segunda-feira, julho 27

Jogo de sinuca

Na minha época de TV – há 20 anos – éramos eu, um cinegrafista, um operador de VT e um motorista. Ficávamos longe, numa cidadezinha pequena, e tínhamos que percorrer a região atrás de matérias. Havia um horário para enviar a matéria para Londrina, via malote. Então depois do expediente, a próxima parada era um boteco com uma mesa de sinuca.

Eu e o cinegrafista contra o operador e o motorista. Eu era café-com-leite. Mas havia boa vontade dos meus colegas. Eles me ensinavam como me posicionar, apontavam a melhor bola para mim e diziam até a intensidade com que eu devia jogar. Meu principal instrutor era o motorista, meu adversário. E todos comemoravam os meus acertos.

Às vezes eu errava tanto que meu parceiro perdia a paciência. Eu só ria. Uma vez, lá estávamos num botecão perto de uma grande empresa. Logo em seguida o bar encheu-se de operários. Naquele dia, especialmente, meu parceiro reclamava muito das minhas jogadas. Ele estava mesmo sem paciência.

Eu fui ficando constrangida porque quanto mais ele falava mais eu errava. Até que um dos operários me chamou para ser parceira dele. É claro que eu aceitei. O melhor é que o cara era tão bom que jogava por mim e por ele. Então, mesmo quando eu errava, ele salvava. A nossa dupla ficou imbatível. Ninguém nos tirava da mesa. Nem mesmo o cinegrafista. Eu estava vingada...

2 comentários:

Aguinaldo Pavão disse...

Belíssimo texto. Também gostei muito do sobre a chuva.
Bj

carina paccola disse...

Obrigada, mas às vezes acho que você é muito gentil... beijos