segunda-feira, outubro 19
Às armas!
A opção pela luta armada por um grupo de jovens alemães, na década de 1960, é o tema do filme O grupo Baader-Meinhof, baseado em história real. Baader-Meinhof é como ficou conhecida a Facção Exército Vermelho (RAF), organização de esquerda que partiu para atos de terror na Alemanha para protestar contra o capitalismo, o imperialismo norte-americano, guerra no Vietnã e todas as justas causas então em pauta.
Andreas Baader era um dos líderes guerrilheiros e Ulrik Meinhof, uma jornalista que se envolveu com o plano de fuga de Baader. Ela conseguiu autorização para entrevistar Baader fora da prisão e facilitou a sua fuga. Por isso, Ulrik passou a ser procurada pela polícia também como liderança do RAF.
Em alguns momentos do filme, o jovem Baader se comporta como um menino mimado que não aceita ser contrariado. Algumas vezes, os rebeldes parecem filhinhos de papai que se divertem roubando carros e dando tiros para o alto. Depois, entram numa espiral de violência que não tem mais volta. Eles passam a corresponder à imagem de violentos retratada pela mídia.
A impressão que eu tenho é que quando se lança mão da violência – sejam as guerras oficiais, as guerrilhas urbanas, as execuções de traficantes por parte da polícia, as brigas de trânsito e as brigas domésticas – turva-se o caminho e não se alcança o objetivo. A violência nunca é razoável, embora haja momentos em que nos parecem que é o único caminho.
A namorada de Baarden, Gudrun Ensslin, justifica o uso da violência dizendo que é a única resposta para a violência do Estado. Ela ainda lembra que os alemães sempre serão cobrados por terem se mantidos passivos diante do nazismo e, portanto, era preciso reagir diante de tantas situações de opressão.
Depois de provocar muitas mortes e atentados, os integrantes do RAF foram mortos ou capturados pela polícia. Os líderes permanecem mais tempo na prisão à espera de julgamento. Numa de suas falas para se defender, a jornalista Ulrik diz que o incêndio de um carro é um crime, o incêndio de vários carros é um ato político.
Ulrik era quem redigia os manifestos do grupo. Gudrun ridicularizava a jornalista porque seus escritos eram apenas discursos; os atentados eram ações de fato. No entanto, nem as ações nem os discursos produziram os efeitos revolucionários que eles pretendiam.
Antes de terminado o julgamento, Ulrik foi encontrada morta em sua cela. A versão da polícia foi de que ela se suicidou. Os três líderes que ainda amargavam a prisão acusaram o Estado por assassinato. Numa tentativa de libertá-los, outros integrantes da Facção chegaram a sequestrar um líder empresarial alemão e um avião com 86 passageiros. Não surtiu efeito.
Nas últimas cenas do filme, os três líderes aparecem mortos em suas celas. A versão oficial novamente é de suicídio. Mas eu entendi que eles foram mortos pela própria Facção, a quem não interessava mais gastar munição para salvar três ícones. A luta pela Revolução era maior do que as vidas de seus líderes.
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