quinta-feira, agosto 17


Problemas urbanos

Isso não está me cheirando bem... Ando preocupado. Você se lembra de como começou essa lenga-lenga das pombas? Primeiro, as reclamações eram individuais, ali, no plano familiar, entre os amigos. Ninguém assumia, assim, que tinha levado uma cagada na cabeça. Parar o carro sob uma árvore, era cagada na certa. Todo motorista aprendeu que cocô de pomba corrói a tinta do carro. Depois, alguém resolveu contar quantos são esses seres sobrevoando por nossas cabeças. O número é assustador: 170 mil aves - uma para cada três londrinenses. As reclamações cresceram. O tema entrou na mídia. Os ecologistas defenderam os pobres animais dizendo que a reprodução descontrolada é conseqüência da devastação ambiental: acabaram com os predadores das pombas. Outros gritaram que elas transmitem doenças e as comparam a ratos voadores. Uns apelaram para a religião: são criaturas de Deus e representam a paz! Até que resolveram reunir todos os entendidos para buscar uma solução. O resultado está aí: extermínio! E você viu como... Não gosto nem de pensar. Agora, eles se voltaram contra nós. Os nossos desafetos aproveitaram a notícia de que uns e outros estavam traficando drogas para dizer que há uma superpopulação de mototaxistas. Há os que nos defendem, dizendo que somos conseqüência do desemprego e da falta de crescimento econômico. Todo mundo quer dar pitaco. Uns alegam que furamos o sinal vermelho, que costuramos e somos muito barulhentos. Engraçado. Faz tempo que não vejo carro com adesivo "Eu respeito motocicleta". Pronto! Agora essa... Audiência pública para debater o problema dos mototaxistas. E na Câmara. Você já reparou que aqui só estamos os mototaxistas. Cadê todo mundo? Ei, você não está sentindo um cheirinho de gás...

18 comentários:

Unknown disse...

Clap, clap, clap, parabéns!! Bem vinda ao maravilhoso universo dos blogs. Já está adicionada ao meu, é claro. E, além dos assuntos abordados podemos adicionar as árvores que estão sendo derrubadas no último mês, o cheiro de sangue de árvore que se espalha pelos arredores....isso não é gás, é nitroglicerina pura...beijões

carina paccola disse...

oi, karen, obrigada. acho que vai ser uma experiência legal. beijos, carina

Anônimo disse...

Carina, não entendi. Vc virou mototaxista? Está organizando uma manifestação da categoria na Câmara? E os pombos? Quem organiza a categoria dos pombos(as)? Eles são tantos e tão desprotegidos quanto os jornalistas. Foi por isso que vc virou mototaxista?
Beijos do Sérgio

Anônimo disse...

Parabéns! Alguém já me disse que coragem a gente cria,
portanto, eis aí o seu primeiro filhote da internet.
Vou acompanhar com carinho e muita atenção.
Te desejo muitas, muitas felicidades nessa nova empreitada.

Vá em frente, minha amiga!

Beijo grande.

Tereco.

Anônimo disse...

Sérgio, eu não seria uma boa mototaxista porque eu me perderia muito pelo caminho. não ia dar certo...
beijos, carina


Tereco, obrigada pela força.
Um beijão, Carina

Marília Côrtes disse...

Puxa, até que enfim você resolveu nos brindar com esse seu talento literário (afora aqueles outros já anteriormente conhecidos e compartilhados, é claro).Tim tim... ao sucesso da Carina! Um beijo e boníssima sorte!

carina paccola disse...

marília, querida, obrigada. apareça sempre. um beijão, carina

Anônimo disse...

Carinola, que bom que agora vou ter o gostinho de saber mais de vc, porque é difícil falar contigo, hein, prof.. saudade da porra..~beijos e achei massa o blog.. vou acompanhar e sempre que tiver uma foto nova nmo meu te aviso. beijo no nic. Jana

carina paccola disse...

oi, Jana, sua anônima, você se traduz em imagens, e eu, em palavras. também sinto muitas saudades. vê se aparece em londrina para conhecer as pombas - antes que elas acabem. beijos, carina

Aguinaldo Pavão disse...

Oi Carina. Parabéns pelo Blog. Desculpe, mas eu não entendi a tua posição sobre as pombas. Você é a favor ou contra o extermínio (independentemente de como será feito)? Essa discussão me parece muito interessante, pois coloca dificuldades morais a serem necessariamente ponderadas por aqueles que querem pensar com alguma seriedade sobre o assunto.
Abraço.

carina paccola disse...

oi, aguinaldo, obrigada pelo seu comentário. eu sou a favor porque há um descontrole dessa população. ora, se não há predadores naturais acho que elas devem ser eliminadas de alguma forma. obviamente que com assessoria dos estudiosos para que não gere outros problemas ambientais.
um abraço, carina

Aguinaldo Pavão disse...

