e Silvana

Faz 26 anos que vim para Londrina. Era 1984. Eu tinha 18 anos e vim pra cá fazer Jornalismo. Agora, no próximo final de semana, haverá um reencontro. “Eu sei o que você fez em 1984” é o nome da festa (se fosse o pessoal RP que estivesse organizando, seria evento), que pretende reunir colegas que se conheceram na UEL naquela época. Não precisa ser exatamente da turma 84/1. Até porque ao longo do curso havia uma mescla de turmas.

Não é por nada, não. Mas Páscoa eu gosto de passar em Piraju, com a minha família. E eu demorei pra sacar que a festa havia sido marcada bem no feriado. Reclamei. Mas aí já era tarde. E ouvi o seguinte argumento – que considero justo e convincente – é, difícil é organizar, criticar é fácil. Então cedi ao apelo do reencontro com velhos amigos e resolvi ficar.

Estou um pouco ansiosa. Tem os que nunca ficaram longe: Rogério Fischer, Dirceu Herrero, Aurélio Albano, Silvana Leão, Denise Gentil, Cláudia Romariz, Carla Sehn, Edra, Sílvia Duarte, o Alexandre Horner e o Rodrigo Garcia Lopes (acho que o Rodrigo não era 84/1, mas acabou sendo). Tem o pessoal de RP, a Stela Cavichioli, a Patrícia Urizzi.

Tem os que, mesmo longe, revi algumas vezes: Graça Milanez, Denise Sacco, Ariel Palacios, Cleuza. E tem a Marisa, com quem troquei email recentemente. O Luizinho também vi uma vez.
E há quem eu não veja há pelo menos 16 anos: Rose Castro, Vânia, Priscila, Marco Beato, Loyola, Pitágoras, Péricles e o César (nossa, este agora eu desenterrei).

E tem os que se foram logo no início do curso: Reinaldy, Carlos (o Massa) e o Mori. Desses, nunca mais tivemos notícia.
Não sei quantos virão, mas acredito que será divertido.

segunda-feira, março 29

Crimes e crimes

Como a maioria da sociedade brasileira, concordei com a condenação do casal Nardoni pela morte da menina Isabella. A versão deles sempre me pareceu inverossímel, e acredito que o trabalho da perícia foi convincente na produção de provas.

Mas o julgamento e a condenação – a poucos dias antes de o crime completar dois anos – me fizeram pensar que, se houvesse ocorrido em Londrina, muito provavelmente seria um crime sem solução – ou sem julgamento.

Basta lembrar que este ano faz 10 anos que a professora de música Estela Pacheco teve o corpo jogado pela sacada do apartamento de Mauro Janene, num prédio de alto padrão aqui em Londrina. Em sua versão, o agropecuarista disse que ela havia se jogado. Exames do IML mostraram que, quando o corpo de Estela foi jogado, ela já estava morta. Além de Mauro Janene, estavam no apartamento – dormindo – a mãe e a irmã dele. Nada aconteceu até agora.

Em 1993, a doméstica Cleonice Fátima Rosa foi degolada no corredor externo do apartamento da artista plástica Wanda Pepiliasco, que morava com o marido e dois filhos adolescentes. Este caso também nunca mais voltou à cena. Se fosse o contrário, se alguém da família Pepiliasco aparecesse morto, acredito que a Cleonice estaria presa até hoje – já julgada e condenada. Tanto é que, na época, a outra empregada que trabalhava e morava com Cleonice na casa dos patrões chegou a ser presa como suspeita. Depois verificou-se que ela havia sido torturada para confessar. Os suspeitos são da família...

E tem ainda o caso da enfermeira Suely que atirou em Jaqueline Lobo, que na época namorava o ex-marido da enfermeira, um médico ginecologista. A enfermeira foi presa em flagrante. A vítima morreu alguns dias depois. O crime foi cometido num escritório de advocacia ao lado da Folha de Londrina, onde a moça trabalhava. Isso foi há bem mais de 10 anos. A enfermeira aguarda até hoje o julgamento em liberdade.

O que os três crimes londrinenses têm em comum? Nos três casos, os acusados são mais ricos que as vítimas. Portanto, a chance dos Nardoni em Londrina de sair impune – imagine se eles seriam julgados em dois anos... – seria bem maior.

sexta-feira, março 19

Ai ai ai

Sobre o caso Bancoop: Vi o Mundo.

Hoje, 23/3, em resposta ao comentário do Rogério, faço o complemento:

No post do blog Vi o Mundo, há na íntegra a decisão do juiz Carlos Eduardo Lora Franco, do Departamento de Inquéritos Policiais e Corregedoria da Polícia Judiciária de São Paulo, em relação ao requerimento do promotor José Carlos Blat para bloqueio das contas do Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários).

Antes de apresentar sua decisão sobre o requerimento, o juiz argumenta:

“A manifestação apresentada pelo Ministério Público descreve uma série de fatos e circunstâncias, narrando como seria o suposto esquema de desvio de valores da Bancoop, inclusive para fins de financiamento ilícito de campanhas políticas.

Porém, não há em tal manifestação a indicação clara e precisa dos elementos de prova dos autos que sustentam tal narrativa, bem como os pedidos formulados.

E, sendo este um feito bastante complexo, já com 26 volumes (mais de 5.600 páginas), além de 59 anexos, como citado pelo próprio Ministério Público, é imprescindível que indique de forma discriminada e detalhada os elementos que sustentem cada uma de suas afirmações.

