terça-feira, junho 16

Diploma de Jornalista

Nesta quarta-feira, o STF vai finalmente julgar um recurso que questiona a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. No site da Fenaj, dá para conhecer melhor esta história.
Alguns argumentos da Fenaj, com os quais eu concordo:

1) Não será a ausência de diploma que irá garantir ao cidadão acesso às emissoras de rádio e TV, aos sites da internet, ou às colunas de “cartas do leitor” existentes nos enésimos cadernos de nossos diários impressos.

2) Tampouco será a inexistência de diploma que permitirá aos cidadãos e autoridades, acusados em manchetes espalhafatosas de primeira página, verem suas respostas ou suas razões publicadas, quando muito, em minúsculas notas de rodapé de páginas perdidas no interior dos cadernos;

3) É certo que o diploma, por si só, não evita a ocorrência de abusos. Contudo, mais certo é que a ausência de formação técnica e noções de ética profissionais potencializam enormemente a possibilidade de os abusos ocorrerem.

4) Efetivamente não é o diploma que impede o cidadão de exercer a liberdade de manifestação do pensamento e de imprensa nos veículos de comunicação social no País. Verdadeiramente não é. O que impede o exercício desses direitos fundamentais é a concentração da mídia em poucos grupos; é a orientação editorial dos veículos de comunicação; é a ditadura dos anunciantes ou a ditadura do mercado que privilegia a venda de jornais ou a obtenção de “pontos no ‘ibope’”, em vez da verdade, da informação isenta, ou do respeito às pessoas e autoridades.

5) Com a existência da internet, a possibilitar a qualquer cidadão expressar seu pensamento por intermédio dos infindáveis meios (páginas pessoais, blogs, orkuts, e-mails, e tantos outros), sem qualquer controle, também se torna absoltamente relativo, sem razoabilidade e desprovido de qualquer força o argumento de que a exigência de diploma para a obtenção do registro profissional impede a livre expressão do pensamento ou de imprensa.

E existem ainda os argumentos técnicos e legais que contestam que a obrigatoriedade seja inconstitucional.

7 comentários:

Anônimo disse...

Carina
Não tem nada a ver com esse post sobre diploma, mas é o seguinte:
Dei uma olhada geral no seu blog e cheguei à seguinte conclusão: você é uma das pessoas mais engraçadas que eu já vi na vida!
Continue assim...
BJ, Aurélio

carina paccola disse...

Aurélio, sem falsa modéstia, eu sempre soube disso (rs). Ou melhor, eu sempre me achei suuuuuper engraçada (hahahahaha), e fico muito feliz com sua observação. Até chamei o Nícolas para ver seu comentário, porque eu sempre lhe disse que ele tem uma mãe engraçada e ele não acredita. Ele diz que só eu me acho engraçada.
Mas no momento estou triste com a decisão do STF de derrubarem o nosso diploma. Vamos sobreviver?
beijos

Aguinaldo Pavão disse...

Carina.
A justa decisão do STF é um golpe que atinge o corporativismo, não os bons jornalistas. Eles nada têm a temer. Como você é uma excelente jornalista, não precisa ficar triste.
Saudemos a liberdade.
Abraço.

Anônimo disse...

OI Carina
Vamos sobreviver sim, mas caímos para a segunda divisão... Se a situação já tava difícil, vai piorar. Acho que a saída é esquecer o jornalismo - pelo menos como eu o entendia -, buscar especialização em outras áreas e continuar lutando por um espaço no mercado de trabalho.
Agora, cá prá nós, esse liberalismo exagerado do seu amigo Pavão é algo no mínimo irritante. Parece um cara que eu conheço, e que você conhece bem... rs
BJ, apareça
Aurélio

carina paccola disse...

Aguinaldo, eu não acredito nessa história de que os bons sobrevivem, não mesmo! Conheço ótimos profissionais que estão desempregados porque não há vaga para todos no mercado de trabalho - as redações. Os patrões nunca tiveram preocupação com qualidade no jornalismo. E agora não sobrou pedra sobre pedra. Até quem tem apenas curso primário pode exercer a profissão, na verdade não precisa nunca ter frequentado a escola. E, é claro, quanto mais desqualificado menor o salário e, para os patrões, é isso que importa: pagar o menos possível. Eu acredito que daqui a uns 10 anos vamos ver as consequências dessa decisão. Mas respeito sua opinião. Um abraço

carina paccola disse...

Aurélio, eu acompanhei a votação ao vivo e fiquei profundamente irritada com os argumentos falaciosos dos digníssimos ministros. Com exceção do Marco Aurélio, nosso único voto, todos estavam falando de um jornalismo que não é a realidade brasileira. Primeiro, o STF acabou com a Lei de Imprensa, sem deixar nada no lugar, agora acabam com a exigência de uma formação mínima para jornalistas. Para mim, é um retrocesso. O Aguinaldo tem o direito de se manifestar, embora eu não concorde com ele. bjs

Paulo Briguet disse...

Querida Carina:
Você é inteligente e talentosa demais para perder seu tempo com essa questão inglória do diploma... Fiquei muito contente com a decisão do STF. É uma decisão em favor da liberdade, como disse o Aguinaldo.