sexta-feira, abril 16

Se eu pudesse...

Faz muito tempo que eu não vejo um homem negro, que não tem as pernas, que se locomovia com a ajuda das mãos pelo Calçadão de Londrina. Ele praticamente se arrastava e dizia com uma voz bem forte: Se eu pudesse trabalhar eu trabalharia, mas como eu não posso... (não me lembro do fim da frase mas era um pedido de dinheiro).

Não sei onde ele não-anda não-trabalhando. Com aquela voz, ele teria potencial para ser locutor de rádio ou daquelas kombis tipo “pamonha, pamonha, pamonha...”

E eu tenho vontade de dizer: “Se eu pudesse não trabalhar, eu não trabalharia...”

4 comentários:

1º Encontro de Contadores de Londrina disse...

Humm...eu também não! rsrs adorei a visita. Volte sempre! E venha me visitar em casa tb, aí vc vê as flores ao vivo... Beijo!

Juliana Werneck disse...

Ah, se eu pudesse...
Quem inventou que o trabalho enobrece?! Cansa o corpo, embranquece os cabelos e prejudica o biorritmo.
Pensar enobrece o homem e o espírito e isso podemos fazer de férias ou enquanto dormimos...
Abraços,
Juliana.

Fischer disse...

Boa lembrança, Carina. O cara é figura mesmo.

Aurélio Albano disse...

Toda cidade tem suas figuras. Lembra de mais alguma de Londrina? Em frente da república que eu morei, na Gomes Carneiro, passava sempre um cara que andava em círculos. Que dizer, ele dava uns 10, 15 passos para frente, e depois girava 360 graus umas duas, três vezes. Depois andava mais um pouco e girava de novo. E assim por diante. Com o detalhe que sempre carregava um guarda-chuva, fizesse chuva ou sol. Uma figura, completamente maluco.
Em Olímpia, de onde vim, como sabe, lembro da Véia Papuda, que metia medo na molecada pela deformidade que tinha embaixo do queixo (acho que era hipertiriodismo), e o João Louco, que carregava lavagem no carrinho puxado por burro ou cavalo.
Quando não tinha nada para comer, o João Louco sentava na calçada em frente minha casa e ficava repetindo:
- Olímpia, o João tá com fome!
E então minha mãe ia lá e dava um prato de comida pra ele. Por isso, toda vez que o João via a gente na rua, eu e meus irmãos, fazia a maior festa.
E tinha também o Paulão, que mesmo adulto andava pela cidade toda puxando um carrinho de brinquedo amarrado em uma cordinha.