quarta-feira, janeiro 13

A velhice

Imagem retirada de http://mareslunares.files.wordpress.com/2008/09/velhice11.jpg
A gente ri da falta de noção das crianças em relação à idade das pessoas. Mas quando eu tinha 18 anos eu lembro que fiz um comentário sobre os 50 anos de meu pai: “Nossa, como ele está velho! Meio século de vida é muuuito tempo”. E acho que a falta de noção do tempo nos acompanha por toda a vida.

Acho que a velhice é algo externo a nós, ou melhor, acho que a velhice é física. Não temos mais a mesma disposição para sair correndo por aí, brincando de pega-pega. Nem para alguns programas noturnos. (Na verdade, eu acho que desde a tenra idade nunca tive essa disposição...) e nem tudo nos cai bem no estômago.

O espelho nos mostra rugas de expressão que não mais se desmancham... Sentimos no corpo a velhice. Mas no íntimo não nos sentimos velhos. Não estou falando daquela resistência em assumir compromissos como se fôssemos adolescentes. Digo que a cabeça não constata: “Estou velho. Penso como um velho!” Por isso digo que a velhice é externa; olhamos o outro e dizemos: “Como está velho!” Dizemos isso porque só podemos ver a carcaça e nunca dentro do outro.

Fora a limitação física, nossos pensamentos continuam sempre vívidos e frescos. Isso é legal. E o tempo nós dá mais repertório, mais referências que podem deixar nossos pensamentos mais legais. Não acho que a ranzinzice seja característica da velhice. Acredito que há crianças, adolescentes e adultos ranzinzas. E o passar do tempo nos iguala. Até existem procedimentos estéticos que podem adiar os sinais do tempo, mas nada apaga tudo o que você viveu, ano a ano. Nada faz voltar o tempo e as escolhas que fazemos e que são determinantes para o que somos hoje. Feliz aniversário para mim!

7 comentários:

Eliane disse...

Oi, Carina

De novo: muitas felicidades neste seu novo ano de vida!

Penso um pouco diferente de você em relação ao envelhecer. De certa forma, me sinto bastante velha, sim. Este ano faço 40, e vejo enormes diferenças entre mim e os "jovens". Me vejo cada vez mais pensando: "como as coisas estão mudadas... hoje em dia... no meu tempo..." ouço certas músicas e não entendo como os jovens podem gostar disso... critico certos comportamentos... uso expressões datadas... Enfim, sou velha, sou diferente da geração que domina a mídia, e que acha que domina o mundo. Mas acho que isso é o de menos, chega a ser divertido. Também não vou dizer que não ligo pras rugas, pras calorias que se acumulam muito mais facilmente e pros cabelos brancos. Mas o pior é a sociedade realmente achar que o mundo é só das pessoas dos 20 aos 30, a tal geração da mídia, quando se pode viver hoje em dia até uns 70, 80 anos. Esse tipo de preconceito, a exclusão de uma porção de coisas, é que é bem complicado. Acho que não fui muito clara... é um assunto que dá pra se pensar bastante a respeito, mas, na verdade, eu tento é não dar muita bola pra isso. "Dar bola para alguma coisa" é datado pra caramba, não é? "Pra caramba", também... Vou parar por aqui.

Um beijo.

carina paccola disse...

Oi, Eliane, obrigada de novo!

Também não sei se me expressei bem. É claro que nós pensamos diferentes de quando tínhamos 20 anos (ainda bem, né?), mas eu acho que pensamos "melhor", com mais referências e experiência. Concordo que a mídia só valoriza os jovens - e por isso muitos velhos insistem em querer parecer mais jovens - e talvez isso nos faça às vezes nos sentir deslocadas. Por isso eu gosto muito de me encontrar com pessoas da minha faixa etária porque aí me sinto incluída. É engraçado que os mais jovens querem nos dizer o tempo todo que somos velhos, quando o nosso pensamento - pelo menos na minha opinião - está melhor, mais apurado, mais tarimbado. O Brasil tem hoje a maior população jovem de sua história. Nunca mais teremos tantos jovens e o nosso país, como todo o mundo, terá uma população cada mais velha. Não sei se isso irá mudar de fato as condições de vida da velharada. Ah, e eu também não gostaria de ver meu corpo em decadência, mas...
Um beijo

Claudemir Scalone disse...

Oi, Carina. Mesmo atrasado, feliz aniversário. É entendo o que você expôs no seu texto. Essa dicotomia jovem x velho vai levar tempo para ser decifrada, ou melhor, reparada. Quando adolescentes dificilmente nos colocamos na pele ou corpo de um idoso. Queremos viver sem pensar no amanhã. Talvez, por isso, nossas políticas públicas ainda sejam tímidas em relação à proteção ao idoso. Estamos distantes mesmo de dar um amparo legal à chamada "melhor idade", o que pra mim só serve pra suavizar o termo velho. O melhor seria aliar a juventude à sabedoria/experiência. Cortar atalhos, evitar dissabores/intrigas e manter estilo cool de vida. Mas, enfim, não tem jeito estamos passando. Prefiro classificar que somos adultos. Velhice, terceira idade, só a partir dos 70 anos, e olha lá, como aquela advogada entrevistada na Folha que aos 89 anos ainda está na labuta - claro com menor carga. Sejamos jovens de espírito! Felicidades, Claudemir.

carina paccola disse...

Oi, Claudemir, obrigada!
É isso mesmo... estamos passando. E em termos de políticas públicas, realmente precisa avançar muito ainda.
um abraço

Rafael disse...

Carina!
Felizidades!!
saudades, beijos!
Estagiário cupincha.

carina paccola disse...

Oi, meu querido, que saudades de você! Você sumiu do orkut. O seu telefone ainda é o mesmo?
Beijos, com saudades
(nunca mais tive um estagiário cupincha como você - rs).
Estou com muitas saudades mesmo. Saudades de conversar com você.
Um grande beijo

Rafael disse...

Eita, voltei quase um mes depois!
rsrs
Então, tá tudo bem por aqui! Pois é, dei um tempo do orkut, mas logo vou voltar. Meus tels mudaram, vou te mandar por e-mail!
Quando é que vc vem por essas terras? Saudades de vc também! (Nunca tive outra chefa que me pixasse com tanta desenvoltura!!
hahaha)
Beijos!