
Conforme ascende politicamente, Mussolini afasta Ida de sua vida e nem conhece o filho, batizado de Benito Albino Mussolini. Ida luta com todas as suas forças para ser reconhecida como esposa do Duce e mãe de seu filho homem primogênito. Ela nem vai reclamar ao bispo, escreve uma carta diretamente ao papa, à Polícia, ao Governo e a todas as autoridades. Queixa que não encontra eco. É internada como louca num hospício.
Nada a faz desistir de ter o amor de Duce de volta. E a razão da vida dela passa a ser isso. A razão e o seu fim. A rigidez – uma característica tão masculina – é a marca de Ida. Ela entrega a sua vida nas mãos de um homem, que desperta a paixão das massas. Nele, ela espera tudo. Acredita que ele ainda a ama. E, como todos sabem, ele segue forte e poderoso sem nunca mais voltar a Ida.
Com uma fotografia lindíssima e uma trilha sonora também esplendorosa, o filme transpõe cenas atuais com cenas de arquivo do reinado de Mussolini. Não se fica impassível diante dessa estética e também do sofrimento de Ida. Sofri junto com ela.
A meu ver, a única saída para ela seria seguir os conselhos de um psiquiatra, que lhe disse claramente que os gritos dela não estavam sendo ouvidos por ninguém. “Eu já fui para a guerra. Quando você está na trincheira, há dois lados brigando. Você está brigando sozinha. Neste momento a gente tem que ser ator. Você deve agir como se fosse uma dona-de-casa, dedicada, boa mãe. Só assim você terá seu filho de volta” – é mais ou menos o que ele diz. E eu concordo com ele. Esta seria a única saída para ela. Ser camaleônica – usando atributos do feminino. Mas ela não consegue. E resiste. Firme como uma armadura. Paga um preço muito alto. E a conta não é só paga por ela, mas também por seu filho, que tem um final trágico.