sexta-feira, janeiro 15

O Haiti

Menina em favela de Porto Príncipe em julho de 2007. (Foto: AP)
Foto de Alice Smeets, vencedora do prêmio Unicef em 2008.

Como cabe tanto sofrimento numa nação? Este artigo no site da BBC
http://www.bbc.co.uk/blogs/portuguese/2010/01/para_o_haiti_a_gota_dagua.shtml relata um pouco dessa história. História, aliás, a mesma que os europeus repetiram nos países africanos, sul-americanos e em todos os cantos do mundo. Esses caras se acham mesmo superiores. Eles vem, exploram todas as nossas riquezas, constroem maravilhas em suas terras e depois impedem a entrada de cidadãos que não sejam europeus. Cito uma amiga que cita outra pessoa que não lembro: eles são mesmo superiores - em crueldade!

quarta-feira, janeiro 13

A velhice

Imagem retirada de http://mareslunares.files.wordpress.com/2008/09/velhice11.jpg
A gente ri da falta de noção das crianças em relação à idade das pessoas. Mas quando eu tinha 18 anos eu lembro que fiz um comentário sobre os 50 anos de meu pai: “Nossa, como ele está velho! Meio século de vida é muuuito tempo”. E acho que a falta de noção do tempo nos acompanha por toda a vida.

Acho que a velhice é algo externo a nós, ou melhor, acho que a velhice é física. Não temos mais a mesma disposição para sair correndo por aí, brincando de pega-pega. Nem para alguns programas noturnos. (Na verdade, eu acho que desde a tenra idade nunca tive essa disposição...) e nem tudo nos cai bem no estômago.

O espelho nos mostra rugas de expressão que não mais se desmancham... Sentimos no corpo a velhice. Mas no íntimo não nos sentimos velhos. Não estou falando daquela resistência em assumir compromissos como se fôssemos adolescentes. Digo que a cabeça não constata: “Estou velho. Penso como um velho!” Por isso digo que a velhice é externa; olhamos o outro e dizemos: “Como está velho!” Dizemos isso porque só podemos ver a carcaça e nunca dentro do outro.

Fora a limitação física, nossos pensamentos continuam sempre vívidos e frescos. Isso é legal. E o tempo nós dá mais repertório, mais referências que podem deixar nossos pensamentos mais legais. Não acho que a ranzinzice seja característica da velhice. Acredito que há crianças, adolescentes e adultos ranzinzas. E o passar do tempo nos iguala. Até existem procedimentos estéticos que podem adiar os sinais do tempo, mas nada apaga tudo o que você viveu, ano a ano. Nada faz voltar o tempo e as escolhas que fazemos e que são determinantes para o que somos hoje. Feliz aniversário para mim!

quarta-feira, janeiro 6

Esperança

O meu primeiro texto de 2010 quer falar de esperança, apesar das tragédias ocorridas dias atrás.

Em dezembro, li na Folha de S. Paulo uma entrevista com o cineasta português Manoel de Oliveira, de quem nunca ouvira falar.

Ele concedeu a entrevista às vésperas de completar 101 anos. O primeiro filme de sua vida - um curta - foi lançado em 1931; mas foi aos 70 anos de idade, em 1978, que ele começou a sua principal fase artística.

A morte não o assusta. Ele diz que sente uma certa melancolia por ter visto tanta gente querida desaparecer: os pais, os irmaõs e os amigos. "Não tenho nenhum amigo da minha idade que diga: 'Ó, rapaz, lembra-se de quando tínhamos 17 anos e tal...' É uma melancolia muito forte".

Manoel de Oliveira é casado há 70 anos com dona Maria Isabel. E conta que cada um torce para que o outro morra primeiro só para garantir que alguém irá lhe fazer companhia no enterro.

Ah, o motivo da entrevista é o lançamento de seu último filme, "Singularidades de uma rapariga loura", baseado num conto de Eça de Queiroz e que ainda não chegou ao Brasil.

Eu não sei se este é um texto de esperança, mas gostei do cara. É inspirador.