Estava cinza a manhã na cidade grande. Desci no primeiro ponto após perceber que havia tomado um ônibus errado. Mas isso não fazia muita diferença porque eu não sabia ao certo que rumo tomar. Na verdade, queria era encontrar um rumo para o meu coração.
Caminhando a esmo, me deu uma vontade súbita de cortar os cabelos. Ignorei o fato de que não fazia ainda uma semana do último corte.
Quem sabe na cidade grande eu encontraria o corte ideal!
Entrei num salãozinho quase vazio. A cabeleireira começou a mexer nos meus fios, enquanto perguntava o que eu queria. Me mostrou aquelas revistas com cortes variados. A fala mansa me acariciava os ouvidos. Logo outra cabeleireira se aproximou e as duas fizeram uma avaliação do meu cabelo. Apontaram para mim duas alternativas.
Eu expliquei que na verdade estava com muita dúvida. Então, a primeira aconselhou: - Na dúvida, é melhor não cortar. E a outra, sábia, emendou: - Enquanto a gente não resolve o que se passa aqui (e apontou o próprio peito), não adianta mexer aqui (mostrou os cabelos). E ela deu exemplo: - Tem cada uma que chega aqui... Outro dia veio uma que havia cortado em casa a própria franja... Às vezes nem dá para arrumar.
Agradeci e saí com os mesmos cabelos com que havia entrado. E me senti um pouco mais confortada.
quinta-feira, janeiro 15
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7 comentários:
Ah, mas um belo corte de cabelos pode fazer milagres! E ajudar "lá" dentro...
Bjs!
Tem razão... beijos
Afora suas elucubrações interessantes e bem de acordo com o universo dos cabelos e corações femininos, achei legal também que essas cabeleireiras não foram mercenárias. Ao não poderem conformar seus cabelos às aspirações de seu coração rsrsr, deixaram uma cliente em potencial sair de lá sem gastar nenhuma graninha.Coisa rara hoje em dia!
bjs
As vezes as forças divinas colocam no caminho um salão de beleza pra confortar os corações femininos...
Pra você ver como não é tão difícil agradar uma mulher...
Mas eu tenho a primazia, querida Carina. Fui o primeiro a ouvir essa história, no salão dos retratos do século XIX na Pinacoteca do Estado.
É verdade, meu querido. Adorei o nosso encontro. Não foi você que sugeriu que virasse um post? beijos
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