Quando era estudante, meu pai bancava todos os meus custos por aqui: moradia, alimentação, transporte e todas as necessidades básicas. Mas o orçamento era apertado. Para usar o dinheiro do ônibus com outras coisas – e também porque o ônibus era sempre apinhado e demorava muito – eu ia e voltava de carona todo dia da UEL. A não ser em dias de chuva. E quando havia greve no transporte coletivo, eu não ia à UEL, “afinal os ônibus estavam em greve” – o que era mais frequente naquela época, em meados de 1980.
Algumas vezes eu cheguei a pegar ônibus sem um tostão no bolso. A caminho da UEL, sempre encontrava um colega estudante que me cedia um passe. Por um período morei longe das rotas de carona, então pegava ônibus todo dia. Me lembro de um dia em que entrei no ônibus sem nenhum dinheiro e também não encontrei ninguém conhecido. Quando o busunga chegou no ponto do CCH, avisei o cobrador que eu ia pular a roleta porque estava sem dinheiro. Ele não gostou nada, nada. E eu, me achando a maior justa do mundo, disse: - Ah, o senhor não queria que eu faltasse à aula porque estava sem dinheiro, né?
Eu também já morei no prédio da Rádio Londrina, bem no centro, e o tanque da lavar roupas do apartamento estava com problema, então não podia ser usado. Um sábado de manhã eu precisava lavar umas peças de roupa e resolvi ir à república do meu irmão, que morava no Jardim Presidente. Mas eu só tinha o dinheiro de ida para o ônibus. Pensei: - Meu irmão financia a minha volta.
Naquela época as repúblicas não tinham telefone. Celular ainda não existia. Coloquei as roupas numa sacolinha e lá fui eu. Chegando na casa dele, não havia ninguém. Mas era livre o acesso aos fundos da casa. Entrei, lavei minha roupa, torci, dobrei e guardei de volta na sacolinha. Ia estendê-la no varal de casa que ficava numa sacada. Como eu já tinha know-how para pegar ônibus sem dinheiro, não tive dúvidas, entrei num amarelão da TCGL e não me lembro do final. Só sei que cheguei em casa sã e salva.
Alguns anos depois, já formada, eu trabalhava num jornal impresso. Numa sexta à noite fui a uma festa sem bolsa porque a que eu tinha não combinava com meu vestido. Deixei a carteira e a chave do apartamento – eu morava sozinha na av. Maringá – na bolsa de uma amiga. Ela foi embora antes e levou os meus pertences. Fiquei sem chave e sem dinheiro.
Acabei indo dormir na casa de outra amiga jornalista, que trabalhava numa rádio e morava com os pais. No dia seguinte, ela saiu antes de mim porque entrava mais cedo no trabalho e me emprestou uma roupa – porque afinal o meu vestido não combinava com o meu trabalho. Tomei café com a mãe dela, mas fiquei com vergonha de dizer que estava sem dinheiro para o ônibus.
E mais uma vez – a última – peguei o amarelão sem lenço nem documento – muito menos dinheiro. Ao chegar ao Terminal, falei para o cobrador que ia descer pela porta traseira porque estava sem dinheiro. Ele também não gostou nada, nada, mas não ia deixar isso assim. Falou que ia chamar o fiscal. Aí quem amarelou fui eu. Mas fui salva por uma senhora que havia ouvido a conversa e generosamente se ofereceu para pagar a minha passagem...
Quando lembro disso fico pensando que a minha cara-de-pau não tinha mesmo limite. Eu fiquei com vergonha de pedir dinheiro para a mãe da minha amiga, mas não tive vergonha do cobrador... É muita cara-de-pau!
terça-feira, maio 25
segunda-feira, maio 24
Conselhos de mãe
Depois de falar pela terceira vez: – Filho, vai comer para não esfriar a comida!, ele respondeu me imitando, com voz feminina:
– Põe a blusa!
– Põe sapato!
– Põe a meia!
– Vai escovar os dentes!
– Passou fio dental?
– Desliga essa TV!
– Desliga o computador
– Vai dormir que já é tarde!
– Corta as unhas!
– Corta o cabelo!
E pra finalizar:
– Corta os pulsos!
– Põe a blusa!
– Põe sapato!
– Põe a meia!
– Vai escovar os dentes!
– Passou fio dental?
– Desliga essa TV!
– Desliga o computador
– Vai dormir que já é tarde!
– Corta as unhas!
– Corta o cabelo!
E pra finalizar:
– Corta os pulsos!
terça-feira, maio 11
A Seleção
Na minha Seleção, ia ter o goleiro Marcos, o Ronaldinho Gaúcho e também o Adriano – que na verdade eu nunca vi jogar, mas não gosto da ideia de o cara ser punido por mau comportamento. Eu sempre fico com pena daqueles jogadores que ficam na expectativa e não são chamados. Ainda bem que chamaram o Robinho, que é o único que eu conheço de fato. E assim a Seleção fica com pelo menos um jogador famoso - pelo menos para os ignorantes como eu.
quarta-feira, maio 5
Infância
Eu aprendi a ler aos cinco anos. E eu lia os gibis da Mônica. E eu tinha uma vizinha Mônica, que era um ano mais velha do que eu. E eu gostava muito de brincar com ela. Mas eu não entendia como o “menino” do gibi tinha nome de menina. É que como a Mônica do gibi batia nos meninos da rua, eu achava que era um menino com nome de menina.
