quarta-feira, janeiro 6

Esperança

O meu primeiro texto de 2010 quer falar de esperança, apesar das tragédias ocorridas dias atrás.

Em dezembro, li na Folha de S. Paulo uma entrevista com o cineasta português Manoel de Oliveira, de quem nunca ouvira falar.

Ele concedeu a entrevista às vésperas de completar 101 anos. O primeiro filme de sua vida - um curta - foi lançado em 1931; mas foi aos 70 anos de idade, em 1978, que ele começou a sua principal fase artística.

A morte não o assusta. Ele diz que sente uma certa melancolia por ter visto tanta gente querida desaparecer: os pais, os irmaõs e os amigos. "Não tenho nenhum amigo da minha idade que diga: 'Ó, rapaz, lembra-se de quando tínhamos 17 anos e tal...' É uma melancolia muito forte".

Manoel de Oliveira é casado há 70 anos com dona Maria Isabel. E conta que cada um torce para que o outro morra primeiro só para garantir que alguém irá lhe fazer companhia no enterro.

Ah, o motivo da entrevista é o lançamento de seu último filme, "Singularidades de uma rapariga loura", baseado num conto de Eça de Queiroz e que ainda não chegou ao Brasil.

Eu não sei se este é um texto de esperança, mas gostei do cara. É inspirador.

Nenhum comentário: