quinta-feira, fevereiro 10

Vincere

Vincere (Vencer) é uma das palavras de ordem dirigidas por Benito Mussolini, o Duce, à multidão que o idolatra e enche as praças públicas. Com direção de Marco Bellocchio, o filme Vincere conta a história de amor entre Mussolini e Ida Dalser, quando ele ainda era jovem e antes de ser expulso do Partido Socialista. Ida banca financeiramente a fundação de um jornal tão sonhado por Mussolini e que vira o núcleo do futuro Partido Fascista. Quando está grávida de Mussolini, Ida descobre que ele já é casado e tem uma filha.

Conforme ascende politicamente, Mussolini afasta Ida de sua vida e nem conhece o filho, batizado de Benito Albino Mussolini. Ida luta com todas as suas forças para ser reconhecida como esposa do Duce e mãe de seu filho homem primogênito. Ela nem vai reclamar ao bispo, escreve uma carta diretamente ao papa, à Polícia, ao Governo e a todas as autoridades. Queixa que não encontra eco. É internada como louca num hospício.

Nada a faz desistir de ter o amor de Duce de volta. E a razão da vida dela passa a ser isso. A razão e o seu fim. A rigidez – uma característica tão masculina – é a marca de Ida. Ela entrega a sua vida nas mãos de um homem, que desperta a paixão das massas. Nele, ela espera tudo. Acredita que ele ainda a ama. E, como todos sabem, ele segue forte e poderoso sem nunca mais voltar a Ida.

Com uma fotografia lindíssima e uma trilha sonora também esplendorosa, o filme transpõe cenas atuais com cenas de arquivo do reinado de Mussolini. Não se fica impassível diante dessa estética e também do sofrimento de Ida. Sofri junto com ela.

A meu ver, a única saída para ela seria seguir os conselhos de um psiquiatra, que lhe disse claramente que os gritos dela não estavam sendo ouvidos por ninguém. “Eu já fui para a guerra. Quando você está na trincheira, há dois lados brigando. Você está brigando sozinha. Neste momento a gente tem que ser ator. Você deve agir como se fosse uma dona-de-casa, dedicada, boa mãe. Só assim você terá seu filho de volta” – é mais ou menos o que ele diz. E eu concordo com ele. Esta seria a única saída para ela. Ser camaleônica – usando atributos do feminino. Mas ela não consegue. E resiste. Firme como uma armadura. Paga um preço muito alto. E a conta não é só paga por ela, mas também por seu filho, que tem um final trágico.

3 comentários:

Gisa disse...

Nossa, a fala do terapeuta é bem forte. Lembrei de uma amiga que precisar entender que quando se briga sozinha, é necessário muito mais força, pois é uma luta infinita e sem perspectiva. Uma história triste, mas bem interessante. Fiquei com vontade de assistir. Abraços.

http:\\www.sigamocoelho.blogspot.com

carina paccola disse...

Veja, que você vai gostar. Quando o psiquiatra fala isso, ela acha estranho pq afinal ele está aconselhando-a a ser dissimulada, e ele arremata: - o fascimo não vai durar pra sempre.
Portano, ela teria que ser dissimulada por pouco tempo. E eu acho que ela não tinha muita escolha. Há momentos que é preciso baixar a guarda por uma questão de sobrevivência. Um abraço

Luísa Nogueira disse...

Olá Carina

Cheguei até aqui por acaso, mas gostei de ter vindo.
Não vi esse filme... Seu resumo me fez querer vê-lo...
Parabéns pelo nível de seu blog!
Luísa