E a minha irmã mais nova gostava muito de brincar comigo. Mas eu não queria brincar com ela. Queria só brincar com a Mônica. Então, um dia, enquanto minha irmã “batia a cara” no esconde-esconde, eu realmente me escondi na casa da Mônica e fiquei lá brincando a tarde inteira. Tudo para me esconder da minha irmã. E quando eu me lembro disso, mesmo depois de tanto tempo, me sinto bem culpada por ter feito isso com uma criança.
E a minha irmã mais nova gostava muito de brincar comigo. Mas eu não queria brincar com ela. Queria só brincar com a Mônica. Então, um dia, enquanto minha irmã “batia a cara” no esconde-esconde, eu realmente me escondi na casa da Mônica e fiquei lá brincando a tarde inteira. Tudo para me esconder da minha irmã. E quando eu me lembro disso, mesmo depois de tanto tempo, me sinto bem culpada por ter feito isso com uma criança.
terça-feira, maio 4
quinta-feira, abril 22
O gosto e o desgosto
O que é que nos atrai e o que é que nos repele?
Por que, com alguns, somos logo de cara simpáticos? O que vemos tão rapidamente no outro que já cria identidade? E o que é que, mal vemos, mas já sabemos que não dá liga?
Como é que nasce uma paixão? Por que é que com o tempo vai crescendo um gostar que parece não ter fim?
Como é que o pensamento pode ir tão longe para ficar tão perto de quem gostamos?
Até que ponto é um gosto gostado ou é um gosto construído?
E, depois, quando quebramos a cara, aí faz-se a história ao inverso. Pensa-se tudo ao contrário para inverter o gosto. O que é gosto deve virar desgosto. E isso dói. Porque tem que pegar tudo de bom e transformar em tudo de ruim para conseguir esquecer quem deve ser esquecido.
E em vez de olharmos só o que gostamos no outro, passamos a valorizar só o que é ruim. E aí a gente já nem entende como é que podíamos antes ter visualizado tanta coisa boa em quem parece que só tem coisa ruim.
E aí será que o desgosto é desgosto desgostado ou desgosto construído?
Uma coisa é certa: é mais gostoso gostar do que desgostar.
Por que, com alguns, somos logo de cara simpáticos? O que vemos tão rapidamente no outro que já cria identidade? E o que é que, mal vemos, mas já sabemos que não dá liga?
Como é que nasce uma paixão? Por que é que com o tempo vai crescendo um gostar que parece não ter fim?
Como é que o pensamento pode ir tão longe para ficar tão perto de quem gostamos?
Até que ponto é um gosto gostado ou é um gosto construído?
E, depois, quando quebramos a cara, aí faz-se a história ao inverso. Pensa-se tudo ao contrário para inverter o gosto. O que é gosto deve virar desgosto. E isso dói. Porque tem que pegar tudo de bom e transformar em tudo de ruim para conseguir esquecer quem deve ser esquecido.
E em vez de olharmos só o que gostamos no outro, passamos a valorizar só o que é ruim. E aí a gente já nem entende como é que podíamos antes ter visualizado tanta coisa boa em quem parece que só tem coisa ruim.
E aí será que o desgosto é desgosto desgostado ou desgosto construído?
Uma coisa é certa: é mais gostoso gostar do que desgostar.
sexta-feira, abril 16
Se eu pudesse...
Faz muito tempo que eu não vejo um homem negro, que não tem as pernas, que se locomovia com a ajuda das mãos pelo Calçadão de Londrina. Ele praticamente se arrastava e dizia com uma voz bem forte: Se eu pudesse trabalhar eu trabalharia, mas como eu não posso... (não me lembro do fim da frase mas era um pedido de dinheiro).
Não sei onde ele não-anda não-trabalhando. Com aquela voz, ele teria potencial para ser locutor de rádio ou daquelas kombis tipo “pamonha, pamonha, pamonha...”
E eu tenho vontade de dizer: “Se eu pudesse não trabalhar, eu não trabalharia...”
Não sei onde ele não-anda não-trabalhando. Com aquela voz, ele teria potencial para ser locutor de rádio ou daquelas kombis tipo “pamonha, pamonha, pamonha...”
E eu tenho vontade de dizer: “Se eu pudesse não trabalhar, eu não trabalharia...”
quarta-feira, abril 14
Eu tenho muito medo...
Todas do site do UOL da tarde desta quarta-feira, 14 de abril:
“Subiu para 589 o número de mortos em decorrência do terremoto que atingiu nesta quarta-feira (14) a província ocidental de Qinghai, no noroeste da China, de acordo com balanço da agência estatal chinesa Xinhua.”
“Segundo o último balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros no início da tarde desta quarta-feira (14), subiu para 251 o número de mortes confirmadas em todo o Estado do Rio de Janeiro devido às chuvas da semana passada-- 165 mortes em Niterói, 66 no Rio, 16 em São Gonçalo, uma em Petrópolis, uma em Nilópolis, uma em Paracambi e uma em Magé. De acordo com os bombeiros, um corpo foi encontrado soterrado em um deslizamento ocorrido no bairro do Andaraí, no Rio, e o outro, também vítima de um deslizamento de terra, no bairro 340 em Niterói. O número de vítimas, entre mortos e feridos, chega a 412.”