Logo, para você não há problemas morais envolvidos. É isso, não?
Abraço.

carina paccola disse...

o duro de discutir com você é que você sempre coloca a moral no meio (brincadeirinha...) eu acho que a vida humana é mais importante. se o excesso de pombinhas pode vir a causar prejuízos ao homem ele deve tomar atitudes para acabar com esse excesso. acredito que a natureza está a serviço do homem. como nem sempre ele age de forma racional em relação a esse meio, ele acaba sofrendo as conseqüências dessa ação e, aí, precisa tomar novas medidas para consertar os estragos que ele mesmo causou. um abraço

Aguinaldo Pavão disse...

Carina, você acredita que “a natureza está a serviço do homem”. Isso soa como uma premissa religiosa. Acho que a natureza não está a serviço de ninguém. Aí é que está o ponto. Se adotarmos uma perspectiva que vou “naturalista”, matar e morrer são meros eventos naturais. Sendo assim, o poder dita as regras. Não há mais o certo e o errado. Se é natural o ser humano que, por sua inteligência e constituição física, mate pombas, por que seria antinatural que vinte homens matassem um homem? Por que é errado matar homens, mas não pombas? Mas então o problema não é da ordem da “natureza”, mas da ordem da justificação moral de nossas ações. Desculpe, só estou colocando essas idéias para esclarecer que, para mim, matar qualquer ser sensciente envolve, queiramos ou não, ponderações sobre o certo e o errado.
Mas eu entendo a tua posição e reafirmo os meus parabéns pelo tema escolhido.
Abraço e não fique zangada comigo. É apenas uma divergência sobre a vida das pombas, afinal.

carina paccola disse...

aguinaldo, não fico zangada, não. de forma alguma. pelo contrário, eu gosto dos seus comentários. acredito que a natureza esteja "a serviço" do homem justamente porque o homem pode agir sobre ela - por sua inteligência e força física. (embora diante de um tsunami e de muitos outros eventos da natureza ele pode ficar impotente. mesmo assim, se ele previr esses fenômenos, pode tentar se defender). por que seria antinatural matar outro ser humano e não as pombas? não acho que seja antinatural matar homens. afinal, a morte é da natureza humana e ela pode ser provocada por diversos fatores, inclusive por ação intencional de outros seres humanos. como vivemos em civilização, os homens estabelecem regras para que seja possível o convívio humano. as regras estabelecem o que é "certo" ou "errado". a nossa sociedade pune o homicídio. também acredito que a matança das pombas passa por esses conceitos. é por isso que a sociedade se organiza, reúne seus conhecimentos sobre o tema "pombas" e toma suas decisões. quando eu digo que concordo com o extermínio desses seres, neste momento, é porque ponderei sobre os argumentos apresentados até então e conclui que essa pode ser a melhor solução. pelo que entendi, você, então, discorda dessa atitude contra as pombas?
um abraço

Aguinaldo Pavão disse...

Desculpe, mas as razões alegadas se prendem principalmente ao fato de que nossos carros estão sendo alvo dos tiros das pombas, ou em virtude de nossas cabeças estarem sendo eleitas terreno de adubos orgânicos. É isso? Extermínio de pombas por causa disso? Nossos queridos automóveis e nossas geniais cabeças devem ser conservadas em sua assepsia e, portanto, que morram aos pombos. Corrija-me se entendi mal.
Abraço.

carina paccola disse...

Por mim, as pombas podem ficar aí sujando o mundo à vontade. Eu estou aqui assistindo a esse debate e entendi que esse excesso de aves pode causar mal à saúde humana. Nesse sentido, defendo um controle desses animais. Ontem uma jornalista amiga minha disse que foi publicada matéria na Folha de Londrina dizendo que a reprodução das aves é tão rápida que matá-las não vai resolver. Teria que haver uma mudança no manejo da colheita agrícola para que não haja desperdício dos grãos que alimentam as aves. Ou seja, uma solução a longo prazo. A matéria mostra (dei uma busca hoje na internet) que o abate de pombas e de ovos já foi feito em algumas cidades, sem nenhum resultado. Não estou levantando nenhuma bandeira de extermínio das pombas. Inclusive, o meu texto foi absolutamente neutro até porque acredito que a opinião dos cidadãos comuns nem deve ser levada em conta para uma decisão dessas. E tenho ponderado todas as argumentações apresentadas. O professor da USP diz que o único problema são as fezes. Moradores de prédios ao redor do bosque reclamam que o pó das fezes sobe e incomoda bastante. Se não causar dano à saúde humana, então concordo que elas devem ser deixadas em paz.
Um abraço

Cristiana Soares disse...

Minha mãe comentou esse problema das pombas... mas não sei que posição tomar, porque tb acho que a natureza não serve ao homem. Mas é obvio que se algo está saindo do controle, muito provavelmente pela interferência do próprio homem, agora ele vai ter que encontrar a solução, né? Homens e pombas. Farinha do mesmo saco. Bah.