Hoje é aniversário do jornalista Pedro Livoratti. Uma das melhores notícias que ouvi foi da boca do Pedro, na rádio da UEL, quando ele anunciou a morte do deputado Aníbal Khoury. Embora a família deve ter sentido e sofrido com essa perda, considero que a morte dele, em 1999, foi bastante benéfica para o Paraná. Afinal, só mesmo morto para o cara largar o osso.
Ao ler ampla reportagem divulgada pelo jornal Gazeta do Povo - nas edições de ontem e hoje - vi que Aníbal Khoury deixou herdeiros. Num trabalho investigativo muito bem feito, a Gazeta aponta desvios milionários da Assembleia Legislativa, aparentemente comandados pelo diretor-geral da AL, Abib Miguel, indicado obviamente pelo velho amigo Aníbal.
São milhares de reais desviados para amigos, compadres e familiares de Bibinho - como carinhosamente o cara é chamado. A AL ainda não se pronunciou oficialmente sobre o que fazer com o "Bibinho", afinal, deve ser difícil mexer com o homem.
Os "Diários Secretos" revelados pela Gazeta mostram a vergonha da Assembleia do Paraná que publica edições avulsas do Diário Oficial, sem data, que nomeiam, desnomeias e fazem o que querem
Apesar de tudo - dos baixos salários e da constante tentativa de desvalorizar o trabalho dos jornalistas (como a decisão do STF de que qualquer um, sem nenhuma qualificação, pode exercer nossa profissão) - acredito que graças a essa reportagem é que alguma coisa será feita para impedir que essa quadrilhagem continue a agir na Assembleia do Paraná. Mas, devo confessar que, no fundo, no fundo, eu acredito que a publicação da investigação jornalística agora só foi possível com a morte do "Anibinho".
quinta-feira, março 18
domingo, março 14
sexta-feira, março 12
Uma notícia muito triste

quinta-feira, fevereiro 18
O avesso e o direito
Nem sempre eu mostro o meu avesso. No fundo, a gente só quer mesmo é mostrar o lado direito, sem nós, sem amarrações, sem pontas. Só o que é bom de se ver. Mas a gente conhece bem o nosso lado avesso, sabe quantos pontos tem que dar para que nada desate no lado direito.
O avesso às vezes é um emaranhado de sentimentos que tentamos alinhavar para que tudo faça sentido. E às vezes, mesmo com todo o nosso esforço, sabemos que o nosso direito não está assim tão direito, que é possível visualizar desordem e confusão.
E eu nem acho que o esforço é para manter as aparências, que queremos apenas mostrar para os outros o quanto somos “direitos”.
A tentativa de costurar, de não deixar pontas, é para nós mesmos, para não enlouquecermos. É sempre uma tentativa de mostrar a si mesmo que a vida é fácil de ser conduzida, basta manejar bem todas as agulhas.
***
Acabei de ler O Avesso e o Direito, de Albert Camus. Ele escreveu o livro aos 22 anos de idade. Faz um prefácio belíssimo em que coloca grandes angústias humanas. Sob um sol escaldante, li Camus dizer que a pobreza na Argélia, onde cresceu, pode ser pior para os operários de países frios. Eu também acho que a vida sob o clima quente é mais feliz do que num clima frio.
O avesso às vezes é um emaranhado de sentimentos que tentamos alinhavar para que tudo faça sentido. E às vezes, mesmo com todo o nosso esforço, sabemos que o nosso direito não está assim tão direito, que é possível visualizar desordem e confusão.
E eu nem acho que o esforço é para manter as aparências, que queremos apenas mostrar para os outros o quanto somos “direitos”.
A tentativa de costurar, de não deixar pontas, é para nós mesmos, para não enlouquecermos. É sempre uma tentativa de mostrar a si mesmo que a vida é fácil de ser conduzida, basta manejar bem todas as agulhas.
***
Acabei de ler O Avesso e o Direito, de Albert Camus. Ele escreveu o livro aos 22 anos de idade. Faz um prefácio belíssimo em que coloca grandes angústias humanas. Sob um sol escaldante, li Camus dizer que a pobreza na Argélia, onde cresceu, pode ser pior para os operários de países frios. Eu também acho que a vida sob o clima quente é mais feliz do que num clima frio.
quarta-feira, fevereiro 17
A vida....
