segunda-feira, junho 28

Nossos vizinhos, os argentinos

Quando eu estava no colegial, houve a Guerra das Malvinas, e eu lembro que meu professor de História defendeu a Argentina. Por conta da análise dele, eu também fiquei “do lado” dos argentinos.

Depois, como boa brasileira, eu desenvolvi uma antipatia por nossos vizinhos, simplesmente por serem argentinos, e passei a classificá-los como arrogantes. Na disputa entre Pelé e Maradona, é claro que eu achava Pelé o máximo, e Maradona, o mínimo.

Quando estive a primeira vez em Buenos Aires, me surpreendi com a gentileza que encontrei nas ruas. Os argentinos eram muito atenciosos para passar informação. Teve um até que se ofereceu para completar os centavos que faltavam para comprar um bilhete de metrô, já que eu só estava com dólar no bolso e lá também não há “ônibus de graça”.

Também fiquei maravilhada com a possibilidade de andar pelas ruas portenhas à noite, com segurança, e encontrar muitos argentinos pelas ruas – senhoras simples, mas bem arrumadas, chegando aos teatros – e as livrarias abertas e sempre cheias.

Aos poucos, fui me simpatizando cada vez mais pela Argentina. Voltei a Buenos Aires uma segunda vez, e pretendo ainda voltar lá muitas vezes. As manifestações na Praça de Maio, o panelaço dos argentinos que, no final de 2001, derrubaram cinco presidentes em 12 dias e todos os protestos que levam o povo às ruas me fazem admirar cada vez mais os nossos vizinhos.

Maradona subiu no meu conceito. E confesso que, embora eu torça para que o Brasil ganhe esta Copa, eu gosto de ver os argentinos jogando.

Comecei a pensar nos nossos vizinhos depois de assistir “O Segredo dos Seus Olhos”, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro. É um drama que mistura crime e romance, ambientados na época da ditadura militar, e que tem bons momentos de humor. Uma história muito bem contada, surpreendente, com atores muito bons, principalmente Ricardo Darín, que já fez “O filho da noiva” e “Clube da Lua” – que já vi e gostei. O cinema argentino me parece mais centrado no homem e em seus dramas demasiadamente humanos do que o cinema brasileiro, mais focado nas questões sociais. Gosto de muitos filmes brasileiros, mas os argentinos me tocam mais.

2 comentários:

Eliane disse...

Oi, Carina! E essa constante e exagerada rivalidade entre brasileiros e argentinos, já não te cansa hoje em dia? Acho tão chato. É um senso comum constantemente reforçado pela publicidade e até pela imprensa que enche a paciência. E pode ser recíproco, podem dizer que na Argentina eles agem da mesma maneira ou até pior... ou que seja tudo uma grande brincadeira... Mesmo assim, acho bobo. Quanto a "Os Segredos dos Seus Olhos", não o assisti. Mas lembro de ter gostado de "O Filho da Noiva", do mesmo diretor, não é? Beijo.

carina paccola disse...

Eliane, se você puder vá ver O Segredo dos Seus Olhos. Está até quinta-feira no Cine Com-Tour, às 20h30. Os dois filmes são do mesmo diretor, sim. Ou seja, o cara é bão!
De fato, chega uma hora que cansa porque tudo que é argentino tem que ser ruim e desprezado.
Um beijo