![]() |
Imagem: BOL (não consegui identificar o autor) |
Da areia, observo a família que passa. À frente,
dois homens carregam cadeiras, guarda-sol e outros apetrechos. Logo atrás, a
menina de chapeuzinho rosa, com seus 3 ou 4 anos. Em seguida, as mulheres, mais
um homem. A avó também está junto. A menina tenta alcançar os homens à frente.
Com seus passinhos miúdos, não consegue. Solta algumas frases. Ninguém lhe dá
ouvidos. Mal os homens baixam o acampamento, ela deixa o chinelinho e corre em
direção ao mar, recuando um pouco da linha de concentração familiar. Embora
ninguém lhe desse ouvidos, estão todos atentos e começam a chamar: Laura,
Laura! Agora, é ela quem não lhes dá pelota! Pisa na areia molhada e pára. Me
pergunto por que escolhera este ponto
mais afastado da família? A resposta está logo ali, a três metros de Laura:
duas menininhas deitadas, de bruços, na beirinha do mar, vendo o movimento das
ondas, que chegam mansinhas até elas. Laura faz de tudo pra ser vista. Quando o
mar recua, ela avança para depois fugir correndo com movimentos graciosos. Ao
longe, a família continua chamando Laura, que agora está concentrada em fazer
novas amizades. Ali não há perigo. Até eu estou cuidando de Laura. Finalmente,
as meninas a veem. Fico pensando se vão ignorá-la. Mas, não, crianças não
ignoram crianças. Laura chega mais perto. Para se tornar uma delas, tira o
chapéu. Num descuido, ela o molha no mar. Começam a brincar juntas. Logo,
aparece o pai: Laura! Será um estraga-prazeres? Não, só quer o chapéu. Devagar, ele
se distancia, torcendo aquele paninho rosa. As meninas se deitam, e Laura está
bem no meio das duas. Pronto. Juntas, olham o mar, segurando o rosto com as
mãozinhas. São as três melhores amigas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário