Segundo turno
Eu havia prometido a mim mesma não me manifestar sobre as eleições deste ano. Minha intenção era anular meu voto porque não queria fazer concessão a nenhum candidato. Uma viagem rápida resolveu meu problema. Justifiquei o voto.
Agora, o segundo turno. Eu vou de Lula. Acho o fim do mundo o PT ter botado a mão na botija, mas, para mim, o discurso de que votar no Alckmin é combater a corrupção não tem qualquer apelo. Não dá para ignorar a compra de votos pela turma do PSDB para a aprovação da emenda da reeleição, que assegurou o segundo mandato de FHC. Tampouco as manobras de Alckmin para abafar CPIs na Assembléia Legislativa paulista (foram 36 engavetadas). Portanto, se for para combater a corrupção, estamos novamente sem candidato.
Acredito que o debate é outro. São duas formas diferentes de governar. O PSDB é privatizante, entende que o Estado deve ser mínimo (embora boa parte do empresariado brasileiro tenha prosperado com a ajuda da mãozinha do governo). A pobrada que se vire. Afinal, quem mandou nascer pobre?
O PT, apesar de tudo, ainda tem um compromisso com a maioria da população brasileira. O Brasil tem que amassar muito barro para defender o livre mercado. Na minha opinião, o Estado não pode virar as costas para os desdentados e analfabetos, e voltar os olhos apenas para os interesses dos "vencedores" como se eles tivessem chegado lá por suas competências individuais. Não consigo pensar de outra forma.
Quanto à corrupção, ela deve ser duramente combatida. De todos os lados.
segunda-feira, outubro 2
Assinar:
Postar comentários (Atom)
11 comentários:
Não vejo a questão eleitoral pautada no item corrupção, haja vista que os Srs. Collor, Paulo Maluf, Palocci, Mentor, Paulo Cunha, etc... foram eleitos. A questão é saber se nos próximos 4 anos o Brasil será melhor administrado por Lula ou Alckmin. Na verdade nem um, nem outro, pois sozinhos nada conseguirão, ou seja, necessitarão do Senado e da Câmara dos Deputados, que tudo apreciam para aprovação. O empresariado estará lá, jogando do lado com o vencedor, e sempre foi assim. O empresariado está lá, independente se o Partido é P ou Q, para eles tanto faz, o que precisam é das licitações. Tanto um como outro, para realizar obras, terá que abri-las, e aí vai depender da lisura dos envolvidos, tais como funcionários, empresários, políticos. A corrupção está além do presidente.
De forma sucinta, você foi direto ao ponto. É por isso que eu te amo (hehehe)! Não sei se você acompanhou o resultado das eleições de Brasília: mais que decepcionante... Quem poderá nos defender? O Chapolin Colorado ia ser melhor alternativa que a dupla Arruda (governador) e Roriz (senador). Beijão, Denise.
Carina, você demais, adorei o texto, beijos
Guilherme, concordo com vc em alguns pontos. A eleição desses caras é de dar engulhos. E aqui o povo ainda elegeu o Belinati pra deputado estadual. O empresariado tb está sempre à espreita de como faturar, né? Essa cultura da corrupção como algo inerente à atividade política vai demorar séculos para mudar, acredito.
Dê, o GDF continuará governando só para poucos, né? Enquanto o Roriz inaugurou aquelas pistas maravilhosas que facilitam a vida de quem tem carro, Brasília continua com um dos piores transportes públicos do País (conforme divulgou a Agência Nacional de Transporte): caro e horrível. Sem dizer daquelas criancinhas remelentas que em todos os bares (isso eu achava espantoso), todas as noites, ficam perambulando pelas mesas vendendo doce ou pano de prato. Imagino que com essa dupla essa situação vai permanecer. Um beijo, querida.
Karen, um beijo.
Carina, parabéns pelo texto e pela tomada de posição. Eu admiro as pessoas que têm posições claras. Agora, se me permite, gostaria de discordar de você.
Aos pontos:
Sobre corrupção: eu gostaria que você me mostrasse a equivalência gradativa dos atos do PT e Lula, de um lado, e do Alckmin e PSDB, de outro. E veja: lanço esse desafio sem ser um tucano. Eu sou um liberal, não concordo com o programa do PSDB, mas voto no Alckmin porque reconheço em Lula não apenas um passado recente altamente negativo em termos morais e administrativos, mas porque vislumbro um futuro tenebroso para o Brasil se o PT continuar no poder. Tampouco penso que o PSDB esteja ao abrigo de qualquer acusação procedente de corrupção. O ponto é: as diferenças são significativas? Respondo: sim, e as comparações favorecem Alckmin.
