segunda-feira, janeiro 1
Todas as minhas mães
Quando eu era pequena, tive muitas vezes crises de bronquite. Me lembro de algumas noites, com febre, em que minha mãe se deitava comigo em minha cama. Eu via umas figuras grandes que me assustavam. Perguntava se ela estava vendo também. Ela dizia que não, que eu estava delirando. E ela dizia, docemente, que gostaria de sentir minha dor em meu lugar, para que eu não sentisse nada. Isso me trazia um grande conforto.
Quando eu estava na faculdade, uma doença a deixou com grandes seqüelas. A princípio eu a rejeitei. Queria minha mãe de volta. Como era antes. Com o tempo, aprendi a conviver com esta outra mãe. E meu amor se renovou.
Ela passou ainda por outros momentos difíceis que mudaram novamente sua vida. Sempre me aparecia uma nova mãe. Eu sempre sentia saudades da anterior. E tive que readequar o meu amor tantas vezes quantas foram necessárias. Ela nunca arredou pé do seu amor por mim.
Agora, mais uma vez, uma outra mãe. Junto com as saudades, sinto medo. Medo porque sei que ainda vou sentir falta desta mãe que, apesar de tudo, ainda mantém sua doçura, seu amor e sua queridez.
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24 comentários:
Um belo texto, para variar.
Belo e emocionante.
Que o teu medo respire as tuas palavras e se torne, assim, menos pesado.
Feliz 2007.
Obrigada, Aguinaldo. Feliz ano novo para todos nós.
Um abraço
O vínculo consistente nunca nos abandona. Nem a morte o dissolve. Bom lembrar disso, lendo seu texto. Feliz 2007!
ester, acredito que são essas relações as que valem a pena. feliz 2007 pra vc tb. um abraço
Tenho certeza que essas suas mães ternas , que saem uma da outra, vão te deixar boas memórias. Do medo, o tempo cuida. Feliz 2007, pra valer!!! Um beijo
Eu invejo essa sua capacidade de transformar esse seu amor...
Realmente é uma coisa que eu gostaria de poder fazer...
Belo texto.
Carina, desejo muita força pra vc enfrentar estas mudanças. Parabéns por conseguir expressar o medo de forma tão poética e pela honestidade em afirmar a rejeição sentida num primeiro momento.
Beijos
Claudia
Muito emocionada (com os olhos cheios d'água).
Pra essas horas é que serve a poesia, né? A literatura... as palavras... muito lindo o texto.
oi Karina
este amor lindo sentido vivido está em nós sempre, a cada ação percorrida, como tudo num fluxo, é a força de nossas vidas. Por isto a amor, deitar na cama com a mãe num momento de amor compartilhado, é o que nos torna vivas, dá sentido a vida e a morte e transcende qualquer explicação, tornando-se, inclusive, poesia.
Beijos grandes
Carina,
desculpe-me pela Karina, mas é automático o K pelo escritos diários com Karens
beijos
Minha querida amiga:
Soube hoje da morte de sua mãe.
Lamento profundamente. Dona Miriam era uma pessoa doce e bondosa ao extremo. Vou rezar por ela - e por você. O texto "Todas as minhas mães" deveria ser lido em praça pública. Impossível não admirar a grandeza e simplicidade de suas palavras. Se precisar de qualquer coisa, estarei sempre aqui.
Ola, Carina.
Eu soube pelo blog do Briguet a respeito de sua mae. Sinto muito. Voce foi uma das pessoas que mais me deu forca e esperancas quando eu soube do tumor no cerebro de minha mae. eu nem tenho palavras para dizer o quanto eu sinto muito por esse momento. Sei que nao eh facil e que nada do que eu possa dizer pode conforta-la. Quero que saiba que voce eh uma pessoa muito especial e que sua mae sempre estara presente em cada momento de sua vida, porque boa parte de sua formacao adveio dela entao todos os seus atos sempre terao um pouco dela. Desejo muita luz pra voce.
Soube da notícia pelo blog do Briguet, só quero dizer que sinto muito...
Carina, soube de tua mãe e gostaria de poder oferecer meu abraço. E, se as palavras ajudam, tenho certeza que parte de sua mãe está viva, no amor que bate em teu coração. Abraço, Stella Meneghel
Carina, eu também soube pelo blog do Briguet. Te desejo toda força e luz de Deus e que nunca te falte esse amor que você tão belamente descreveu neste post. Um beijo!!