A manifestação cita, por exemplo, que “aproximadamente 40% da movimentação das contas correntes de titularidade da Bancoop tiveram recursos sacados em dinheiro na própria agência bancária” (fls. 5652), mas como base para tal alegação indica apenas um cheque, no valor de R$ 50.000,00, sem sequer citar em que volume ou apenso, e folha, consta tal informação. Cita, ainda, que numa avaliação, entre 2001 e 2008, teria constatado que os valores assim circulados chegariam a R$ 18.000.000,00, mas novamente não há indicação precisa da fonte de tais informações.

Tem-se, portanto, como imprescindível que os autos tornem ao Ministério Público para que indique com precisão quais os fundamentos de cada uma de suas afirmações que invoca como razões para os pedidos formulados.

E isso para que, como dito, fique bem claro para toda a sociedade que os pedidos e as decisões estão fundados apenas em elementos e razões contidas nos autos, e são efetivamente necessários e oportunos, neste momento.

E não é demais dizer que tal providência naturalmente incumbe ao órgão requerente. Os fatos, com respectivos fundamentos, devem ser apresentados pela parte ao Magistrado, para que então possa decidir.”

Antes de indeferir o pedido de bloqueio das contas, o juiz alerta sobre a importância do rigor e da cautela nos requerimentos do MP, principalmente em épocas eleitorais para que não haja exploração indevida do tema.

Na minha opinião, o Ministério Público tem feito muitas vezes mal sua lição de casa. Infelizmente, há situações em que o MP oferece denúncia sem ter feito a investigação devida, parecendo que suas manifestações são mais políticas do que bem fundamentadas. Tem sido comum promotores chamarem a imprensa, fazer barulho sem ter provas concretas sobre o que está denunciando. E a imprensa tem caído como um patinho (ou está mal-intencionada) – e às vezes até serve ao MP para a produção de provas.

O papel do MP é fundamental e houve um grande avanço com a Constituição de 1988 que passou a caracterizar o órgão como uma instituição permanente, autônoma, com as funções de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. No entanto, alguns integrantes do MP extrapolam seu poder. Disso eu tenho medo porque às vezes eles prendem e desprendem, sem a fundamentação devida. Muitas vezes apenas indícios de corrupção têm sido suficientes para condenar agentes públicos.

Depois, sem provas, não acontece nada contra os acusados – que já foram espinafrados publicamente. No caso do Bancoop, há vítimas, pessoas que pagaram o financiamento de imóveis que nunca foram entregues. Resta investigar – a fundo – para saber se são vítimas de gente que não sabe administrar ou se houve de fato desvio de dinheiro para favorecer gentes ou campanhas políticas.

quinta-feira, março 18

A herança de Aníbal Khoury

Hoje é aniversário do jornalista Pedro Livoratti. Uma das melhores notícias que ouvi foi da boca do Pedro, na rádio da UEL, quando ele anunciou a morte do deputado Aníbal Khoury. Embora a família deve ter sentido e sofrido com essa perda, considero que a morte dele, em 1999, foi bastante benéfica para o Paraná. Afinal, só mesmo morto para o cara largar o osso.

Ao ler ampla reportagem divulgada pelo jornal Gazeta do Povo - nas edições de ontem e hoje - vi que Aníbal Khoury deixou herdeiros. Num trabalho investigativo muito bem feito, a Gazeta aponta desvios milionários da Assembleia Legislativa, aparentemente comandados pelo diretor-geral da AL, Abib Miguel, indicado obviamente pelo velho amigo Aníbal.

São milhares de reais desviados para amigos, compadres e familiares de Bibinho - como carinhosamente o cara é chamado. A AL ainda não se pronunciou oficialmente sobre o que fazer com o "Bibinho", afinal, deve ser difícil mexer com o homem.

Os "Diários Secretos" revelados pela Gazeta mostram a vergonha da Assembleia do Paraná que publica edições avulsas do Diário Oficial, sem data, que nomeiam, desnomeias e fazem o que querem

Apesar de tudo - dos baixos salários e da constante tentativa de desvalorizar o trabalho dos jornalistas (como a decisão do STF de que qualquer um, sem nenhuma qualificação, pode exercer nossa profissão) - acredito que graças a essa reportagem é que alguma coisa será feita para impedir que essa quadrilhagem continue a agir na Assembleia do Paraná. Mas, devo confessar que, no fundo, no fundo, eu acredito que a publicação da investigação jornalística agora só foi possível com a morte do "Anibinho".

domingo, março 14

Foi um doido!!

Foi um doido que matou o Glauco. Que perda!!!

sexta-feira, março 12

Uma notícia muito triste

Ao ligar o computador, vi uma das notícias mais tristes de 2010: a morte do cartunista Glauco, assassinado, junto com seu filho, durante um assalto à sua casa. O cara, com seus cartuns, com o Geraldão, o Geraldinho, a Dona Marta e outros personagens, fazia mais pelo Brasil do que a grande maioria dos políticos. Eu não consigo deixar de pensar que esses bandidos poderiam ter assaltado a casa de um desses políticos que só esfolam o país. Roubam às pampas com a maior cara de pau, nunca são punidos, nunca devolvem nada aos cofres públicos, e ainda por cima servem de exemplo para os bandidinhos comuns, que ganham a vida assaltando casas e matam pessoas maravilhosas como o Glauco e seu filho. Dá uma dor no coração. O Brasil fica literalmente mais triste sem o grande talento de Glauco.