O céu ainda era escuro quando eu passava de uma asa à outra. Aproveitei que a cidade ainda dormia e deixei que me escorressem lágrimas pelo rosto. Por que chorava eu?
Seriam as lembranças de quando cheguei aqui e logo me atirei - como uma adolescente - aos braços desta terra árida? Brasília mostrou a mim uma aridez sem refresco. Para o meu coração, não houve época das águas.
Vencer aqui significa armar-se de concreto. É preciso resistência para ver as cores dos canteiros. E há quem resista. Esses tocaram o meu coração. São como flores do cerrado. Suportam a seca e florescem com uma delicadeza que dói. Aprenderam a viver na aridez da terra e do concreto. Tocam o meu coração.
Brasília tem dessas coisas. Me expulsei daqui por causa dessa estranha aridez. E quando retorno para cá, sou assim tão bem acolhida e amada e querida que quase me envergonho por não ser uma flor do cerrado, por não ter a resistência dos fortes.
quinta-feira, dezembro 13
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2 comentários:
Um texto lindo deste só poderia ser criado em sua alma de flor...um grande beijo
Eres la flor de mi corazón, mi amada amiga...
con cariño,
grazi
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