“Pelo menos 110 pessoas morreram e 200 ficaram feridas em uma tempestade que destruiu mais de 50 mil casas no estado indiano de Bengala e a limítrofe Bihar, informaram hoje fontes oficiais.
A tempestade começou ontem à noite de Dinajpur, com ventos de até 125 km/h que arrastaram grandes quantidades de areia. Mais tarde, a tempestade seguiu até os distritos de Araria e Purnia do estado contígua de Bihar, e afetou uma pequena área do estado de Assam, no nordeste indiano.”
“Uma erupção vulcânica na Islândia liberou fumaça preta e vapor branco nesta quarta-feira e derreteu parte de uma geleira, provocando uma forte inundação que ameaça danificar rodovias e pontes.
A nuvem de fumaça foi vista saindo da cratera abaixo de uma camada de 200 metros de gelo da geleira Eyjafjallajokull, próximo ao local de outra erupção que começou no mês passado e arrefeceu apenas na segunda-feira, segundo a rádio estatal islandesa.
A Autoridade de Defesa Civil Islandesa ordenou que 700 pessoas saíssem de suas casas e disse que o gelo que estava derretendo da geleira havia causado grandes inundações que ameaçavam danificar rodovias e diversas pontes, disse uma autoridade à Reuters.”
“Uma equipe de pesquisadores britânicos foi surpreendida por uma rachadura gigante no gelo logo abaixo de uma das barracas de seu acampamento, no Ártico. Os três integrantes da equipe Catlin Arctic Survey estão na região para uma pesquisa anual que avalia os efeitos das mudanças climáticas.
A pesquisadora Ann Daniels conta que os pesquisadores já tinham observado o gelo se movimentando. Na manhã seguinte, depois dos barulhos, o gelo começou a se abrir de repente.
A equipe de pesquisadores britânicos também está tendo que enfrentar outras dificuldades na região, como grandes extensões de águas abertas, gelo se movimentando rapidamente e placas de gelo deslizando umas sobre as outras.”
“Subiu para 589 o número de mortos em decorrência do terremoto que atingiu nesta quarta-feira (14) a província ocidental de Qinghai, no noroeste da China, de acordo com balanço da agência estatal chinesa Xinhua.”
“Segundo o último balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros no início da tarde desta quarta-feira (14), subiu para 251 o número de mortes confirmadas em todo o Estado do Rio de Janeiro devido às chuvas da semana passada-- 165 mortes em Niterói, 66 no Rio, 16 em São Gonçalo, uma em Petrópolis, uma em Nilópolis, uma em Paracambi e uma em Magé. De acordo com os bombeiros, um corpo foi encontrado soterrado em um deslizamento ocorrido no bairro do Andaraí, no Rio, e o outro, também vítima de um deslizamento de terra, no bairro 340 em Niterói. O número de vítimas, entre mortos e feridos, chega a 412.”
“Pelo menos 110 pessoas morreram e 200 ficaram feridas em uma tempestade que destruiu mais de 50 mil casas no estado indiano de Bengala e a limítrofe Bihar, informaram hoje fontes oficiais.
A tempestade começou ontem à noite de Dinajpur, com ventos de até 125 km/h que arrastaram grandes quantidades de areia. Mais tarde, a tempestade seguiu até os distritos de Araria e Purnia do estado contígua de Bihar, e afetou uma pequena área do estado de Assam, no nordeste indiano.”
“Uma erupção vulcânica na Islândia liberou fumaça preta e vapor branco nesta quarta-feira e derreteu parte de uma geleira, provocando uma forte inundação que ameaça danificar rodovias e pontes.
A nuvem de fumaça foi vista saindo da cratera abaixo de uma camada de 200 metros de gelo da geleira Eyjafjallajokull, próximo ao local de outra erupção que começou no mês passado e arrefeceu apenas na segunda-feira, segundo a rádio estatal islandesa.
A Autoridade de Defesa Civil Islandesa ordenou que 700 pessoas saíssem de suas casas e disse que o gelo que estava derretendo da geleira havia causado grandes inundações que ameaçavam danificar rodovias e diversas pontes, disse uma autoridade à Reuters.”
“Uma equipe de pesquisadores britânicos foi surpreendida por uma rachadura gigante no gelo logo abaixo de uma das barracas de seu acampamento, no Ártico. Os três integrantes da equipe Catlin Arctic Survey estão na região para uma pesquisa anual que avalia os efeitos das mudanças climáticas.
A pesquisadora Ann Daniels conta que os pesquisadores já tinham observado o gelo se movimentando. Na manhã seguinte, depois dos barulhos, o gelo começou a se abrir de repente.
A equipe de pesquisadores britânicos também está tendo que enfrentar outras dificuldades na região, como grandes extensões de águas abertas, gelo se movimentando rapidamente e placas de gelo deslizando umas sobre as outras.”
terça-feira, abril 13
A busca
O marido não lhe dava o devido valor. Pelo contrário. Toda vez que podia a criticava sem dó nem piedade. Talvez para se autoafirmar. Talvez para esconder que na verdade ela era muito melhor do que ele. Talvez porque a competência dela realçasse a incompetência dele. E talvez porque se sentisse inferior por ser sustentado financeiramente por ela. Não por muito tempo.