Carina, minha linda, sua mãe vai viver sempre em você. Cada gesto seu de carinho com o Nicolas é uma repetição dos gestos dela para com você. Força, minha querida, e se precisar de um ombro amigo, estou a sua disposição.
Carina, quando li no blog do Paulo, lembrei deste seu tocante texto instantaneamente. De todo meu coração, sinto muito. Tenha o meu abraço.
Carina, não sei como acontece, mas sei que você vai sentir a presença de sua mãe em cada segundo da sua vida, em cada grande momento, em cada pequeno instante. Quando a gente se dá conta disso, não tem mais saudade. É só fechar os olhos e ela está ali, mais pertinho que nunca. E como isso é bom, amiga. Confie, sempre. Um beijo carinhoso. Ruth Meira
Eu queria agradecer pelo carinho de todos vocês. Obrigada mesmo. São palavras que me confortam. É bom lembrar que ela vive um pouco em mim. Eu sou a filha que mais se parece fisicamente com ela (meus irmãos sempre reclamam quando eu falo isso, mas é verdade). E eu espero que eu ainda descubra em mim muitos outros traços de minha mãe, que é a pessoa mais generosa que eu conheci. Todo o meu lado briguento vem do meu pai, não é da minha mãe. Ela era só amor.
Ruth, que bom ouvir que a presença dela vai estar comigo pra sempre. É o que eu mais quero.
Um grande beijo
Carina
Ca. Desde a primeira vez que li esse sensível e emocionante texto meus olhos se encheram de lágrimas e minha garganta doeu, principalmente porque eu acompanhava a progressão dos problemas de sua mãe, o modo como você e ela encaravam esses problemas, as dificuldades, lutas e esperanças. Eu entrei várias vezes no blog e li várias vezes esse mesmo post. Enquanto lia e silenciava... eu pasmava diante do que estava acontecendo, lamentava por ela e por você. E todas as vezes meus olhos se enchiam de lágrimas, assim como agora. Já te disse, querida amiga, enquanto acompanhei tudo... eu sinto muito mesmo. Sua mãe foi, é (e sempre será) admirável. E esse seu texto a homenageia de modo sublime. Um beijo.
Carina, também soube, tardiamente, pelo blog do Briguet. Um grande abraço e força. Pena não termos nos encotrado quando você estava aqui por Brasília. Mas o encontro em Ouro Preto serviu pra matar a saudade. Apesar de não termos sido tão próximos assim. Mas cada amigo de Londrina é, pra mim, um grande amigo. Abraço.
Marília, eu sei que vc esteve sempre por perto. Um beijo.
Paulinho, obrigada pela força. Ter voltado logo de Brasília me permitiu conviver mais perto de minha mãe nesses últimos meses. Isso só reforça a idéia de que foi muito bom ter voltado pra cá.
Nós ainda vamos nos encontrar nos congressos por aí afora, afinal, ainda acreditamos que coletivamente podemos melhorar a nossa profissão.
Um abraço
Ca,
já sabia, pela Karla, que vc tinha escrito um texto para a mamãe, mas confesso que não tinha tido coragem ainda de lê-lo, até que o fiz hj. Desde os dias passados no hospital eu reparava em nós, sete filhos, sete dores diferentes, mas não menos intensas. Senti tudo o que vc mencionou, a rejeição e - principalmente - as saudades. Sei que ela nunca foi uma mãe perfeita, o que nada significa, pois tb eu sempre passei longe de ser uma filha perfeita, mas o buraco que fica é imensurável. Fico agora só pensando no tempo, que passa rápido, muito rápido, e, ah, se a gente soubesse, que do natal, qdo pressentimos que algo estava muito errado, até aquela noite de segunda-feira, ia passar assim, num zás, não sei... o que teríamos feito? Sei que cada um de nós teve seu momento de despedida com ela, e agora o que nos resta é conviver com essa presença/ausência dela, lembrando dos gestos, da voz, da risada enquanto assistia "A feia mais bela", de sua entrega humilde no ritual da missa, da sua luta silenciosa contra a doença, da sua tranqüilidade diante de todas as dificuldades. Ah, mãe, que saudade! Êta nóis!!
beijo, com amor
Lucila
oi Cá, não consigo escrever nada, tanta emoção, bjs. lindona....Jr.
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