sábado, maio 12

Melhor não tê-los?


O melhor das mães são os filhos. Hoje eu recebi o cartão mais lindo do mundo de Dia das Mães (deste ano, né?). Como é que pode aquela barrigona ter virado um menino que já está do meu tamanho, com os pés maiores do que os meus e que já tem suas próprias opiniões sobre muitas coisas da vida? Ao chegar em casa após a saída do hospital, com um bebê enroladinho, sinceramente senti vontade de sair correndo. O que eu vou fazer com isso?, me perguntava. Confesso que não foi fácil. Os primeiros dias como mãe já foram suficientes para derrubar o mito de que ser mãe é a coisa mais linda do mundo. E também para me fazer desistir da idéia de ter seis filhos. A noção de que aquele ser depende inteiramente de você para sobreviver é apavorante. O teste do pezinho, alguns dias depois do parto, na verdade é um teste para avaliar a capacidade de auto-controle das mães para não estrangularem a enfermeira que fura e espreme o pé do seu bebê para literalmente tirar sangue enquanto ele berra de dor. Sem falar das inúmeras vacinas que vão arrancar lágrimas de seu menino diante de você, que se desdobra em afagos e palavras de consolo. Para poder trabalhar e continuar sendo mãe, você ainda terá que percorrer dezenas de berçários e optar por um para depois morrer de culpa se descobrir que fez a escolha errada. Isso irá se repetir em outras fases da vida da criança. Você ficará chocada quando perceber que não controla tudo na vida de seu filho. Mas essa descoberta vem cedo. Ainda na fase do berçário, quando ouvi-lo falar uma palavra que não foi você que ensinou. E também ao ouvir as professoras contarem gracinhas feitas por ele na sua ausência. O que mais me surpreende até hoje e no fundo me causa uma grande felicidade é ver meu filho desenvolver seu próprio pensamento e construir opiniões sobre temas que você não se lembra de ter conversado com ele. E ver que ele também apreendeu valores ensinados por você, como respeito e solidariedade, e que é sensível à dor dos outros. E é tudo verdade quando dizem que você só compreende seus pais quando tem um filho. E também é verdade que o amor que você tem por seu filho é o maior amor do mundo, é ilimitado e incondicional. E eu sempre tenho a certeza de que o amor que sinto hoje por ele é maior do que foi ontem e de que amanhã será maior do que é hoje. Que coisa, hein? E eu não acho que ser mãe é a coisa mais linda do mundo – como nos querem fazer crer. Para mim, ser mãe é construir uma relação permeada de cuidados, responsabilidades, desapegos, tolerância, incertezas, inseguranças. Não há mágica nessa história. E vale a pena!

Imagem: "Mother & Child" , de Gustav Klimt

9 comentários:

Anônimo disse...

certamente, uma das melhores mães do mundo...afinal, o nícolas é um tremendo cara legal, beijos

Anônimo disse...

feliz dia das mães, atrasado....
bjo

carina paccola disse...

Karen, obrigada pela visita (ainda por cima com um elogio...)
beijos




Sha, obrigada, fia.
beijo com saudades

Thatiza disse...

Seu texto resume tudo. Não sou mãe ainda, mas senti toda a intensidade de uma! Acabei de entrevistar uma pessoa que te mandou um beijão, o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade. Estou trabalhando em Bauru, mas tenho saudades grandes de Londrina. Abraços, beijos e saudades! Thatiza

carina paccola disse...

Oi, Thatiza, que surpresa boa a sua visita! Esta semana está fazendo um ano que voltei a Londrina. Daqui não saio mais. Eu entendo essas suas saudades. O Sérgio é um grande amigo. Era muito bom contar com ele em Brasília.
Apareça por aqui. Bauru nem é tão longe...
Beijos pra vc (e um abraço pro seu pai)
carina

Anônimo disse...

Nossa, Carina, que texto lindo. Emocionante!

carina paccola disse...

Oi, Denise, que saudades!! De vez em quando entro em seu blog e acompanho suas andanças. Obrigada pela visita.
beijos

Juliana Werneck disse...

Oi Carina, cheguei à sua página totalmente por acaso, em busca de uma imagem no google. Mas parei nos seus textos, li e gostei. Gostei da sua franqueza e sensibilidade. Gostei, particularmente, do seu olhar sobre a maternidade - vivo, direto, sem lentes cor-de-rosa.
Um abraço, Juliana.

carina paccola disse...

Juliana, obrigada e que bom que vc gostou. Volte sempre.
Um abraço