Você fala que adora o calor até enfrentar temperaturas de 40ºC, com sensação térmica de 50ºC. Você pensa que os motoristas de ônibus de Brasília são loucos até conhecer os motoristas de ônibus do Rio. Até que aqueles de Brasília são educados...
Na sua estatística pessoal, os motoristas de táxi de modo geral são gente boa. Mas tem ali uns 10% que se puderem te passam a perna. Esses indicadores se invertem quando você toma táxi no Rio. Realmente ali há 10% de taxistas honestos.
Você tem um desejo secreto de comer biscoitos Globo, na praia. Por engano, compra biscoitos Extra e fica muito feliz com a aquisição. Quando percebe o erro e finalmente experimenta os originais, da marca Globo, conclui que bons mesmo são os Extra.
Seja no ponto de ônibus, na rodoviária, na padaria, na fila do aeroporto, há malas e mal-educados de todos os gêneros, idades e classes sociais.
Na sua estatística pessoal, os motoristas de táxi de modo geral são gente boa. Mas tem ali uns 10% que se puderem te passam a perna. Esses indicadores se invertem quando você toma táxi no Rio. Realmente ali há 10% de taxistas honestos.
Você tem um desejo secreto de comer biscoitos Globo, na praia. Por engano, compra biscoitos Extra e fica muito feliz com a aquisição. Quando percebe o erro e finalmente experimenta os originais, da marca Globo, conclui que bons mesmo são os Extra.
Seja no ponto de ônibus, na rodoviária, na padaria, na fila do aeroporto, há malas e mal-educados de todos os gêneros, idades e classes sociais.
quarta-feira, fevereiro 10
Para se casar com um jornalista
Recebi de uma amiga um link para um blog de Ariane Fonseca que apresenta 40 motivos para se casar com um jornalista. Nós, jornalistas, estamos mal, hein? Pô, precisamos de pelo menos 40 motivos para convencer alguém de que valemos a pena...
E tem alguns ali bem inverossímeis. O motivo 19, por exemplo: "Como trabalham muito, não têm tempo para beber demais, fumar, se envolver com drogas… Você terá um companheiro saudável". Realmente, nós jornalistas somos muito saudáveis...
Já o de número 3 é bem verdade: "Eles não ganham bem, mas isso é bom porque vocês podem aprender a economizar dinheiro". Daí a achar que isso é vantagem... é muito boa vontade.
E tem alguns ali bem inverossímeis. O motivo 19, por exemplo: "Como trabalham muito, não têm tempo para beber demais, fumar, se envolver com drogas… Você terá um companheiro saudável". Realmente, nós jornalistas somos muito saudáveis...
Já o de número 3 é bem verdade: "Eles não ganham bem, mas isso é bom porque vocês podem aprender a economizar dinheiro". Daí a achar que isso é vantagem... é muito boa vontade.
Dói mesmo é apanhar!
Não nos conhecemos em toda a nossa profundidade. Assimilamos conhecimentos e sensações que nos moldam, mas de fato não sabemos quem somos. Às vezes levamos pauladas e nem sempre reagimos com pauladas. O corpo assimila essas marcas. Mesmo pauladas que não são físicas atingem o nosso corpo físico. Ele também se ressente. E devolve, seja em dores, em crises alérgicas, em falta de apetite. Ou então deixa lá essas dores guardadinhas, bem apertadas, que acabam refletindo em outros lugares e nem nos damos conta de tudo o que está por trás – ou por baixo – de cada ação e reação. Nossa! Difícil, hein?
segunda-feira, fevereiro 1
A casa queimada
Era sábado, mas ela havia trabalhado o dia todo. Combinaram de se encontrar no final da tarde. Era outono. Com cara de outono. Foram caminhando até o bar. O mesmo onde se conheceram.
No caminho, uma casa queimada. Em pé, mas toda queimada. Ele estava sereno e seguro. Havia pensado o dia todo.
No bar, a comunicação: estava tudo terminado. Assim, sereno e seguro. Ela, com vontade de chorar. Achou mesmo que nos últimos dias ele andava muito sereno e seguro. E distante. Ela não ia chorar ali, na frente dele. Não combinava com ela. Chamou um táxi.