Ele finalmente arrumou um emprego. Mas era bem longe de casa. E foi-se sozinho. Queria que ela o acompanhasse. Ela até pensou na hipótese. Chegou a visitá-lo na nova moradia. Mas não se enxergou naquele lugar. Aquele lugar não tinha nada a ver com ela. E, pensando bem, nem ele tinha mais nada a ver com ela. Mas, como estavam juntos havia muito tempo, resolveu segurar as pontas. Aí começaram as crises de ciúmes. Quando se encontravam, ela não podia mais nem cumprimentar antigos namorados que ele se corroía. Ela então passou a se sentir presa mesmo na ausência dele. Começou a perder a espontaneidade com medo das reações ciumentas. E viu que não valia mais a pena.
Libertou-se. Amou de novo. Mudou-se para o outro lado do mundo. Conheceu lugares e pessoas diferentes. Fez novos amigos. Mudou de novo para um lugar ainda mais longe. Uma cultura muito diferente da sua. Estava sozinha novamente. E voltou-se para dentro. Não no sentido egoísta. Mas para conhecer-se melhor. Para tentar entender as suas dores, angústias e tristezas e, quem sabe, encontrar momentos de felicidade.
Ele finalmente arrumou um emprego. Mas era bem longe de casa. E foi-se sozinho. Queria que ela o acompanhasse. Ela até pensou na hipótese. Chegou a visitá-lo na nova moradia. Mas não se enxergou naquele lugar. Aquele lugar não tinha nada a ver com ela. E, pensando bem, nem ele tinha mais nada a ver com ela. Mas, como estavam juntos havia muito tempo, resolveu segurar as pontas. Aí começaram as crises de ciúmes. Quando se encontravam, ela não podia mais nem cumprimentar antigos namorados que ele se corroía. Ela então passou a se sentir presa mesmo na ausência dele. Começou a perder a espontaneidade com medo das reações ciumentas. E viu que não valia mais a pena.
Libertou-se. Amou de novo. Mudou-se para o outro lado do mundo. Conheceu lugares e pessoas diferentes. Fez novos amigos. Mudou de novo para um lugar ainda mais longe. Uma cultura muito diferente da sua. Estava sozinha novamente. E voltou-se para dentro. Não no sentido egoísta. Mas para conhecer-se melhor. Para tentar entender as suas dores, angústias e tristezas e, quem sabe, encontrar momentos de felicidade.
sexta-feira, abril 9
As pulseirinhas do sexo
Está cada vez mais ridícula a proibição do uso das “pulseirinhas do sexo” pelos Poderes Públicos. Primeiro, foi a Vara da Infância de Londrina, depois a Câmara, e agora estão querendo proibir em todo o Estado.
Ah, dá licença e faiz favor, como é que a Justiça pode proibir o uso de um adereço? Quem pode proibir uso de minissaia, pulseiras, piercing e etc. é pai e mãe. Como mãe, eu posso proibir meu filho de usar determinada roupa ou adereço. E não por muito tempo. Apenas enquanto ele estiver sob minha tutela. E escola também pode, sob a justificativa de que determinado objeto causa tumulto ou atrapalha as atividades de ensino. E só.
O pior é que a sociedade concorda com essas imposições. Até porque o significado que se dá às pulseirinhas pode ser transferido para qualquer outro objeto. Os adolescentes podem inventar que agora o significado de cada cor das pulserinhas vale também para as meias. Ou seja, se eu usar meia laranja é porque eu quero uma "dentadinha do amor". E aí? Vamos proibir as meias?
quinta-feira, abril 8
Onde isso vai parar?
Primeiro, eles aprendem a andar, depois transformam sons ininteligíveis em frases bem articuladas e passam a usar garfo e faca para comer. Não demora muito, ficam mais altos que você. E agora vêm com essa: vão votar pela primeira vez!
Então eu me pergunto: - Onde é que isso vai parar?
Então eu me pergunto: - Onde é que isso vai parar?
quarta-feira, abril 7
O reencontro




Rever meus amigos foi bem mais que divertido, foi emocionante. Eu não contava com isso. Não achei que fosse me emocionar. Depois de 20 anos, na verdade, mudamos pouco. Na essência continuamos os mesmos. Alguns engordaram, outros cortaram os cabelos, a barba, teve quem deixou de usar óculos, quem passou a usar, mas depois de 10 minutos de conversa dava para constatar: -Ah, realmente é ele mesmo!
A Vânia veio com a família. A filha é coisa de cinema de tão linda. A Vânia continua com o mesmo cabelo comprido, o mesmo estilo de se vestir, apenas a voz um pouco mais grave. Continua com uma visão esotérica do mundo, procurando sempre uma vida alternativa.
A Priscila trouxe as filhas num envelope: as fotos mostram que elas também são lindas. Moramos juntas numa república no Edifício Cínzia. Relembramos histórias, rimos muito. Toda vez que eu ouço “Ela vem toda de branco, toda molhada e despenteada....” me lembro da Prica. A Edra disse que é porque ela tinha um macacão branco. Deve ser, e também porque tem lindos cabelos enrolados.
O Luisinho veio com a esposa. Ele mais uma vez arrasou no palco com sua voz doce. Como pode depois de tanto tempo manter tanta doçura na voz e no jeito? Mostrei a ele uma foto em que estamos eu, ele e a Denise. Ele disse: - Meu filho se parece comigo.
Seu parceiro de palco, o Marco, continua magro e com cabelos pretos. Não sei porque, mas achei que ia encontrar o Marcão gordo e de cabelos grisalhos. Nada. Super moço ele está. E continua o mesmo querido de sempre.
