segunda-feira, julho 27

Essa chuva que não para

"A Chuva", Oswaldo Goeldi
E essa chuva que não para.
Nunca os vizinhos conversaram tanto no elevador. Também, com tanta água caindo, não está faltando assunto.

Ainda não permitiram a falta ao trabalho por motivo de chuva que não para. Mas a máquina de lavar está trabalhando menos. Ninguém arrisca ficar com cheiro de cachorro molhado.

E eu tive que tomar chuva no meio da rua porque meu guarda-chuva alaranjado se desmontou quando eu mais precisei dele, o danado! Não tive saída a não ser atirá-lo na lata de lixo na calçada, afinal, não queria pagar mico me molhando com um guarda-chuva na mão.

E o medo de acordar cheio de escamas?
E o medo de a chuva revelar mofo onde não supúnhamos que existia?

Tanta água assim e me veio à mente Macondo, de Cem Anos de Solidão. Preciso reler este livro. E lembrei do filme “O Veneno da Madrugada” (uma adaptação de um outro livro de García Márquez que nunca li), onde também a chuva não para. Por que será que García Márquez põe tanta água em suas histórias?

E uma vez eu estava triste e estava chovendo. E eu via as gotas escorrendo pelo vidro da janela. E eu não sabia se chovia mais lá fora ou dentro de mim. As minhas lágrimas se confundiam com as lágrimas do céu.
E essa chuva que não para!

4 comentários:

célia musilli disse...

É, Carina, por estes dias chove muito dentro da gente..eu sou a própria "moça do tempo",no sentido psicológico...rs E vou me alegrar como um macaco, quando sair o sol...Por enquanto to fria que nem um peixe e ,mais um pouqinho, pintam as escamas...tomara que sejam douradas,, porque se virar um bagre ou um sapo...me atiro no Igapó de vez...eita chuva cruel!!!coach..coach...rs beijoss

Anônimo disse...

Carina, você tem o privilégio de poder conjugar o verbo chover: "Eu chovi muito olhando aquela chuva...".
É como quando o Djavan diz que "...você desagua em mim e eu oceano..." Ele oceanou! (ou será que ele quis dizer apenas que se transformou em um oceano?)
Sobre a presença da chuva no "Cem Anos de Solidão, acho que, como água representa vida, o Garcia Marques usa a chuva para mostrar a passagem do tempo, no livro conta a história de várias gerações. Ou não, como diria Caetano...

Aurélio

carina paccola disse...

Oi, Célia, e não é que apareceu um solzinho pra dar o ar da graça. Célia, precisamos tomar café. bjs

Aurélio, acho que vc tem razão sobre a água do garcía márquez.

Fiquei feliz com a visita de vocês. E, acreditem, achei hoje um outro guarda-chuva laranja, que agora é meu. beijos

Anônimo disse...

Chove demais, mesmo. Gosto mas desgosto. A chuva é poética até... mas se muito forte, me assusta; se demais, embolora o mundo, os dias. Espero que a chuva por aí continue (se insistir em continuar) só do lado de fora da janela. Beijo! (Eliane)