No caminho, já não conseguia mais segurar as lágrimas. Em casa, ainda era cedo. Mesmo assim resolveu ir pra cama. Tinha que trabalhar cedo no dia seguinte, um domingo. Então era melhor dormir.
No caminho, uma casa queimada. Em pé, mas toda queimada. Ele estava sereno e seguro. Havia pensado o dia todo.
No bar, a comunicação: estava tudo terminado. Assim, sereno e seguro. Ela, com vontade de chorar. Achou mesmo que nos últimos dias ele andava muito sereno e seguro. E distante. Ela não ia chorar ali, na frente dele. Não combinava com ela. Chamou um táxi.
No caminho, já não conseguia mais segurar as lágrimas. Em casa, ainda era cedo. Mesmo assim resolveu ir pra cama. Tinha que trabalhar cedo no dia seguinte, um domingo. Então era melhor dormir.
sexta-feira, janeiro 15
O Haiti
Foto de Alice Smeets, vencedora do prêmio Unicef em 2008.
http://www.bbc.co.uk/blogs/portuguese/2010/01/para_o_haiti_a_gota_dagua.shtml relata um pouco dessa história. História, aliás, a mesma que os europeus repetiram nos países africanos, sul-americanos e em todos os cantos do mundo. Esses caras se acham mesmo superiores. Eles vem, exploram todas as nossas riquezas, constroem maravilhas em suas terras e depois impedem a entrada de cidadãos que não sejam europeus. Cito uma amiga que cita outra pessoa que não lembro: eles são mesmo superiores - em crueldade!
quarta-feira, janeiro 13
A velhice
A gente ri da falta de noção das crianças em relação à idade das pessoas. Mas quando eu tinha 18 anos eu lembro que fiz um comentário sobre os 50 anos de meu pai: “Nossa, como ele está velho! Meio século de vida é muuuito tempo”. E acho que a falta de noção do tempo nos acompanha por toda a vida.
Acho que a velhice é algo externo a nós, ou melhor, acho que a velhice é física. Não temos mais a mesma disposição para sair correndo por aí, brincando de pega-pega. Nem para alguns programas noturnos. (Na verdade, eu acho que desde a tenra idade nunca tive essa disposição...) e nem tudo nos cai bem no estômago.
O espelho nos mostra rugas de expressão que não mais se desmancham... Sentimos no corpo a velhice. Mas no íntimo não nos sentimos velhos. Não estou falando daquela resistência em assumir compromissos como se fôssemos adolescentes. Digo que a cabeça não constata: “Estou velho. Penso como um velho!” Por isso digo que a velhice é externa; olhamos o outro e dizemos: “Como está velho!” Dizemos isso porque só podemos ver a carcaça e nunca dentro do outro.
Fora a limitação física, nossos pensamentos continuam sempre vívidos e frescos. Isso é legal. E o tempo nós dá mais repertório, mais referências que podem deixar nossos pensamentos mais legais. Não acho que a ranzinzice seja característica da velhice. Acredito que há crianças, adolescentes e adultos ranzinzas. E o passar do tempo nos iguala. Até existem procedimentos estéticos que podem adiar os sinais do tempo, mas nada apaga tudo o que você viveu, ano a ano. Nada faz voltar o tempo e as escolhas que fazemos e que são determinantes para o que somos hoje. Feliz aniversário para mim!
Acho que a velhice é algo externo a nós, ou melhor, acho que a velhice é física. Não temos mais a mesma disposição para sair correndo por aí, brincando de pega-pega. Nem para alguns programas noturnos. (Na verdade, eu acho que desde a tenra idade nunca tive essa disposição...) e nem tudo nos cai bem no estômago.
O espelho nos mostra rugas de expressão que não mais se desmancham... Sentimos no corpo a velhice. Mas no íntimo não nos sentimos velhos. Não estou falando daquela resistência em assumir compromissos como se fôssemos adolescentes. Digo que a cabeça não constata: “Estou velho. Penso como um velho!” Por isso digo que a velhice é externa; olhamos o outro e dizemos: “Como está velho!” Dizemos isso porque só podemos ver a carcaça e nunca dentro do outro.
