Com o horário apertado para almoçar, assim que viro na rua de casa, já vejo que tem um carro atrapalhando a entrada da garagem do prédio onde moro. Como moro no centro, isso é bastante comum. Geralmente, a seta ligada e uma buzinadinha resolvem o problema. Hoje, havia um fusquinha. Um senhor, em pé do lado de fora do carro, disse que era para eu esperar um pouco. Fiz uma cara de “Fazer o quê, né?” e aguardei. Ele gesticulava dizendo que as pessoas iam voltar logo. Eu respondi com um gesto de que queria entrar. E perguntei por que ele não ia um pouco pra frente que eu conseguiria entrar. Ele me disse, como se estivesse jogando praga: – A senhora vai envelhecer um dia! Eu respondi: - O senhor também. Aí ele fez cara de bravo. Eu retruquei – Minha hora de almoço é apertada. O senhor não sabe que não pode parar em frente a garagem?
Ele veio até minha porta, pediu desculpas e disse que não tinha um tostão pra parar na zona azul. Sorri, e disse que ele estava desculpado e que eu esperaria ali, então. Dali a pouco chegaram as pessoas que ele esperava: dois velhinhos capengando. Fiquei com pena e sorri. Os velhinhos entraram na maior vagareza. Mas a minha pressa já tinha partido. O motorista veio novamente à minha porta e pediu desculpas de novo. Eu disse que estava tudo bem, eu é que pedia desculpas por ter ficado brava. Eles saíram. Entrei na garagem sorrindo e pensando que eu queria me chamar gentileza e não brabeza.
sexta-feira, abril 27
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Um comentário:
Excelente.
Praticar a gentileza, dia-a-dia, ajuda-nos a ser melhores pessoas. É indispensável e está ao alcance de todo e qualquer um.
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