A Ângela e o Tadeu trouxeram os filhos, dois rapazes que também são músicos.
O show de todos foi um grande presente. Tocaram Aurélio, Pedrinho, o Marcelo (irmão do Marco) e até o Ruizinho, que agora é médico. Também a Tetê, que canta, e o marido Jr., da bateria, que eram da Arquitetura.
Com a Sílvia Helena o encontro foi mais rápido. Mas não menos intenso.
O Ariel é sempre divertido. Passeando pela cidade, lembramos do Castelinho, do Café Set e do Sapo’s – bares da Higienópolis que não existem mais. Esqueci de falar pra ele do Jully Pop – que hoje virou loja de animais na esquina da JK com a Goiás.
E o Loyolla veio acompanhado de uma esposa linda e de um Loyollinha que é uma graça.
A filha da Carla se surpreendeu ao ver que todos nós temos a mesma idade. Alguns mais, ninguém menos. A Silvana comemorou o aniversário conosco. E quase chorou de emoção!
Teve ainda Cláudia, Mário Marins, Rogério, Horner, Sato, Ângelo, a Soniah Weill. Esqueço alguém?
Foi um reencontro muito legal. Às vezes até parecia um sonho reunir no mesmo tempo e espaço gente de outros tempos e que hoje ocupam outros espaços
terça-feira, março 30
As cores dos desenhos


Os mosaicos são coloridos. Uma cor mais linda que a outra. Depois de imaginar, tem que traçar o desenho. E escolher as cores. Para isso, é só brincar, colocar uma pedra colorida ao lado da outra e ver a combinação que mais te agrada. Depois, tem que cortar. Na forma do desenho. E colar. E colar. E recortar. E colar. É um trabalho lento. E enquanto você recorta e cola (e não é Control C Control V. É no braço!), mil imagens e pensamentos passam pela sua cabeça. E você sonha. E voa. E viaja. Pensa em mil desenhos e cores e em mil pessoas para quem você daria cada um daqueles vidrinhos coloridos em formatos de desenhos. E aí você pensa que gostaria de passar o resto da vida recortando e colando. Mas tem que parar para limpar a casa, fazer comida ou lavar a louça, ou para dormir porque já é tarde. E no outro dia, cedo, você tem que levantar para trabalhar. E não é nenhum trabalho colorido.
Eu sei o que você fez em 1984

Vânia (apoiada na árvore), Gelson (da Arquitetura, em pé), Loyola e Silvana
Não é por nada, não. Mas Páscoa eu gosto de passar em Piraju, com a minha família. E eu demorei pra sacar que a festa havia sido marcada bem no feriado. Reclamei. Mas aí já era tarde. E ouvi o seguinte argumento – que considero justo e convincente – é, difícil é organizar, criticar é fácil. Então cedi ao apelo do reencontro com velhos amigos e resolvi ficar.
Estou um pouco ansiosa. Tem os que nunca ficaram longe: Rogério Fischer, Dirceu Herrero, Aurélio Albano, Silvana Leão, Denise Gentil, Cláudia Romariz, Carla Sehn, Edra, Sílvia Duarte, o Alexandre Horner e o Rodrigo Garcia Lopes (acho que o Rodrigo não era 84/1, mas acabou sendo). Tem o pessoal de RP, a Stela Cavichioli, a Patrícia Urizzi.
Tem os que, mesmo longe, revi algumas vezes: Graça Milanez, Denise Sacco, Ariel Palacios, Cleuza. E tem a Marisa, com quem troquei email recentemente. O Luizinho também vi uma vez.
E há quem eu não veja há pelo menos 16 anos: Rose Castro, Vânia, Priscila, Marco Beato, Loyola, Pitágoras, Péricles e o César (nossa, este agora eu desenterrei).
E tem os que se foram logo no início do curso: Reinaldy, Carlos (o Massa) e o Mori. Desses, nunca mais tivemos notícia.
Não sei quantos virão, mas acredito que será divertido.
segunda-feira, março 29
Crimes e crimes
Como a maioria da sociedade brasileira, concordei com a condenação do casal Nardoni pela morte da menina Isabella. A versão deles sempre me pareceu inverossímel, e acredito que o trabalho da perícia foi convincente na produção de provas.
Mas o julgamento e a condenação – a poucos dias antes de o crime completar dois anos – me fizeram pensar que, se houvesse ocorrido em Londrina, muito provavelmente seria um crime sem solução – ou sem julgamento.
Basta lembrar que este ano faz 10 anos que a professora de música Estela Pacheco teve o corpo jogado pela sacada do apartamento de Mauro Janene, num prédio de alto padrão aqui em Londrina. Em sua versão, o agropecuarista disse que ela havia se jogado. Exames do IML mostraram que, quando o corpo de Estela foi jogado, ela já estava morta. Além de Mauro Janene, estavam no apartamento – dormindo – a mãe e a irmã dele. Nada aconteceu até agora.
Em 1993, a doméstica Cleonice Fátima Rosa foi degolada no corredor externo do apartamento da artista plástica Wanda Pepiliasco, que morava com o marido e dois filhos adolescentes. Este caso também nunca mais voltou à cena. Se fosse o contrário, se alguém da família Pepiliasco aparecesse morto, acredito que a Cleonice estaria presa até hoje – já julgada e condenada. Tanto é que, na época, a outra empregada que trabalhava e morava com Cleonice na casa dos patrões chegou a ser presa como suspeita. Depois verificou-se que ela havia sido torturada para confessar. Os suspeitos são da família...
