quarta-feira, outubro 1

Vida de repórter

Eu e o Rogério Fischer somos amigos há mais de 20 anos, desde quando entramos juntos no curso de Jornalismo da UEL. Depois trabalhamos na Folha de Londrina na mesma época. Esses dias ele disse que não se lembra de mim na Folha. Acho que é a idade (dele). Então comecei a contar umas histórias para ver se rememorava a memória dele. E extrapolei para outras, em outros jornais. Aí ele disse: "Por que você não publica isso no seu blog, já que você nunca atualiza aquela joça?"

Então, eu resolvi contar uma história que aconteceu nos idos de 1988, quando eu já estava no meu segundo emprego de jornalista, num jornal diário do Oeste Paulista. Vou omitir nomes. Um dia, antes de sair do jornal para cumprir minha pauta, que era a cobertura de um evento não me lembro sobre-o-quê, o editor disse que eu provavelmente encontraria no local o presidente da Câmara Municipal. Era para eu cobrar do cara o balanço da gestão dele na presidência da Câmara. O editor contou que já estava pedindo isso fazia algum tempo e essa seria a última cobrança. Se mais uma vez ele negasse, o jornal iria publicar a matéria dizendo que o vereador não prestava contas.

Eu era recém-chegada à cidade, ao jornal e à profissão. Encontrei o tal vereador, que era dentista, e cobrei o balanço. Ele disse que não tinha. E saiu de perto. Em vez de eu ficar caladinha, imprudentemente, fiz um comentário em voz alta: “Ah, mas a matéria vai sair mesmo assim...” E voltei lá para o evento.

Estava sentadinha ouvindo e anotando as falas, quando senti um cutucão nos ombros. Era o presidente da Câmara que pedia para eu me levantar. Fui atrás dele e ele me passou uma descompostura. Enquanto ele falava, num tom áspero, eu fui ficando vermelha de vergonha. Fiquei muito envergonhada por ter feito um comentário inapropriado. E minha pressão foi caindo, caindo, até que eu desmaiei. Na frente dele. O homem ficou apavorado. Me socorreu. E ainda me levou de carro ao jornal. Mais tarde, ligou lá para saber se eu estava bem.

Tive que agüentar a tiração de sarro na redação. E toda vez que eu saía para cumprir uma pauta, era obrigada a ouvir do editor: – Não vá desmaiar, hein?

11 comentários:

Unknown disse...

concordo com o fischer, isso deveria estar em livro. to rolando de rir...beijos

carina paccola disse...

É, né, Karen, pimenta nos olhos dos outros é refresco... beijos

José Pires disse...

Início difícil, hein? Mas deixa eu te ajudar no reforço do currículo, minha querida.

Depois, mais tarde, vi você enfrentando situações muito mais difíceis sem nenhum desmaio.

Muito ao contrário, sempre se comportou com coragem, mesmo quando a turma da corrupção nos atacava com seus golpes sujos.

carina paccola disse...

Às vezes a gente até desmaia por dentro, né, Jota, mas consegue segurar as pontas. beijos

Fábio Silveira disse...

hhahahahaha
essa é boa, hein Carina.
Boa história de foca.
Eu tenho uma engraçada de São José dos Campos, do dia em que fui cobrir uma reunião na Cadeia Pública do Putin (para os locais é só Putin), num plantão de sábado. Daí a Elaine, minha então namorada e hoje esposa, ligou para o jornal atrás de mim (eu disse que em 15 minutos acabava tudo no jornal) e disseram que eu estava no Putin. Ela tinha ido de Londrina para lá para a gente passar o final de semana, tínhamos até combinado um cinema depois. O cinema miou e eu nem sei o que ela pensou quando disseram que eu estava no Putin.
No fim, saí do jornal às 21 horas (nós íamos pegar a sessão das 16h.
Até mais.

carina paccola disse...

Ela deve ter pensado que vc conseguiu um habeas corpus (rs). beijos

Paulo Briguet disse...

Carina:
Por favor, conte suas aventuras de repórter em Santo Antônio da Platina, especialmente em coberturas de futebol. E concordo com a Karen: os causos deveriam ser reunidos em livro. Sugestão de título: "O senhor não vai falar com a imprensa?" (A história dessa frase também é boa.)

carina paccola disse...

Fale a verdade, vc escreveu imprensa, pensando "impreennnnnsa"...

Paulo Briguet disse...

É isso mesmo! Pensei uma cinqüeeeeeeenta vezes.

Rod Brandão disse...

Oii Carina, então eu também tenho estórias mas elas terminam em discussão.

Eu sempre acaba discutindo com quem quer que seja, se me destratar. reciprocidade é o mínimo que eu ofereço...

Haaa e se um dia realmente sair o churrasco da galera da pós aqui na Unopar agente te chama...

Abração!

Cristiana Soares disse...

huahuahuahauhuhauhauahuhauahauhau!!pô carina, que história hilária! e vc nunca havia me contado essa! tô aqui morrendo de dar risada!!