domingo, julho 20

Unhas vermelhas


Foto: Nícolas Paccola Rezende

Ao contrário dos outros bebês, ele reconhecia a sua mãe pelas unhas pintadas de vermelho. Enquanto os outros se acalmavam ao sentir o cheiro da mãe, ele se sentia reconfortado quando via as unhas vermelhas.

Essa sensação sempre o acompanhou. Adorava ir com a mãe à manicure e ficava maravilhado diante de tantos tons de vermelho nos vidrinhos transparentes de esmalte. Na escola, gostava mais das professoras que tinham as unhas pintadas de vermelho.

Não conseguia disfarçar o fascínio que sentia pelas mulheres que tinham sangue nas unhas. Todas as que namorou tinham isso em comum. Mas na hora de escolher uma para se casar, surpreendeu todos: Casou-se com uma manicure que não pintava as próprias unhas. Ela era dona de um salãozinho de beleza do bairro. Foram morar nos fundos do salão.

A mãe dele era quem mais estranhava a nora, que tinha as unhas bem feitas, mas incolores. E ele demonstrava sempre uma grande paixão pela mulher. Assim que terminava o expediente, voltava logo para casa.

A mulher, quando o via, dispensava as últimas clientes. Então podia se dedicar ao seu cliente mais especial: era com muito esmero que ela, à noite, esmaltava de vermelho as unhas do marido. E com mais atenção ainda, na manhã seguinte, limpava com acetona todos os cantinhos da unha para não deixar nenhum vestígio da cor de sangue. Ambos esperam ansiosamente a noite seguinte para repetir o ritual.

10 comentários:

Cristiana Soares disse...

Só não sei como conseguem não deixar vestígios de vermelho no dia seguinte...

Heheheh...
Bela estréia no conto, Carina.

Aguinaldo Pavão disse...

Sempre disse: uma literata.
Gostei muito. "Sangue nas unhas". Ótimo.

carina paccola disse...

Obrigada, Aguinaldo. Eu me diverti escrevendo este texto.

Anônimo disse...

bem legal a foto e o texto gostei muito.
Parabéns.
Beijo
Paulinha :D

Anônimo disse...

que texto lindo, Carina

carina paccola disse...

Obrigada, querido.
bj

carina paccola disse...

Oi, Paulinha, que bom que você gostou...
beijos

Anônimo disse...

Concordo com a Cristiana! Eu também não sei como não deixar os vestígios!
Lindo conto, adorei!
Bjs!

carina paccola disse...

Acho que só em contos é possível não deixar vestígios...
beijos, Selma.

Anônimo disse...

Carina, bom dia!
Por gentileza, entre em contato comigo pelo número (15) 3231-6874 ou por e-mail marketing@hslentes.com.br
Preciso conversar com você a respeito de uma de suas crônicas.
Agradeço, aguardando retorno.
Atenciosamente,

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Departamento de Marketing HS
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