E tem ainda o caso da enfermeira Suely que atirou em Jaqueline Lobo, que na época namorava o ex-marido da enfermeira, um médico ginecologista. A enfermeira foi presa em flagrante. A vítima morreu alguns dias depois. O crime foi cometido num escritório de advocacia ao lado da Folha de Londrina, onde a moça trabalhava. Isso foi há bem mais de 10 anos. A enfermeira aguarda até hoje o julgamento em liberdade.
O que os três crimes londrinenses têm em comum? Nos três casos, os acusados são mais ricos que as vítimas. Portanto, a chance dos Nardoni em Londrina de sair impune – imagine se eles seriam julgados em dois anos... – seria bem maior.
Mas o julgamento e a condenação – a poucos dias antes de o crime completar dois anos – me fizeram pensar que, se houvesse ocorrido em Londrina, muito provavelmente seria um crime sem solução – ou sem julgamento.
Basta lembrar que este ano faz 10 anos que a professora de música Estela Pacheco teve o corpo jogado pela sacada do apartamento de Mauro Janene, num prédio de alto padrão aqui em Londrina. Em sua versão, o agropecuarista disse que ela havia se jogado. Exames do IML mostraram que, quando o corpo de Estela foi jogado, ela já estava morta. Além de Mauro Janene, estavam no apartamento – dormindo – a mãe e a irmã dele. Nada aconteceu até agora.
Em 1993, a doméstica Cleonice Fátima Rosa foi degolada no corredor externo do apartamento da artista plástica Wanda Pepiliasco, que morava com o marido e dois filhos adolescentes. Este caso também nunca mais voltou à cena. Se fosse o contrário, se alguém da família Pepiliasco aparecesse morto, acredito que a Cleonice estaria presa até hoje – já julgada e condenada. Tanto é que, na época, a outra empregada que trabalhava e morava com Cleonice na casa dos patrões chegou a ser presa como suspeita. Depois verificou-se que ela havia sido torturada para confessar. Os suspeitos são da família...
E tem ainda o caso da enfermeira Suely que atirou em Jaqueline Lobo, que na época namorava o ex-marido da enfermeira, um médico ginecologista. A enfermeira foi presa em flagrante. A vítima morreu alguns dias depois. O crime foi cometido num escritório de advocacia ao lado da Folha de Londrina, onde a moça trabalhava. Isso foi há bem mais de 10 anos. A enfermeira aguarda até hoje o julgamento em liberdade.
O que os três crimes londrinenses têm em comum? Nos três casos, os acusados são mais ricos que as vítimas. Portanto, a chance dos Nardoni em Londrina de sair impune – imagine se eles seriam julgados em dois anos... – seria bem maior.
sexta-feira, março 19
Ai ai ai
Sobre o caso Bancoop: Vi o Mundo.
Hoje, 23/3, em resposta ao comentário do Rogério, faço o complemento:
No post do blog Vi o Mundo, há na íntegra a decisão do juiz Carlos Eduardo Lora Franco, do Departamento de Inquéritos Policiais e Corregedoria da Polícia Judiciária de São Paulo, em relação ao requerimento do promotor José Carlos Blat para bloqueio das contas do Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários).
Antes de apresentar sua decisão sobre o requerimento, o juiz argumenta:
“A manifestação apresentada pelo Ministério Público descreve uma série de fatos e circunstâncias, narrando como seria o suposto esquema de desvio de valores da Bancoop, inclusive para fins de financiamento ilícito de campanhas políticas.
Porém, não há em tal manifestação a indicação clara e precisa dos elementos de prova dos autos que sustentam tal narrativa, bem como os pedidos formulados.
E, sendo este um feito bastante complexo, já com 26 volumes (mais de 5.600 páginas), além de 59 anexos, como citado pelo próprio Ministério Público, é imprescindível que indique de forma discriminada e detalhada os elementos que sustentem cada uma de suas afirmações.
A manifestação cita, por exemplo, que “aproximadamente 40% da movimentação das contas correntes de titularidade da Bancoop tiveram recursos sacados em dinheiro na própria agência bancária” (fls. 5652), mas como base para tal alegação indica apenas um cheque, no valor de R$ 50.000,00, sem sequer citar em que volume ou apenso, e folha, consta tal informação. Cita, ainda, que numa avaliação, entre 2001 e 2008, teria constatado que os valores assim circulados chegariam a R$ 18.000.000,00, mas novamente não há indicação precisa da fonte de tais informações.
Tem-se, portanto, como imprescindível que os autos tornem ao Ministério Público para que indique com precisão quais os fundamentos de cada uma de suas afirmações que invoca como razões para os pedidos formulados.
E isso para que, como dito, fique bem claro para toda a sociedade que os pedidos e as decisões estão fundados apenas em elementos e razões contidas nos autos, e são efetivamente necessários e oportunos, neste momento.
E não é demais dizer que tal providência naturalmente incumbe ao órgão requerente. Os fatos, com respectivos fundamentos, devem ser apresentados pela parte ao Magistrado, para que então possa decidir.”
Antes de indeferir o pedido de bloqueio das contas, o juiz alerta sobre a importância do rigor e da cautela nos requerimentos do MP, principalmente em épocas eleitorais para que não haja exploração indevida do tema.