Fora a limitação física, nossos pensamentos continuam sempre vívidos e frescos. Isso é legal. E o tempo nós dá mais repertório, mais referências que podem deixar nossos pensamentos mais legais. Não acho que a ranzinzice seja característica da velhice. Acredito que há crianças, adolescentes e adultos ranzinzas. E o passar do tempo nos iguala. Até existem procedimentos estéticos que podem adiar os sinais do tempo, mas nada apaga tudo o que você viveu, ano a ano. Nada faz voltar o tempo e as escolhas que fazemos e que são determinantes para o que somos hoje. Feliz aniversário para mim!
quarta-feira, janeiro 6
Esperança
O meu primeiro texto de 2010 quer falar de esperança, apesar das tragédias ocorridas dias atrás.
Em dezembro, li na Folha de S. Paulo uma entrevista com o cineasta português Manoel de Oliveira, de quem nunca ouvira falar.
Ele concedeu a entrevista às vésperas de completar 101 anos. O primeiro filme de sua vida - um curta - foi lançado em 1931; mas foi aos 70 anos de idade, em 1978, que ele começou a sua principal fase artística.
A morte não o assusta. Ele diz que sente uma certa melancolia por ter visto tanta gente querida desaparecer: os pais, os irmaõs e os amigos. "Não tenho nenhum amigo da minha idade que diga: 'Ó, rapaz, lembra-se de quando tínhamos 17 anos e tal...' É uma melancolia muito forte".
Manoel de Oliveira é casado há 70 anos com dona Maria Isabel. E conta que cada um torce para que o outro morra primeiro só para garantir que alguém irá lhe fazer companhia no enterro.
Ah, o motivo da entrevista é o lançamento de seu último filme, "Singularidades de uma rapariga loura", baseado num conto de Eça de Queiroz e que ainda não chegou ao Brasil.
Eu não sei se este é um texto de esperança, mas gostei do cara. É inspirador.
Em dezembro, li na Folha de S. Paulo uma entrevista com o cineasta português Manoel de Oliveira, de quem nunca ouvira falar.
Ele concedeu a entrevista às vésperas de completar 101 anos. O primeiro filme de sua vida - um curta - foi lançado em 1931; mas foi aos 70 anos de idade, em 1978, que ele começou a sua principal fase artística.
A morte não o assusta. Ele diz que sente uma certa melancolia por ter visto tanta gente querida desaparecer: os pais, os irmaõs e os amigos. "Não tenho nenhum amigo da minha idade que diga: 'Ó, rapaz, lembra-se de quando tínhamos 17 anos e tal...' É uma melancolia muito forte".
Manoel de Oliveira é casado há 70 anos com dona Maria Isabel. E conta que cada um torce para que o outro morra primeiro só para garantir que alguém irá lhe fazer companhia no enterro.
Ah, o motivo da entrevista é o lançamento de seu último filme, "Singularidades de uma rapariga loura", baseado num conto de Eça de Queiroz e que ainda não chegou ao Brasil.
Eu não sei se este é um texto de esperança, mas gostei do cara. É inspirador.
terça-feira, dezembro 22
Please, stop!
Meu nome é cansaço! Eu tento diminuir o ritmo de trabalho, mas a demanda é incrível. Não parece que estamos a poucos dias de acabar o ano. Para mim, esse período que antecede o Natal e a passagem do ano pede naturalmente uma pausa, mas não tem sido assim. Por isso eu amo entrar em férias em janeiro. Infelizmente não vou poder fazer isso agora. Será que eu vou aguentar?
quarta-feira, dezembro 9
CANÇÕES DO ESTÚDIO REALIDADE, com Rodrigo Garcia Lopes, domingo

Texto do blog do Rodrigo (http://estudiorealidade.blogspot.com) - Foto: Carlos Bozelli
O poeta, cantor, violonista e compositor Rodrigo Garcia Lopes apresenta, neste domingo, às 22 horas, dentro da programação do Cabarezinho, na Vila Cultural Cemitério de Automóveis, o show Canções do Estúdio Realidade. No espetáculo, músicas inéditas, como "Fugaz", "Quaderna", "Vertigem", "New York", "Betty Blue" e outras que farão farão parte de seu próximo disco, a ser gravado em 2010.
