terça-feira, abril 15

A Espiã e A Vida dos Outros

No último mês, assisti a dois filmes que me fizeram pensar sobre o indivíduo e suas ações dentro do coletivo.

Vi os dois no cinema (aqui em Londrina, tudo vem com atraso), mas já deve ter em dvd. Primeiro, A Espiã, do diretor holandês Paul Verhoeven. A história se passa na Segunda Guerra Mundial. Depois de sobreviver a um ataque de uma patrulha alemã, que matou toda sua família, uma cantora judia se junta a um grupo da Resistência. Para se infiltrar na Gestapo, atrás de informações, acaba se envolvendo com um oficial alemão (Ele é lindo. Não é um alemão loiro. E eu prefiro os morenos). O ator é Sebastian Koch.

Pois bem. O tal do alemão age de forma ética, dentro do possível. É claro que o filme não mostra o currículo que o credenciou a ocupar o seu posto. E como ele e a mocinha passam a se amar de verdade, é inevitável não torcer para que os dois fiquem juntos. Eu até fiquei achando que o filme é marmelada porque como é que pode um nazista ser “do bem”?

Depois, vi A vida dos outros, produção alemã que levou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007. É um retrato de um tempo mais recente. Década de 1980. Alemanha Oriental. Agora, os vilões são os comunistas.

Um agente do serviço secreto alemão passa a vigiar a casa de um dramaturgo para saber se ele é um traidor das idéias do regime. Há escutas por toda a casa, onde ele vive com a companheira, uma atriz de teatro. (Não é que o dramaturgo é o mesmo lindo Sebastian Koch?)

O agente secreto é um solitário. Sua vida é servir o governo, o que ele faz com muita eficiência.No entanto, ao acompanhar a vida do casal, acaba se comovendo com a história dos dois. Ele é testemunha do romance e também da corrupção dos dirigentes comunistas. A uma certa altura, passa a proteger o casal. Eu não vou contar o fim do filme.

A Vida dos Outros é muito superior ao filme A Espiã. É mais sensível. Os dois mostram indivíduos inseridos em governos autoritários, e a serviço desses regimes, mas em determinado ponto agem de acordo com suas consciências.

Nenhum dos dois personagens é herói, até porque nas duas histórias está próxima a derrocada tanto do Nazismo como do comunismo alemão.

Então não é possível saber de que forma se daria um rompimento deles com os sistemas que passam a condenar. De qualquer forma as histórias me fizeram pensar sobre as nossas atitudes cotidianas e a capacidade do ser humano de fazer a diferença em seus atos individuais, esteja onde estiver.

3 comentários:

Cristiana Soares disse...

"ações dentro do coletivo" é a nossa pauta do dia, né?

Bom, como eu ainda não assisti a nenhum dos dois filmes, vou adiar esse comentário...

Por enquanto só posso dizer que tb prefiro os morenos.

TALES FREY disse...

A vida dos outros é incrívelmente maravilhoso!
É bem interessante quando o espião fica completamente envolvido com a vida do casal e, ironicamente, em dado momento do filme, por influência da rotina dos artistas espionados, acaba por ler um Brecht (que despertaria justamente o não envolvimento com a ficção, embora fosse real a rotina que ele acompanhava).

Adorei o blog!

carina paccola disse...

Obrigada pelo seu comentário. Este filme é realmente muito bom. Agora fiquei com vontade de assistir novamente. Eu fui lá dar uma olhada no seu blog e é muito legal! Eu preciso atualizar o meu com mais frequência. Mas eu sempre me prometo fazer isso e acabo não dando conta.