Na minha opinião, o Ministério Público tem feito muitas vezes mal sua lição de casa. Infelizmente, há situações em que o MP oferece denúncia sem ter feito a investigação devida, parecendo que suas manifestações são mais políticas do que bem fundamentadas. Tem sido comum promotores chamarem a imprensa, fazer barulho sem ter provas concretas sobre o que está denunciando. E a imprensa tem caído como um patinho (ou está mal-intencionada) – e às vezes até serve ao MP para a produção de provas.
O papel do MP é fundamental e houve um grande avanço com a Constituição de 1988 que passou a caracterizar o órgão como uma instituição permanente, autônoma, com as funções de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. No entanto, alguns integrantes do MP extrapolam seu poder. Disso eu tenho medo porque às vezes eles prendem e desprendem, sem a fundamentação devida. Muitas vezes apenas indícios de corrupção têm sido suficientes para condenar agentes públicos.
Depois, sem provas, não acontece nada contra os acusados – que já foram espinafrados publicamente. No caso do Bancoop, há vítimas, pessoas que pagaram o financiamento de imóveis que nunca foram entregues. Resta investigar – a fundo – para saber se são vítimas de gente que não sabe administrar ou se houve de fato desvio de dinheiro para favorecer gentes ou campanhas políticas.
Hoje, 23/3, em resposta ao comentário do Rogério, faço o complemento:
No post do blog Vi o Mundo, há na íntegra a decisão do juiz Carlos Eduardo Lora Franco, do Departamento de Inquéritos Policiais e Corregedoria da Polícia Judiciária de São Paulo, em relação ao requerimento do promotor José Carlos Blat para bloqueio das contas do Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários).
Antes de apresentar sua decisão sobre o requerimento, o juiz argumenta:
“A manifestação apresentada pelo Ministério Público descreve uma série de fatos e circunstâncias, narrando como seria o suposto esquema de desvio de valores da Bancoop, inclusive para fins de financiamento ilícito de campanhas políticas.
Porém, não há em tal manifestação a indicação clara e precisa dos elementos de prova dos autos que sustentam tal narrativa, bem como os pedidos formulados.
E, sendo este um feito bastante complexo, já com 26 volumes (mais de 5.600 páginas), além de 59 anexos, como citado pelo próprio Ministério Público, é imprescindível que indique de forma discriminada e detalhada os elementos que sustentem cada uma de suas afirmações.
A manifestação cita, por exemplo, que “aproximadamente 40% da movimentação das contas correntes de titularidade da Bancoop tiveram recursos sacados em dinheiro na própria agência bancária” (fls. 5652), mas como base para tal alegação indica apenas um cheque, no valor de R$ 50.000,00, sem sequer citar em que volume ou apenso, e folha, consta tal informação. Cita, ainda, que numa avaliação, entre 2001 e 2008, teria constatado que os valores assim circulados chegariam a R$ 18.000.000,00, mas novamente não há indicação precisa da fonte de tais informações.
Tem-se, portanto, como imprescindível que os autos tornem ao Ministério Público para que indique com precisão quais os fundamentos de cada uma de suas afirmações que invoca como razões para os pedidos formulados.
E isso para que, como dito, fique bem claro para toda a sociedade que os pedidos e as decisões estão fundados apenas em elementos e razões contidas nos autos, e são efetivamente necessários e oportunos, neste momento.
E não é demais dizer que tal providência naturalmente incumbe ao órgão requerente. Os fatos, com respectivos fundamentos, devem ser apresentados pela parte ao Magistrado, para que então possa decidir.”
Antes de indeferir o pedido de bloqueio das contas, o juiz alerta sobre a importância do rigor e da cautela nos requerimentos do MP, principalmente em épocas eleitorais para que não haja exploração indevida do tema.
Na minha opinião, o Ministério Público tem feito muitas vezes mal sua lição de casa. Infelizmente, há situações em que o MP oferece denúncia sem ter feito a investigação devida, parecendo que suas manifestações são mais políticas do que bem fundamentadas. Tem sido comum promotores chamarem a imprensa, fazer barulho sem ter provas concretas sobre o que está denunciando. E a imprensa tem caído como um patinho (ou está mal-intencionada) – e às vezes até serve ao MP para a produção de provas.
O papel do MP é fundamental e houve um grande avanço com a Constituição de 1988 que passou a caracterizar o órgão como uma instituição permanente, autônoma, com as funções de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. No entanto, alguns integrantes do MP extrapolam seu poder. Disso eu tenho medo porque às vezes eles prendem e desprendem, sem a fundamentação devida. Muitas vezes apenas indícios de corrupção têm sido suficientes para condenar agentes públicos.
Depois, sem provas, não acontece nada contra os acusados – que já foram espinafrados publicamente. No caso do Bancoop, há vítimas, pessoas que pagaram o financiamento de imóveis que nunca foram entregues. Resta investigar – a fundo – para saber se são vítimas de gente que não sabe administrar ou se houve de fato desvio de dinheiro para favorecer gentes ou campanhas políticas.
quinta-feira, março 18
A herança de Aníbal Khoury
Hoje é aniversário do jornalista Pedro Livoratti. Uma das melhores notícias que ouvi foi da boca do Pedro, na rádio da UEL, quando ele anunciou a morte do deputado Aníbal Khoury. Embora a família deve ter sentido e sofrido com essa perda, considero que a morte dele, em 1999, foi bastante benéfica para o Paraná. Afinal, só mesmo morto para o cara largar o osso.