Acompanhado de Eduardo Batistella (bateria) e Marco Scolari (teclados, acordeon), Rodrigo (voz e violão) também tocará canções de seu primeiro CD, Polivox, firmando um diálogo entre a canção brasileira e experimentos sonoros e ritmos como blues, jazz e funk, que tem sido a marca de seu trabalho.
O show traz também uma variedade de estilos musicais como o flamenco ("Paradoxos do Tempo", reggae (“Ruído do Vidro”), e funk em (“Clique, Plugue, Ligue”), rap ("New York"), comprovando a capacidade absortiva e antropofágica da música brasileira contemporânea, bem como a força da música produzida em Londrina.
Como escreveu o cantor e compositor Vitor Ramil, um dos maiores artistas da musica brasileira contemporânea,: "Rodrigo Garcia Lopes, autor de Polivox, é mesmo um cara de muitas vozes. Vozes dele, vozes de outros. Não é toda a hora que se encontra gente múltipla assim, que escreve poesia e ensaios, faz entrevistas, toca violão, compõe, canta. Tudo bem feito, claro. Para o público em geral, ávido de cultura, uma personalidade criativa e livre dessas por perto, nesta época de especializações, de nichos de mercado, de repetições e limitações, é motivo para comemorar".
Conheça algumas músicas do show no Myspace: http://www.myspace.com/ogirdor2009
Canções do Estúdio Realidade
Rodrigo Garcia Lopes (voz, violão)
Eduardo Batistella (bateria)
Marco Scolari (teclados, acordeon e efeitos eletrônicos).
Dia 13 de dezembro - 22 horas
Vila Cultural Cemitério de Automóveis
R. João Pessoa, 103, Londrina (PR)
Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00
terça-feira, novembro 24
Control Z
Uma das funções mais úteis do computador, na minha opinião, é a que permite você retornar ao passo anterior: o Control Z. De vez em quando eu queria que a vida também tivesse um Control Z para apagar algumas frases mal-ditas ou rever algumas ações impensadas.
segunda-feira, novembro 23
Mãos de cebola
Minhas mãos nunca se pareceram com as da minha mãe. Ela sempre teve mãos bonitas. As minhas não são bonitas, mas me são bastante úteis. Eu gosto delas. Hoje elas me fizeram lembrar das mãos da minha mãe. É que estavam cheirando a tempero. E fiquei com saudades da minha mãe, de suas mãos e da sua comida.
quarta-feira, novembro 18
Estilingadas
já fui adepta do estilingue e devo ter causado pequenos machucados
quando me lembro das pequenas dores que provoquei
às vezes me penalizo e sofro como se o machucado fora em mim
isso acontece quando vejo que a vítima de minhas lanças também era alvo de meu amor
outras vezes me parece que minha estilingada tinha motivo justo
e me parece mais como uma malcriação
se pudesse voltar no tempo acho que eu mostraria apenas a língua
terça-feira, outubro 27
Carro novo
Sonhei que tinha trocado de carro. Como não entendo de carros, não sei que carro era, mas era bonito e bem melhor que o meu. Eu estava feliz no sonho! E eu sabia que o carro tinha custado 30 mil. Eu dei o meu, valendo 15 contos, e financiei o resto. Quando acordei, pensei: Putz, que pobreza! Nem no sonho eu consigo comprar um carro à vista...
segunda-feira, outubro 19
Às armas!
A opção pela luta armada por um grupo de jovens alemães, na década de 1960, é o tema do filme O grupo Baader-Meinhof, baseado em história real. Baader-Meinhof é como ficou conhecida a Facção Exército Vermelho (RAF), organização de esquerda que partiu para atos de terror na Alemanha para protestar contra o capitalismo, o imperialismo norte-americano, guerra no Vietnã e todas as justas causas então em pauta.
Andreas Baader era um dos líderes guerrilheiros e Ulrik Meinhof, uma jornalista que se envolveu com o plano de fuga de Baader. Ela conseguiu autorização para entrevistar Baader fora da prisão e facilitou a sua fuga. Por isso, Ulrik passou a ser procurada pela polícia também como liderança do RAF.
Em alguns momentos do filme, o jovem Baader se comporta como um menino mimado que não aceita ser contrariado. Algumas vezes, os rebeldes parecem filhinhos de papai que se divertem roubando carros e dando tiros para o alto. Depois, entram numa espiral de violência que não tem mais volta. Eles passam a corresponder à imagem de violentos retratada pela mídia.