Vamos lá: Alckmin, por acaso, sabendo de uma corrupção sistêmica orquestrada pelo seu partido, que envolvia presidente do partido, tesoureiro, ministro da casa civil e outros cupinchas, esperou que as coisas acontecessem e se manifestou publicamente dizendo que nada sabia. Alckmin agiu de modo análogo? Ele cometeu o crime de responsabilidade que Lula cometeu (mais grave do que aconteceu com Collor)? O presidente do PSDB caiu? Os principais articuladores políticos do governo Alckmin caíram? Eles foram denunciados como uma quadrilha? Ora, isso não aconteceu. E não aconteceu porque o PSDB não é um partido stalinista (dissimulado, é claro) como é o PT.
Outra coisa: O PSDB alguma vez se apresentou como o partido dos incorruptíveis, dos puros, da ética na política? Quem vendeu essa idéia foi o PT.
Sobre tópicos ideológicos, pretendo falar mais tarde. Só uma coisa. Acho que você está confundindo o PSDB com um partido liberal e no Brasil não existe sequer um partido liberal. Serei direto: não é verdade o que você diz sobre o PSDB defender o Estado mínimo. Carina, isso não é verdade. Outra coisa: se o importante é aumentarmos a renda do mais pobres, esse fim pode ser alcançado mais rápido por vias claramente ditatoriais, não acha.
Só para terminar. Como é que alguém vota num candidato que defende a lei de cotas raciais, lei esta que instituirá o racismo no Brasil. Eu sou contra o aparteid, eu sou contra lula. Eu sou a favor da liberdade. Portanto, sou contra Fidel, Chavez e Lula (três amigos).
Desculpe o tom, mas acho que você me conhece o suficiente para saber de minha afeição por você. Também sabe que sou um gaúcho grosso.
Abraços e, mais uma vez, parabéns.
Aguinaldo, agradeço o seu comentário. Apesar de você ser um oponente difícil (ainda bem que não sou sua aluna...), gosto das discussões que você promove. Dificilmente confundo o plano pessoal com o das idéias. Eu só fico brava quando as pessoas julgam minhas ações supondo uma intencionalidade, difícil de ser provada.
Mas vamos aos pontos:
Com relação à corrupção, eu não acredito que o PT tenha cometido os maiores atos de corrupção da história política desse país. Talvez os atos corruptos do PT tenham vindo à tona com muito mais facilidade do que os de qualquer outro partido. Alckmin está deixando um rombo na Nossa Caixa que provavelmente vai levá-la à privatização pelo Serra. O fato de o PSDB nunca ter se anunciado como arauto da moralidade e da ética não o exime da obrigação de ser honesto na gestão da coisa pública.
Concordo com você sobre o ponto de que o PSDB não é um partido liberal, até me valendo de outras conversas em que você esclareceu isso. Mas as privatizações ocorreram no governo FHC de forma a entregar quase de graça para a iniciativa privada empresas públicas altamente rentáveis. Sem dizer do discurso privatizante do serviço de telefonia que prometia serviços mais eficientes e mais baratos. Hoje, pagamos as contas telefônicas mais caras desde que pago minhas próprias ligações.
A princípio, eu defendia as cotas raciais, depois comecei a ter dúvidas sobre essa política até me convencer de que realmente elas não são bem-vindas. A mudança de opinião foi depois de ouvir, veja só, o Cesar Benjamin (vice da Heloísa Helena) explicar porque ele é contra. Isso foi em julho, num congresso de jornalistas em MG. Mas sou favorável às cotas destinadas aos egressos da escola pública. Mesmo que o governo Lula defenda essa política, ela deve passar pelo Congresso e já existe uma mobilização da sociedade para a não-aprovação (assim como estão mobilizados os que a defendem). Então não acredito que deva ser creditada a responsabilidade pela adoção ou não do sistema de cotas apenas ao Executivo. Na verdade, eu não acho que existam governantes sapientes o suficiente para saber sempre o que é bom ou não para a sociedade. É por isso que eu defendo a participação da sociedade em debates sobre assuntos públicos, que nos dizem respeito. Não acredito em seres iluminados. E nós elegemos também os deputados que estão aí para isso.
Acredito que a amizade entre Lula e Fidel Castro venha do respeito de Lula a um homem que teve um papel muito importante, na minha opinião, ao derrubar o ditador cubano Fulgêncio Batista. Fidel mudou para melhor a condição de vida dos cubanos. Mas ele também se transformou num ditador e eu não concordo com essa ditadura.