Ao ler ampla reportagem divulgada pelo jornal Gazeta do Povo - nas edições de ontem e hoje - vi que Aníbal Khoury deixou herdeiros. Num trabalho investigativo muito bem feito, a Gazeta aponta desvios milionários da Assembleia Legislativa, aparentemente comandados pelo diretor-geral da AL, Abib Miguel, indicado obviamente pelo velho amigo Aníbal.
São milhares de reais desviados para amigos, compadres e familiares de Bibinho - como carinhosamente o cara é chamado. A AL ainda não se pronunciou oficialmente sobre o que fazer com o "Bibinho", afinal, deve ser difícil mexer com o homem.
Os "Diários Secretos" revelados pela Gazeta mostram a vergonha da Assembleia do Paraná que publica edições avulsas do Diário Oficial, sem data, que nomeiam, desnomeias e fazem o que querem
Apesar de tudo - dos baixos salários e da constante tentativa de desvalorizar o trabalho dos jornalistas (como a decisão do STF de que qualquer um, sem nenhuma qualificação, pode exercer nossa profissão) - acredito que graças a essa reportagem é que alguma coisa será feita para impedir que essa quadrilhagem continue a agir na Assembleia do Paraná. Mas, devo confessar que, no fundo, no fundo, eu acredito que a publicação da investigação jornalística agora só foi possível com a morte do "Anibinho".
Ao ler ampla reportagem divulgada pelo jornal Gazeta do Povo - nas edições de ontem e hoje - vi que Aníbal Khoury deixou herdeiros. Num trabalho investigativo muito bem feito, a Gazeta aponta desvios milionários da Assembleia Legislativa, aparentemente comandados pelo diretor-geral da AL, Abib Miguel, indicado obviamente pelo velho amigo Aníbal.
São milhares de reais desviados para amigos, compadres e familiares de Bibinho - como carinhosamente o cara é chamado. A AL ainda não se pronunciou oficialmente sobre o que fazer com o "Bibinho", afinal, deve ser difícil mexer com o homem.
Os "Diários Secretos" revelados pela Gazeta mostram a vergonha da Assembleia do Paraná que publica edições avulsas do Diário Oficial, sem data, que nomeiam, desnomeias e fazem o que querem
Apesar de tudo - dos baixos salários e da constante tentativa de desvalorizar o trabalho dos jornalistas (como a decisão do STF de que qualquer um, sem nenhuma qualificação, pode exercer nossa profissão) - acredito que graças a essa reportagem é que alguma coisa será feita para impedir que essa quadrilhagem continue a agir na Assembleia do Paraná. Mas, devo confessar que, no fundo, no fundo, eu acredito que a publicação da investigação jornalística agora só foi possível com a morte do "Anibinho".
domingo, março 14
sexta-feira, março 12
Uma notícia muito triste

quinta-feira, fevereiro 18
O avesso e o direito
Nem sempre eu mostro o meu avesso. No fundo, a gente só quer mesmo é mostrar o lado direito, sem nós, sem amarrações, sem pontas. Só o que é bom de se ver. Mas a gente conhece bem o nosso lado avesso, sabe quantos pontos tem que dar para que nada desate no lado direito.
O avesso às vezes é um emaranhado de sentimentos que tentamos alinhavar para que tudo faça sentido. E às vezes, mesmo com todo o nosso esforço, sabemos que o nosso direito não está assim tão direito, que é possível visualizar desordem e confusão.
E eu nem acho que o esforço é para manter as aparências, que queremos apenas mostrar para os outros o quanto somos “direitos”.
A tentativa de costurar, de não deixar pontas, é para nós mesmos, para não enlouquecermos. É sempre uma tentativa de mostrar a si mesmo que a vida é fácil de ser conduzida, basta manejar bem todas as agulhas.
***
Acabei de ler O Avesso e o Direito, de Albert Camus. Ele escreveu o livro aos 22 anos de idade. Faz um prefácio belíssimo em que coloca grandes angústias humanas. Sob um sol escaldante, li Camus dizer que a pobreza na Argélia, onde cresceu, pode ser pior para os operários de países frios. Eu também acho que a vida sob o clima quente é mais feliz do que num clima frio.
O avesso às vezes é um emaranhado de sentimentos que tentamos alinhavar para que tudo faça sentido. E às vezes, mesmo com todo o nosso esforço, sabemos que o nosso direito não está assim tão direito, que é possível visualizar desordem e confusão.
E eu nem acho que o esforço é para manter as aparências, que queremos apenas mostrar para os outros o quanto somos “direitos”.
A tentativa de costurar, de não deixar pontas, é para nós mesmos, para não enlouquecermos. É sempre uma tentativa de mostrar a si mesmo que a vida é fácil de ser conduzida, basta manejar bem todas as agulhas.
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Acabei de ler O Avesso e o Direito, de Albert Camus. Ele escreveu o livro aos 22 anos de idade. Faz um prefácio belíssimo em que coloca grandes angústias humanas. Sob um sol escaldante, li Camus dizer que a pobreza na Argélia, onde cresceu, pode ser pior para os operários de países frios. Eu também acho que a vida sob o clima quente é mais feliz do que num clima frio.
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