A impressão que eu tenho é que quando se lança mão da violência – sejam as guerras oficiais, as guerrilhas urbanas, as execuções de traficantes por parte da polícia, as brigas de trânsito e as brigas domésticas – turva-se o caminho e não se alcança o objetivo. A violência nunca é razoável, embora haja momentos em que nos parecem que é o único caminho.
A namorada de Baarden, Gudrun Ensslin, justifica o uso da violência dizendo que é a única resposta para a violência do Estado. Ela ainda lembra que os alemães sempre serão cobrados por terem se mantidos passivos diante do nazismo e, portanto, era preciso reagir diante de tantas situações de opressão.
Depois de provocar muitas mortes e atentados, os integrantes do RAF foram mortos ou capturados pela polícia. Os líderes permanecem mais tempo na prisão à espera de julgamento. Numa de suas falas para se defender, a jornalista Ulrik diz que o incêndio de um carro é um crime, o incêndio de vários carros é um ato político.
Ulrik era quem redigia os manifestos do grupo. Gudrun ridicularizava a jornalista porque seus escritos eram apenas discursos; os atentados eram ações de fato. No entanto, nem as ações nem os discursos produziram os efeitos revolucionários que eles pretendiam.
Antes de terminado o julgamento, Ulrik foi encontrada morta em sua cela. A versão da polícia foi de que ela se suicidou. Os três líderes que ainda amargavam a prisão acusaram o Estado por assassinato. Numa tentativa de libertá-los, outros integrantes da Facção chegaram a sequestrar um líder empresarial alemão e um avião com 86 passageiros. Não surtiu efeito.
Nas últimas cenas do filme, os três líderes aparecem mortos em suas celas. A versão oficial novamente é de suicídio. Mas eu entendi que eles foram mortos pela própria Facção, a quem não interessava mais gastar munição para salvar três ícones. A luta pela Revolução era maior do que as vidas de seus líderes.
terça-feira, outubro 13
Que sono!!
Esse hábito de dormir após o almoço me acompanha desde os primórdios. É claro que agora não disponho mais da tarde toda. Pelo menos 15 minutos já me ajudam. Eu até coloco despertador para acordar porque eu apago de fato.
Eu pensava que Morfeu fosse o deus do sono, mas ele é o deus do sonho. O pai de Morfeu, Hipnos, é o deus do sono, na mitologia grega. Eu sou praticamente uma Hipnas porque sofro de uma espécie de sono crônico. O meu estado normal é ter sono.
Sou capaz de dormir no meio de uma festa, haja o barulho que houver. Isso virou piada entre amigos em Brasília. Era muito comum, enquanto a festa rolava solta na casa de alguém, eu dormir no sofá por uns 40 minutos. Aí eu acordava e continuava na festa.
É algo incontrolável. Quando vou para a cama dormir, em menos de um minuto estou em sono profundo. Se eu viajo de ônibus à noite, as primeiras balançadas já me fazem dormir, antes mesmo de o ônibus deixar a cidade.
Se eu estou num bar, numa festa, ou em qualquer reunião social à noite, e o meu sono comparece – aliás, ele nunca falha – eu vou ficando quieta, calada e muda. Os mais chegados começam a rir porque já sabem que não há remédio. Só a cama. Ou melhor, não é preciso cama, não; para dormir, eu só preciso fechar os olhos.
segunda-feira, agosto 10
O vento

Quando o dia clareia, parece que tive pesadelos a noite toda. Confiro novamente a janela. Vejo que o cavalinho vermelho do play-ground foi parar na quadra de esportes. Fico com dó do cavalinho. Separou-se dos irmãos e está ali, jogado, sozinho.
Na área de serviço, recolho as toalhas de banho esticadas no varal. Todas sequinhas. Apanharam do vento a noite toda. Recolho uma por uma e penso o que foi que o vento tanto gritou durante a noite. Imagino que as palavras do vento estão escondidas na trama das toalhas e nunca entenderei seu significado.
Fico pensando o que a natureza pode querer me dizer: que eu varra com a força dos ventos o que me faz mal? Seja lá o que for, a única mensagem compreensível é que está muito frio lá fora e é melhor eu me agasalhar
Assinar:
Postagens (Atom)