Minha impaciência é um monstro que tento domar todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos. Um monstro que devora e apavora.
Todas as manhãs eu faço um pacto comigo mesma para ter paciência. E nas horas que se sucedem, é um constante quebrar e repactuar minha intenção.
À espera do elevador, minha resignação pode ser confundida com paciência quando na verdade é apenas uma letargia mental por causa do sono. Diante dos primeiros segundos de lentidão do carro à minha frente para arrancar no sinal verde, o monstro já ruge dentro de mim. Se ele pudesse devoraria todos os motoristas lentos, e todos os motoqueiros apressados.
Com uma patada, o monstro derrubaria todos os participantes de reuniões intermináveis que insistem em esclarecer pontos já esclarecidos ou em entabular dúvidas já entabuladas. Com um sopro o monstro entorpeceria todos aqueles que exigem de mim um suspiro longo, mas disfarçado, de quem tenta atropelar tudo e fazer tudo no tempo que eu gostaria e não no tempo normal das coisas.
Esse monstro às vezes me transforma em monstra. Ainda bem que eu sei que ele está ali e fico feliz quando consigo domá-lo - é uma conquista contínua - porque já me disseram que quando você vence um defeito, você adquire a virtude oposta. E eu fico admirada quando vejo a paciência que eu tenho.