Agora, eu acho que o Lula está bem distante de Fidel. Quando Lula venceu a eleição para presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC, ele nem era oposição à então diretoria do Sindicato que era acusada de peleguismo pelos trabalhadores. A chapa de Lula era situacionista e venceu a oposição, que era mais radical. A imagem de Lula como oposição de esquerda foi construída por causa da ditadura militar, que ele combateu e enfrentou com as greves no ABC. E eu já li entrevistas dele, da década de 80, em que ele se dizia um democrata, e não socialista. Também não acredito que o PT seja um partido stalinista, embora abrigue em seus quadros umas figuras autoritárias e abomináveis. Graças a essas figuras houve o desmascaramento de um PT que se dizia puro e inocente. E eu não acho que a renda da população deve ser aumentada de forma ditatorial. Eu não defendo a ditadura e os governos absolutistas em nenhuma circunstância. Nem de direita nem de esquerda.
Com relação a Chavez, quero fazer algumas ponderações. Ele foi eleito pelo povo venezuelano e acho que a oposição ao seu governo foi muito burra ao propor a abstenção nas eleições parlamentares, o que lhe garantiu maioria absoluta para governar o país. Mas isso eu avalio como burrice da oposição e não como manobra chavista. Outro ponto: as notícias que chegam até nós sobre a Venezuela são produzidas pelas agências de notícia internacionais, com sede nos EUA e Europa. Nenhum veículo de comunicação brasileiro, hoje, mantém qualquer correspondente na Venezuela. Portanto, eu sempre desconfio das notícias que chegam até nós. A imagem que temos de Hugo Chavez é produzida basicamente pelos Estados Unidos. Ele é assumidamente contra a política norte-americana e desenvolve ações que visam fortalecer a união dos países do sul em vez de adotar uma política totalmente subserviente aos EUA. Esse é um posicionamento legítimo dele. Mas não concordo que ele deva impor isso de forma autoritária. É o povo venezuelano quem vota pra presidente. Assisti à uma entrevista de Chavez no Roda Viva, em que ele foi bombardeado pelos jornalistas brasileiros com todas as perguntas possíveis. E ele se saiu muito bem nas respostas. Ele é militar e tem uma visão militarista, mas explicou todos os programas que vem desenvolvendo na Venezuela, com o aval da maioria da população. A oposição é quem deve ser articular e tirar o cara do poder nas próximas eleições.
Quando a gente vê que a maioria dos eleitores de Lula - ou de Chavez - se concentra na faixa mais pobre da população, acho que isso é emblemático. Todas as escolhas políticas dos governantes nesses dois países, até então, favoreceram a concentraçao de renda e a exclusào da maior parte de sua populaçào. São pessoas excluídas do processo de educação e que nem têm acesso a jornais. Por isso, quando esses governantes adotam políticas que atendem minimamente as necessidades dessa população, obviamente tendem a permanecer no poder. Eu sou contra a reeleição nos cargos Executivos (e quem mudou essa regra no Brasil foi o lord FHC), justamente para não propiciar uma ditadura consentida. Se a proximidade do Chavez com o Fidel é preocupante, o povo venezuelano é quem deve julgar.
Já dei um toque na Marília para combinarmos de assistir juntos ao debate no domingo. Mesmo sendo minoria acho que pode ser divertido.
Um abraço
Prezada Carina.
Acho muito interessante o nosso debate. Vamos lá.
1) Você não mostrou que PSDB e Alckmin fizeram coisas mais graves que PT e Lula.
2) O PT, sob incompetente cegueira de Lula, organizou o maior sistema de corrupção que se tem notícia na história do país. Essa corrupção não visava benefícios particulares exatamente, mas benefícios partidários (um traço claramente stalinista).
3) O Estado deve privatizar o que puder. Imagine telefonia nas mãos do Estado. O Estado não é empresa. O Estado existe para garantir a segurança dos indivíduos. E liberais sensatos como Milton Friedman –adiantando-me a objeções -, em Capitalismo e Liberdade, defendem o imposto de renda negativo, tendo em vista o singelo fato de que ninguém pode sobreviver sem uma renda mínima. Isso é defendido por liberais.
4) Sobre cotas raciais: não adiante falar que provavelmente o congresso evitará a sua aprovação. O ponto é que o candidato Lula e seu governo defendem esta idéia estapafúrdia. Isso reflete a concepção que eles tem de sociedade. Não tem sentido defender Lula e esperar que, no congresso, venham os deputados do PMDB, PSDB e PFL derrubar o que o PT defende. Pensar assim certamente não conduz alguém a defender Lula, mas a criticá-lo.
