quinta-feira, setembro 2

O fim do amor...

A Persistência da Memória, Salvador Dali

FUNERAL BLUES
de W.H. Auden

Pare os relógios, cale o telefone
Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços
brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem
finas luvas de breu.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite,
minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado
As estrelas não são mais necessárias;
apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.

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