5) Sobre Fidel: é o que se ouve em alguns lugares: “melhorou a condição de vida dos cubanos”. Eu pergunto: e daí? Qual ao preço que foi pago para isso? A supressão da liberdade. Estou fora.
6) O PT reproduz claramente a visão stalinista de partido. Ele visa à perpetuação no poder. As vias criminosas são adotadas de modo escandaloso. Agora tem quase 2 milhões de reais inexplicados. Esse partido stalinista (não falo de todos os petistas, pois há muitos ingênuos dentro do PT) teve quase toda sua direção envolvida no escândalo do valerioduto. Caiu Genoíno, caíram secretários, tesoureiro, José Dirce, Pallocci. E Lula nada sabia. Mas o que é isso? Isso agride a inteligência e o senso moral de qualquer pessoa.
7) Sobre Chavez: você diz: “ele foi eleito pelo povo venezuelano”. E daí? Isso não garante a legitimidade de seu governo. Se a maioria, por plebiscito, aprovar a ditadura de Fidel castro, ela não se torna menos ditadura.
8) O povo venezuelano julga e julga errado.
Abraços. Ah, assisitir ao debate juntos será certamente divertido.
Carina, vc como sempre lúcida, demasiadamente lúcida, nestas questões..parabéns!! Ando um pouco sumida por problemas delicados que não vêm ao caso, mas não me esqueço de vc. Um grande beijo.
Aguinaldo,
eu ainda vou responder, mas preciso de um tempinho. Quinta e sexta foram dias de muito trabalho. E minha cabeça está cansada. Depois eu retomo o assunto. Um abraço.
Célia,
fui ao cinema hoje de tarde e quando estava chegando lá pensei que devia ter te ligado e te chamado. Mas não dava mais tempo. Nessas horas ter um celular é bom... Um beijão.
DEMOCRACIA NO BRASIL SE RESUME NA SUGUINTE NA FRASE DE ARISTÓTELES:
"DEMOCRACIA É A VONTADE DOS POBRES, POIS ELES CONSTITUEM A MAIORIA".
É CLARO QUE POLÍTICOS ASSISTENCIALISTAS HÃO DE SER ELEITOS NOVAMENTE, NÃO HAVERÃO MUDANÇAS, RENOVAÇÕES E VIDA NOVA NA POLÍTICA BRASILEIRA. MAS ANTES DE CRITICAR OS POLITICOS LADRÕES QUE SE VESTEM EM PELE DE CORDEIRO COM SEUS ASSISTENCIALISMOS, TEMOS QUE VER A CALAMIDADE SOCIAL NA QUAL OS "POBRES QUE CONSTIUEM A MAIORIA" ESTÃO VIVENDO E TENTAR REFLETIR SE TAL ASSISTENCINCIALISMO NÃO LHES É ESSENCIAL PARA SUPRIR O MÍNIMO DE SUAS NECESSIDADES,ONDE OS MESMOS JÁ CRIARAM A ILUSÃO DE ESTAR VIVENDO MELHOR E ATÉ IMAGINAM VIVER COM UM STATUS SOCIAL MAIS ELEVADO. É NOTÓRIO QUE HAJA UMA REDEMOCRATIZAÇÃO NO BRASL, MAS ISTO TEM QUE PARTIR DE BAIXO,ISTO É,É PRECISO ENSINAR A PESCAR E NÃO DAR O PEIXE. SE ENSINASSEM TEORIA POLÍTICA DESDE O ENSINO FUNDAMENTAL PARA QUE HAJA O MÍNIMO DISCERNIMENTO DO QUE É UMA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA A LONGO PRAZO NOSSO PAÍS ESTARÁ MUDADO E NÃO SERIA MAIS PRECISO UM PARTIDO DE ESQUERDA PARA FISCALIZAR O GEVERNO,POIS "OS POBRES QUE CONSTIUEM A MAIORIA" NÃO IRIAM MAIS SER UM INSTRUMENTO DA VONTADE DOS POLÍTICOS ASSISTENCIALISTAS, E SIM OS POLÍTICOS IRIAM SER O VERDADEIRO INSTRUMENTO DEMOCRÁTICO DO POVO.
O COMENTÁRIO FOI ENVIADO ERRADO...
ERA PRA POSTAR NO TEXTO ISTO É DEMOCRACIA!!
Postar um comentário